Capítulo V

37 9 51
                                    

Era a segunda feira mais normal de sempre. A sala de aulas estava cheia, os alunos estavam com os olhos fincados na professora, uns prestando atenção no que dizia, outros nem tanto, e, ah, havia aquele grupo que tinha o corpo sentado naquela cadeira desconfortável mas a mente e o espírito vagando no além. Ana Maria concerteza estava em nenhum dos supracitados, bom ela era atenta, mas nem sempre entendia muito bem o que realmente diziam. Porém, fazia o que podia.

— O nosso tempo está terminando, turma. — Falou séria a professora checando o relógio nervosamente no pulso. — Eu gostaria de começar dizendo que... — Engoliu em seco. — Bom... Vocês sabem que... Na verdade eu... — A turma inteira olhava a professora curiosamente, ela não era de meias palavras, aliás, ela tinha sempre muitas palavras à dizer. Mas hoje em particular, estava nervosa, via-se até alguma exitação na voz. — Eu preciso dizer uma coisa importante. — Recomeçou. — Eu acho que todos vocês já repararam que eu não sou mais tão jovem, na verdade, estou envelhecendo a cada dia que passa. — Proferiu. — E também, eu começo a ver que está na hora de me reformar. — A turma inteira estava em silêncio, ninguém sabia se ria ou chorava. — A partir da próxima semana, vocês terão um novo professor. Então é isso, vou-me embora, felizmente ou infelizmente.

A turma continuava calada, mas aos poucos, murmúrios iam-se ouvindo. Ela não era a professora mais divertida de todas. Mas não era uma pessoa ruim. Pelo contrário, era bem empática quando não se tratasse de um caso de indisciplina, claro. Mas os alunos não a puderam conhecer de verdade, haviam estudado por pouco mais de dois meses, fora o que ouviam, não sabiam muito sobre ela.

A professora arrumava as suas coisas com alguma tristeza, tinha feito aquilo a vida inteira, portanto, não era fácil deixar tudo de um dia para o outro. Suas mãos tremiam e a respiração estava um pouco alterada. Foi então que ouviu um menina que já havia demonstrado ser a mais promissora da turma:

— É uma pena que se vá embora, Dra. A senhora fará falta para todos nós. — A professora Maria Eduarda ficou estática, não esperava que os seus estudantes reagissem dessa maneira. Nunca pensou que fosse a mais odiada, mas também não achou que fosse... bom amada! Os alunos não pareciam muito contentes com a notícia.

— O que é? Não façam essa carinha de choro. Vocês não gostavam assim tanto de mim. — Disse tentando evitar que o nó na garganta subisse. — Terão um ótimo professor. Não me olhem assim, que eu nem consigo me conter. — E desabou num choro desolado. O que rendeu um momento de comoção, abraços e muitas lágrimas, acompanhado de declarações emotivas dos alunos.

As aulas terminaram, Infelizmente, Ana Maria e os seus colegas não puderam ir para casa, pois, como despedida, a professora exigiu que fizessem um trabalho sobre a importância da psicologia e dos psicólogos citando pelo menos vinte psicólogos que deram algum contributo considerado relevante. E como a próxima aula seria logo na quinta feira, precisavam começar logo.

— A professora podia ter-nos facilitado, gente, essa lição vai dar imenso trabalho. — Falou Lizana, que era conhecida como a garota mais faladora da turma. — Ela podia ter facilitado connosco.

— O importante é que teremos nota de avaliação com isso. — Respondeu Gabriela, a garota que havia dito à professora mais cedo que ela faria falta. — Assim, tão logo chegue o outro professor teremos algo que apresentar.

— É verdade. — Concordou Adão. Um dos garotos do grupo. Ele observava discretamente Ana, o jeito calmo e reservado haviam chamado sua atenção. Sempre que era questionada respondia com "humrrum" ou mexia a cabeça. Ela não falava nada quase sempre.

— Já encontramos dezoito, faltam dois. — Respondeu Dário, o outro garoto. — Encontrei mais um! — Falou entusiasmado. — Freud!

— Dário? — Pronunciou Lizana com o ar arrogante e o jeito de superioridade. — Freud, era psicanalista.

18 anos... E Depois? Onde histórias criam vida. Descubra agora