[CONCLUÍDO]
Todo tipo de conto, flash fiction e microconto. Histórias escritas para animar ou CHOCAR o seu dia.
Publicação semanal.
Lista de Contos:
Quem é tu, Maluco?
Uma noite Qualquer
O Contador de Desgraças (AVISO: +18)
Pague por Tudo (AVISO: +1...
Após terminar de ler este conto (que é curto), diga do que NÃO gostou. Ajudará muito saber no que errei. E, caso se aconchegou com esta história, deixe um voto ☆. Desejo-lhe uma boa leitura.
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Em uma tarde de inverno, a neta de um pescador saiu de casa na tarefa de descobrir o porquê do avô voltar sem peixe. Pois, ela sentia o odor forte nas mãos dele, sempre que a abraçava. A avó pediu para que ela... Matasse a curiosidade.
Então a menina correu. Passou por montes de neve. Cruzou diversos galhos secos. Sobrevoou lagos inteiramente congelados. Tudo nas espreitas, vigiando o trajeto que o avô fazia. Noel — como era chamado por causa da sua aparência idêntica ao do bom velhinho — sempre pescava com um sorriso banguela estampado no rosto. Um sorriso que deixava suas bochechas rosadas, os olhos miúdos. Adorava lançar o anzol nos lagos desde criança, quando embarcava em jornadas com o seu pai.
Noel desamarrou o barco e remou até a outra margem do rio, onde havia mais movimento. A neta ficou vários minutos escondida numa colina de neve. Um breve bocejo agarrou-a no sono... Horas depois acordou com dor nos joelhos, de tanto pressioná-los na terra úmida. Espantou-se quando notou o barco do avô ancorado. Navegou seus olhinhos sob o horizonte, avistando o pescador retornando para casa com um balde recheado de peixes. Noel vestia um casaco bege, com preenchimento volumoso, e partes com tecidos dissemelhantes costurados a mão. Ela correu para não perdê-lo de vista. Mas com toda aquela pressa, tropeçou em um extenso galho; a neve respingou em seus cabelos dourados. O fino gemido de dor da menina chamou a atenção do avô, que correu para socorrê-la. — Menina! O que faz aqui? — perguntou, abandonando o balde no chão. — Eu só... — Não precisa justificar. Vamos. Sua avó vai falar um monte pra mim. — Levantou-a limpando os magrelos joelhos da calça moletom azul. De mãos dadas, andaram pela trilha, com o sol se pondo na direção deles.
***
Depois de explicar o motivo de seguí-lo, a menina deixou o avô de olhos arregalados. — Você é curiosa demais, peixinho dourado — Chamou-a pelo apelido carinhoso. — É... — murmurou ela de cabeça baixa. Logo erguendo o rosto arredondado. — Poderia me dizer para onde vão os peixes? Noel fez aquele sorriso de sempre, e acariciou a cabeça dela, retirando a neve dos cabelos. Levou-a para uma trilha diferente, que precisava passar por debaixo de uma árvore coberta de neve em vez de folhas. Chegaram em uma estrada de terra. E na frente deles, se depararam com um urso negro, sentado em uma sombra projetada por um enorme tronco. Seu corpo oval dava a impressão de ser um bicho guloso. — Oi. Essa aqui é uma amiguinha minha — disse Noel ao urso, evitando assustar o animal. Ele entregou nas mãos da neta uma tilápia. — Pode ir. A menina foi incentivada pelo sorriso meigo do avô. Avançou. Hesitou um pouco, mas quando o urso cheirou os dedinhos dela, sentiu-se mais calma. O animal abocanhou o peixe com cuidado, e voltou a se deitar na sombra. A neta ficou boquiaberta. O avô se aproximou, e disse: — É isso o que faço com os peixes. Esse urso havia se perdido da mãe, não tendo com quem buscar alimento. Então, eu cuidei dele até ficar desse tamanhão. — Ele é tipo um cachorro? — perguntou a menina. Noel caiu na risada. — Não, não. — Por que o deu comida, então? — ela disse gesticulando para o animal. — Eles não são bravos? — São. Mas... Ele é manso, eu acho — disse, vendo o urso dormir de barriga pra cima. — E também, eu o alimentei porque nem todos são capazes de realizar algo. E, ajudar é o mínimo que podemos fazer.
Ambos acenaram para o urso, e voltaram para a trilha de sempre. No caminho, a neta pensou no que Noel disse. Ficou maravilhada por existir tamanha bondade naquele pescador. Em casa, na hora do jantar, a menina falou para avó que os lagos estavam repletos de tubarões, assim, espantando os demais peixes. Noel quase se engasgou no jantar de tanto rir.