Part 13

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S/n

31 de dezembro

Bailes, quem não ama? Pelo menos eu amava, até receber a notícia que teriam um no Ministério para comemorar a virada do ano e eu iria junto. Nesse exato estou terminando de pintar minhas unhas com um tom de roxo metálico o melhor que posso, escondendo a catástrofe que elas estavam.

- O que você está fazendo? - Neville abaixou o livro que lia, me perguntando pela milionésima vez.

- As unhas. - Levantei uma mão no ar, girando a cadeira e voltando a posição inicial.

- Legal, você... pode fazer a minha também? - Ele veio até mim, pegando um vidrinho de esmalte e olhando como se fosse um grande enigma.

Limpei o último cantinho das minhas, dando tapinhas no meu colo.

- Claro, eu adorava fazer as das minhas amigas enquanto falávamos mal dos outros. - Sorri nostálgica - Qual cor?

Coloquei Neville sentando de lado nas minhas pernas, vendo ele dar de ombros com minha pergunta, me fazendo passar longos instantes alternando o olhar entre as quatro cores espalhadas na escrivaninha.

- Espera, isso não dói né? Porque uma vez mamãe disse que tirar a sobrancelha era tranquilo, e a última coisa que eu senti foi tranquilidade... - Prendi um riso em respeito com a expressão assustada do garoto, fixo na base em minha mão.

- Não dói, fica tranquilo. - Respondi tentando parecer neutra, ignorando as piadinhas que surgiam na minha cabeça.

- Para com isso, S/n, foi horrível. - Completou fazendo uma careta.

Assenti sentindo minhas bochechas doerem, espalhando uma camada de base pelas suas unhas. Abri os vidrinhos lilás e preto, alternando entre as cores enquanto pintava-as.

Por fim passei o extra brilho e limpei tentando ao máximo não borrar as minhas. Neville relaxou os ombros com o tempo, encarando atento suas mãos.

- Lindo, parece um eboy - Levantei seus dedos apreciando meu bom trabalho.

Nev me olhou confuso, mas desistiu de perguntar, apenas acenando com a cabeça.

- Ficou muito bom, eu adorei, obrigado. - Disse me dando um selinho, sorrindo para as próprias unhas.

Me peguei rindo também, totalmente boba. Era impressionante como ele conseguia ser lindo em toda e qualquer situação, até nas mais banais como essa. Mas é aquele ditado: Merlin tem seus preferidos.

Organizei os esmaltes no canto da superfície de madeira, fazendo uma nota mental sobre devolvê-los para a senhora Longbottom mais tarde. Olhei em volta com o sentimento de que havia esquecido de algo, procurando algum ponto fixo que magicamente me iluminaria.

- Ei, podemos ir na farmácia? - Perguntei de súbito - Preciso comprar umas coisas.

Nev concordou indo pegar um casaco. Era chato ter que ficar pedindo para me acompanharem em todo lugar, mas eu não conhecia Londres e não era nada difícil tentar ir sozinha até a padaria e acabar em Glasgow.

Saímos de casa recebendo boa tarde da senhora Wright segundos após pisarmos na rua, repuxando um sorriso falso quando acenamos de volta. Wright era tipo uma cópia do Filch, espionava todo mundo e saia correndo para contar a quem achasse na frente. Na última quarta-feira ela apareceu na porta com uma torta de maçãs e mais duas amigas junto, se convidando para o café da tarde, procurando mais detalhes para o boato de que eu estava grávida, deixando tia Alice ficar pistola ao ponto de expulsá-las.

Também paramos de sentar na sacada, porque tinha a constante sensação de estar sendo vigiada, e talvez estivesse mesmo.

Dobramos a esquina após uma eternidade sob seu olhar, atravessando a rua até a farmácia. Tentei ser breve comprando um delineador e rimel, não eram coisas tão necessárias assim até porque eu sou linda de natureza, mas não ia perder a oportunidade de aumentá-la.

•••

T

erminei de fazer duas pequenas tranças nas mechas laterais do meu cabelo, prendendo alguns anéis de cabelo pela extensão das mesmas, ajeitando pela décima vez meu vestido.

erminei de fazer duas pequenas tranças nas mechas laterais do meu cabelo, prendendo alguns anéis de cabelo pela extensão das mesmas, ajeitando pela décima vez meu vestido

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Olhei ao redor procurando minhas botas cano alto de salto, sentando na beirada da cama para colocá-las.

Neville saiu do banheiro ajeitando a manga longa de sua blusa gola alta preta, combinando com a calça de alfaiataria e os sapatos sociais na mesma cor.

Demorei um segundo apreciando a vista antes de terminar de fechar o zíper da bota.

- O que você acha? - Perguntou na frente do grande espelho, fazendo movimentos tentando olhar a roupa de todos os ângulos.

- Que você esta um grande gostoso, parabéns. - Levantei abraçando sua cintura - Se eu não tivesse passado os últimos dez minutos achando um jeito para esse vestido parar de embolar, te dava agora mesmo.

Brinquei arrancando um pigarro do garoto que começara a corar terrivelmente.

- Mas ficou lindo, mesmo. - Demorei alguns instantes ali sentindo seu cheiro amadeirado, olhando nossas imagens refletidas juntas.

Nev sorriu me roubando um beijo lento, apoiando sua mão na lateral do meu pescoço. O toque da prata fria da aliança me arrancando pequenos arrepios.

Era surreal que, mesmo após termos feito isso tantas outras vezes, cada momento ainda parecia único, como se fosse de fato a primeira vez. Com o tempo me convenci de que talvez isso fosse amar alguém de verdade.

Separei o contato contra vontade, desferindo um tapinha na bunda do moreno antes de me afastar até a cômoda atrás das minhas compras de mais cedo.

Peguei um espelhinho de mão na mochila fazendo um delineado gatinho, tentando ao máximo não borrar ou bater aquela pedra enorme do anel de família de Nev que eu ainda usava na minha cara, o que vinha acontecendo com certa frequência nos últimos dias. Terminei com o rimel e um gloss claro de chocolate, espalhando perfume pelo meu pescoço e vestido.

Prendi um colar com pingente de lírio dourado ao redor do meu pescoço, indo até o espelho olhar o resultado final.

Não é por nada, mas eu me pegava muito...

Encostei na porta esperando Neville terminar de passar o cinto pelo passante da calça e abotoa-lo. Descemos para a sala encontrando tia Alice e tio Frank nos esperando no sofá, fazendo diversos elogios quando nos viram.

Pegamos na mão deles aparatando até a entrada do Ministério. A rua atrás de nós estava extremamente movimentada, com pessoas indo e vindo com roupas de festa. Entramos na cabine telefônica esperando eles discarem o código, me fazendo agarrar uma barra ao meu lado quando começamos a descer.

Caminhamos pelo hall de entrada sendo recepcionados por uma bruxa baixinha de meia idade que nos guiou até o salão onde a festa se desenrolava, cheia de pirralhos filhinos de papai de Hogwarts e os pais nariz empinado.

A noite seria longa...

Cotton Candy Skies || Neville LongbottomOnde histórias criam vida. Descubra agora