Capítulo 9.

20 8 10
                                    

Valentina Zenere.

— Tudo bem, vamos até lá então.

Comentei ao concordar com ele o acompanhando até seu escritório, que assim que entramos ele encostou a porta, agora estamos sozinhos, podendo ter uma conversa melhor.

Fiquei em silêncio por um bom tempo depois disso, eu sabia bem o que "isso" significava e sabia mais do que qualquer coisa que isso não era um conto de fadas. Provavelmente iria acabar muito mal e só um de nós sairia bem dessa situação, e no momento eu não sabia bem se eu estava me colocando como prioridade ou se estava colocando ele como prioridade.

— A verdade é que... isso não foi planejado

Respirei fundo e desviei o olhar para o chão, já tinha muita coisa errada acontecendo e a todo momento eu me sentia observada dentro daquela igreja, talvez fosse as imagens grandes e os desenhos espalhados pelo lugar.

— Eu não queria te encontrar de novo, não queria depois de tudo que você fez. Mas eu me mudei pra cá porque tinha oportunidades boas de trabalho, e então pediram para eu fazer algo pra essa igreja e... por acaso alguém falou sobre você.

Expliquei me afastando um pouco, talvez nem ele quisesse ficar perto de mim depois disso. Dá verdade.

— Então eu tive a brilhante ideia de vir aqui e me vingar de você por toda aquela humilhação, mas as coisas mudaram e eu não tinha ideia de que ainda existia esses... sentimentos. Talvez eu me apaixonei de forma errada.

Uma risada sem humor acabou escapando quando finalmente tomei coragem voltei a encarar o mesmo, no momento eu estava tão nervosa que nem mesmo conseguia ler suas reações.

— Antes de você mandar eu ir em bora... Pode só me dizer porque não me rejeitou de novo? Porque me deixou eu fazer todas essas coisas se sabe que é tão errado pra você?

Shawn Mendes.

Comecei a ouví-la e encostei em minha mesa, cruzando meus braços enquanto a ouvia atentamente.
Com toda a certeza que havia dentro de mim, se eu pudesse mudar o que havia feito no passado com ela, teria feito. Não imaginava o estrago que tinha feito nela.
Se contar que foi uma humilhação, Deus, eu realmente não merecia estar onde estava atualmente.

Pensei em mais uma vez pedir perdão, porém me concentrei em sua história e suspirei ao ouvir que provavelmente ainda estava apaixonada. Deus, Valentina de todos os homens do mundo, ou até mesmo da nossa antiga escola, que ela poderia se apaixonar, aconteceu logo por mim. Eu não diria que eu era alguém fácil de se apaixonar, na real ninguém — sem contar com Valentina, claro — havia se apaixonado por mim, ao menos nunca me disseram nem fiquei sabendo.

Realmente ela havia um trabalho, o que não seria muito justo de minha parte de me desfazer de seus serviço, seria egoísmo pedir para que ela deixe o serviço, afinal, ela precisaria do dinheiro já que ninguém sobrevive de luz.
Mordi meu lábio e franzi o cenho, eu nem ao menos conseguia dirigir meu olhar para a loira, talvez estivesse sem jeito, talvez sem querer ver a dor que poderia estar causando nela.

Sua pergunta fez-me encará-la. Fiz uma expressão um pouco surpresa para a garota. Não pensaria que perguntaria isso, para ser sincero nem ao menos eu pensei nisso. Apenas passei a língua entre meus lábios enquanto pensava em uma resposta que fosse, no mínimo, sincera.

— Para ser bem sincero, eu sou um ser humano como qualquer outro, tenho algumas restrições em minha vida e as cumpro fielmente, mas não tenho controle sobre outras coisas em mim, como o que sinto. Eu te desejo, eu seria louco se não desejasse, talvez por isso te quero tão longe, não conseguiria me controlar perto de você todos os dias. Se soubesse como uso toda a força que tenho e não tenho para não fazer algo terrível, para mim, com você. Provavelmente sairia satisfeita com isso. Eu te desejo, bastante aliás, mas não é algo para mim, eu não posso abrir mão do que sempre quis. Como também tenho certeza que você não quer perder a oportunidade de conhecer um cara que possa te dar tudo que você queira, para estar atrás de alguém que nunca vai ter nada.

Falei a olhando. Algo em mim não gostava da ideia dela estar um dia com outro homem, algo em mim dizia que ela era minha, mas tentava ignorar isso. Não podia pensar naquilo demais, não podia mesmo.

Valentina Zenere.

  Eu não sabia exatamente como interpretar a última fala dele, não sabia se era só algo bom ou ruim eu estar ali e no momento eu não queria realmente saber agora. Não queria me decepcionar mais do que já estava, e eu nem mesmo podia culpar ele porque no final a vilã da história era eu.

— Eu.. eu sinto muito, Shawn.

   A verdade é que eu tinha duvidado dele por um bom tempo, achava que tudo isso era só uma farsa pra conseguir dinheiro fácil mas não era. Ele ainda era uma das poucas pessoas boas que existia, que talvez tivesse algo puro dentro de si. Eu não sabia o que era conhecer alguém assim faz anos, e não tinha certeza se realmente tinha conhecido.

— Pensei que você era só uma mentira como todos os outros, mas não é. E eu acho que estraguei isso.

   E não era essa a intenção? Dês do começo fazer ele se sentir mal era o que eu mais sonhava.. mas agora não era bem assim. Eu me sentia tão arrependida por tudo que simplesmente não conseguia nem colocar em palavras.

— Se quiser que eu vá embora, eu vou sem precisar pedir duas vezes. Mas se você quiser que eu fique, e talvez aprender que isso não é.. um pecado. Então também vai ser um prazer ficar.

   Dei as duas opções pra ele e decidi parar de fazer perguntas, perguntas não nos levariam a lugar nenhum. Era uma situação extremamente complicada e a única coisa que provavelmente curaria isso é o tempo, mas dizer que eu queria me afastar seria uma grande mentira. Mais do que tudo eu gostaria de ficar por perto e recompensar todos aqueles anos perdidos.

Shawn Mendes.

Um sorriso forçado saiu de meus lábios, imaginava o porquê. Uma pessoa que a empurrou após uma declaração provavelmente não era bem vista, então podia a atender.
Um suspiro saiu de meus lábios, ela pensava que eu poderia ser do tipo corrupto. Eu jamais usaria o que sou para ter uma imagem de puro e no fundo ser corrupto. Jamais seria assim e odiava quem era, havia conhecido muitos assim, aliás.

Ouvi o que disse e concordei com a cabeça. Podia pensar em qualquer opção, para falar a verdade nem deveria pensar em uma segunda opção. Claro que deveria pedir para que ela fosse embora e me deixasse, deveria sim, mas meu peito gritava a outra opção. Por que era tão errado eu ter algo com outra pessoa enquanto as outras pessoas poderiam. Não era um pecado eu gostar de alguém, era?

Não que eu gostasse de Valentina, eu sentia algo, é claro, não sabia bem o que era mas sentia. Deus poderia entender isso, certo?

— Se eu pedir para ficar, promete que não vai ficar tentando me beijar ou se aproximar enquanto estivermos em  público? E fora da igreja... Isso conta em todas as partes da igreja, inclusive o quarto que tem aqui. Não quero fazer nada que os outros possam notar.

Falei a olhando, eu não queria me afastar dela, não tinha ideia do que estava fazendo, mas de alguma forma tê-la por perto me deixava bem, bem o suficiente para não ter medo de me entregar o mínino á ela.

Amargo PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora