19/03/2020
Eu choro quando me lembro de vocês
Pessoas doces, simpáticas
Bondosos quando precisei
Humanos: em todos os sentidos da palavra
Choro quando me lembro
Do que tive que fazer para algum carinho merecer
Do fundo do poço que estava quando conheci vocês
Do quanto ninguém mais foi bom comigo, além de vocês
Nem mesmo os "amigos para sempre",
(besties que se amam e se apoiam)
Ou a "família sempre unida",
(que se reúnem nos almoços e se abraçam apertado)
Eu choro porque sei
Que tive que morrer
Para alguém me amar
E para lembrarem que sou finita
Eu choro
Porque médicos e enfermeiros foram mais amigos
Do que muitos outros por aí,
Mas choro porque eles foram tão passageiros
Um carinho tão breve
A efemeridade dos nossos encontros sempre me dói
Será que eu aproveitei o suficiente esses momentos?
Como faço para repetí-los?
Reescrevo como doida os seus nomes
Mas me faltam alguns
Minha memória não é tão boa,
Mas o que senti ainda existe
"Não quero me esquecer"
- repito mil vezes,
como se a gratidão pudesse sumir junto com a lembrança -
Tenho medo que sim
Vocês ainda se lembram de mim?
Será que sentiram algo por mim,
Assim como sinto por vocês?
Imagino se sou algo além de um caso para vocês
(me tornei obcecada por vocês?)
- um poema de dor e agradecimento
