Capítulo 40

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Pov Vovó Rose:

Chego em casa por volta das 8:30 da manhã, deixo minhas coisas na sala e vou fazer um lanche. Pensei em dar uma olhada nas meninas para ver se elas estavam bem. Subi em direção ao quarto da Cheryl e vi que a porta estava aberta.

Ao entrar, vi que ela estava sozinha e que tinha dormido com as roupas que estava usando na noite passada, fiquei meio confusa e preocupada. Decidi acordá-la para entender o que estava acontecendo.

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-Vovó Rose: Cheryl... Cheryl meu anjinho!

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Cutuquei ela algumas vezes enquanto a chamava, até que seus olhos se abriram, mas não viraram-se pra mim. Pelo contrário, ela enfiou a cara no travesseiro sem dizer uma única palavra.

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Pov Cheryl:

Minha vó me acordou, eu só queria que a noite passada tivesse sido apenas um pesadelo e que quando eu acordasse Toni estivesse comigo.

Mas infelizmente, era real, eu estava com os olhos ardendo e um aperto no peito que ainda não havia passado...
Não tive coragem de encarar minha vó, não queria ter que explicar o motivo do meu estado. E eu sabia que ela iria perguntar.

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-Vovó Rose: o que aconteceu Cheryl? Fala comigo.

-Cheryl: não foi nada vó...

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A vontade de chorar retornou ao meu corpo, - se é que ela havia saído em algum momento - ao lembrar das cenas da noite anterior.
Aquilo doía tanto... doía muito! E eu não fazia ideia de como estava apegada a Toni até ouví-la falando aquilo com seu olhar de raiva pra mim. Uma lembrança que partia cada vez mais o meu coração...

Minha vó deitou do meu lado. Sabia que ela não iria desistir, mas eu só queria ficar sozinha.
Não queria dar explicações e muito menos desabar na frente dela.

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-Vovó Rose: fala pra sua vó, o que aconteceu criança...?

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Eu estava incapacitada de falar. Olhei pra minha vó quase chorando de novo e ela me abraçou.

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-Cheryl: a Toni foi embora vó...

-Vovó Rose: vocês brigaram? Por isso está assim?

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Eu não sabia o que dizer, porque pra explicar o motivo da briga, teria que contar a ela uma coisa antes.

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-Cheryl: vó...

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Falei enquanto enxugava o rosto, tentando mandar as lágrimas pra longe.

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-Cheryl: preciso te contar uma coisa...

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O medo me fez ter vontade de recuar, mas ai lembrei de tudo o que a Toni tinha jogado na minha cara. Eu precisava fazer isso, por mim e por ela também.

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-Vovó Rose: diga...

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Me sentei na cama de frente pra ela, que fez o mesmo. E respirando fundo, tomei coragem.

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-Cheryl: vó, eu e Toni... A gente, estava ficando...

-Vovó Rose: como assim Cheryl? Vocês estavam namorando?

-Cheryl: namorando não vó, ficando. A gente estava se conhecendo ainda... sabe?

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Minha vó ficou calada, encarando a parede. Não conseguia imaginar o que passava pela cabeça dela, mas esperava que entendesse e me apoiasse. Ela nunca soube do meu primeiro namoro, então pra ela devia ser estranho.

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-Cheryl: vó?

-Vovó Rose: por que não me disse antes Cheryl?

-Cheryl: eu sei, desculpa... Por favor não briga comigo! Não preciso de mais uma pessoa com raiva de mim.

-Vovó Rose: por que eu brigaria com você?

-Cheryl: você não está... sei lá, brava?

-Vovó Rose: claro que não, eu via o quanto aquela menina te fazia bem, te alegrava...

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Pronto, olha as lágrimas aqui de novo.
Abaixei a cabeça, agradecendo por ela ter entendido, e deixando as lágrimas escorreram. Tudo isso poderia ter sido resolvido tão mais fácilmente se eu não tivesse sido uma covarde...
Toni estaria aqui agora, por exemplo.

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-Vovó Rose: e qual foi o motivo da briga de vocês?

-Cheryl: eu prometi pra Toni que iria te contar, mas não contei. Ela ficou chateada, disse que eu estava usando ela...

-Vovó Rose: ela devia ter se decepcionado, por algum outro motivo também. Mas não se preocupe, logo você se resolvem.

-Cheryl: não sei não vó... Ela saiu daqui com muita raiva de mim. Não quis nem ficar com o colar. Acho que eu a perdi vó...

-Vovó Rose: não perdeu não Cheryl. Amanhã na escola vocês vão resolver isso.

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Me deitei de novo puxando as coberta por cima da cabeça. Minha vó saiu, mas voltou para o meu quarto, minutos depois.

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-Vovó Rose: Cheryl.

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Ela apareceu com uma bandeja nas mão, tinha um sanduiche e uma xícara de café.

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-Vovó Rose: precisa comer alguma coisa filha.

-Cheryl: obrigada vó, mas eu não tô com fome.

-Vovó Rose: vai comer sim, nem que seja só um pouquinho.

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Ela deixou a bandeja do meu lado, me deu um beijo e saiu. Não protestei, pois sabia que ela tinha que descansar depois de passar a noite no hospital.
A ideia de que tudo isso poderia ter sido evitado estava me remoendo. Não sabia se deveria ir atrás de Toni, se deveria ligar... ela disse que se cansou de mim, não posso forçá-la a me ter por perto.

Fiz o que minha vó pediu, consegui comer o sanduíche, mas não terminei o café. Inúmeras vezes eu me perdia em meus pensamento, e todos remetiam aquela noite dos horrores.

Eu só queria passar um tempinho com Toni, ter mais uma noite só nossa. Mas estraguei tudo. Não sei o que fazer, se é que tem algo que eu possa fazer.

Peguei o celular muitas e muitas vezes.
Queria mandar mensagem pra ela, mas depois de escrever e apagar, escrever e apagar... Vi que não sabia o que dizer, então, desisti.
Passei praticamente a tarde inteira deitada, não tinha vontade de me mover.

Só levantei para trocar de roupa e tomar um banho. Me assustei quando vi Olive entrando pela porta do quarto e pulando em cima da cama.

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-Cheryl: Olive? O que faz aqui? Vovó te deixou entrar?

-Vovó Rose: deixei, ela vai te fazer companhia. Está melhor?

-Cheryl: não sei, mas vou ficar vó. Não se preocupe.

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Ela saiu de novo, o bom é que ela entende quando me deixar sozinha sem eu ter que ser grossa de pedir.
Agora tinha Olive, pra me distrair um pouco.

Vi pela janela do quarto que o tempo estava fechando, parecia que ia chover. Ironicamente, o tempo combinava perfeitamente com o meu humor.

Até meu último suspiro... - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora