Capítulo XIII

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Ana tinha os olhos atentos à mulher faladora à frente dela. Ela ouvia o que a moça dizia. O problema estava na percepção.

Ela não entendia nada além de "O Velho Testamento" é uma aliança e "O Novo Testamento" é outra aliança. Há uma semana começara a assistir às aulas de Teologia e Estudo Bíblico básico, todavia, a sua visão sobre a Bíblia e consequentemente sobre Deus, estava mais confusa do que nunca.

A instrutora até era paciente e tentava fazer-se entender, porém, não era entendida; pelo menos não por Ana.

— Ana Maria, pode me dizer a diferença entre a aliança feita no Velho Testamento com a do Novo? — Questionou Jéssica, na esperança de obter alguma resposta positiva da garota, tendo em conta a sua falta de interesse no aprendizado.

Ana permaneceu em silêncio absoluto. O que ia dizer?

Não sabia a resposta. Ela sabia o que aprendera com o pai e com os anos de escola dominical. O problema estava na explicação que ela não conseguia transmitir, talvez porque não acreditasse por completo, ou só porque verbalizar significava interesse em reter informação.

— Ana, quer dizer alguma coisa? — Ela repitiu mais esperançosa que a primeira vez. Jéssica tinha no rosto um olhar suplicante, seria uma vitória Ana responder à sua pergunta. No entanto, ela preferiu ficar quieta. — Alguém sabe a resposta? — Lançou decepcionada, olhando cada um dos seus aprendizes. Todos pareciam com vontade de falar e demonstrar à professora que haviam aprendido realmente. — Adão, você quer tentar? — Perguntou sem ânimo.

— Claro! — O garoto falou entusiasmado, já que havia respondido à mesma pergunta um milhão de vezes. Ele era da turma avançada, decidiu participar nas aulas básicas para que a amiga não se desmotivasse, ele só não sabia se daria muito certo. — O Velho Testamento, simboliza a aliança que Deus fez com Abraão, e consequentemente, com toda a nação Israelita. Tem como sinal a circuncisão. E o novo, simboliza o pacto que Deus fez com a humanidade, e tem como sinal "a morte e ressurreição de Jesus, o Cristo".

— Brilhante, Adão! Fico confusa do porquê continuar assistindo as minhas aulas se está tão avançado. — Ela perguntou com "muita" ironia na voz, o que provocou uma série de risos por parte de alguns alunos.

— É que eu quero que a Ana se sinta motivada para continuar aparecendo. — Ele proferiu sem exitar. Ana queria desaparecer de tão envergonhada que estava. E o pior é que as pessoas olhavam analisadoramente para ela.

— E a Ana Maria por acaso é alguma bebé que precisa de doce para fazer alguma coisa?— Alana questionou sarcástica, sua voz tinha uma pitada de malícia como se quisesse dizer mais do que o disse. — Que disperdício de tempo. Sinceramente, eu ficava na minha casa, não sou babá de ninguém! — Alana roía as unhas insensibilizada.

— Não! Mas eu gosto de a motivar por sermos amigos, sabe? É que os amigos de verdade sempre fazem coisas uns pelos outros. — Adão olhou carinhosamente para amiga que já estava mais do que envergonhada com a atenção virada para si. Ele transmitia segurança para ela só de sorrir. — Mas você ainda não está preparada para essa conversa, não é mesmo, Alana?

— Desde quando é que a ratinha tem amigos? — Ela provocou sem pudor. Desde a repreensão do professor no corredor que ela não se atrevia a lhe incomodar novamente. Mas estava tão irritada que quase não ligava para a advertência. — Eu tenho mais amigos que você consegue contar, esquisito.

— Basta os dois! — Jéssica gritou repreensiva, impedindo Adão de rebater o insulto. — Alana, você não passa para o segundo nível enquanto continuar com essa insolência. Se não perdesse tanto tempo se metendo na vida dos outros, concerteza que teria mais êxito nos seus estudos. Adão, que decepção, nunca pensei que discutisse em pleno recinto congregacional! — Ela olhou desapontada para os alunos, nenhum deles tinha noção do quão magoada ela ficava com eles quando tal acontecia. — Por hoje é tudo, vão para casa, estudem e leiam bastante a Bíblia. — Ela saiu dirigindo-se ao banheiro feminino, queria chorar de tão brava que estava.

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