Part 15

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S/n

4 anos depois
Paris, França


— Onde você arrumou isso? — Digo analisando as passagens para o Brasil, sentando em uma poltrona com meus tênis.

— Internet, não é incrível? — Ele me lançou um olhar animado.

Neville continuou dobrando roupas e outras coisas que eu não fazia ideia de onde tinham saído, colocando tudo dentro de mochilas.

Quando resolvemos fazer um mochilão pelo mundo, não imaginei que vivaria literalmente isso do nada. Achei que passaríamos pelo menos mais um tempo aqui, os picnics de frente para a Torre Eiffel e cafés chiques eram tudo, mas sério? Eu só fui tomar um banho e quando voltei as malas estavam espalhadas pelo quarto.

Girei a aliança de casamento no dedo ao terminar de amarrar os cadarços, não querendo me intrometer. A jóia fria me causando pequenos arrepios, sentindo cada pequeno relevo onde nossos nomes estavam gravados no interior do metal.

Havíamos noivado algum tempo após a formatura, casando um ano depois. Na época decidimos entre nós que seria algo simples e íntimo, só esquecemos de avisar nossos pais, que apareceram dois dias antes da data dizendo que alugaram um cottage enorme no meio do nada.

Tinham vários quartos na casa, mas passavam longe do suficiente para o tanto de amigos que eles queriam colocar lá.

A Ordem da Fênix inteira apareceu na cerimônia, junto com nossos amigos de Hogwarts e parentes que nem lembravamos da existência. Papai ficou para trás nos convites apenas porque só iriam bruxos e no máximo três pessoas da família dele sabiam sobre, então tiveram que correr para desconvidar o resto.

Nev e eu passamos o dia todo ouvindo os clássicos "nem acredito que estou vendo isso" "eu vi vocês nascerem", entre outros.

Mas foi perfeito, as velas flutuantes por todo lugar, flores de diversos tons decorando as mesas, conseguiram até cadeiras com acento prata com plantas que combinavam com os arranjos.

Ainda tínhamos o terno preto e o vestido curto rosa claro guardados junto com as coroas de flores, na nossa casa em Godric's Hollow.

Claro, também encaixamos a professora Sprout como madrinha, nunca deixaria isso passar, ela fez presença no chororo na hora dos votos junto com todos, mas enfim.

Suspirei quando Neville fechou a última mochila, vestindo uma jaqueta de couro por cima do moletom de capuz cinza escuro, completando com os óculos de sol quadrados, para finalmente irmos tomar o café da manhã.

Seu braço esquerdo repousou em meus ombros quando empurrados a porta de entrada do hotel, atravessando a rua até um café em frente à propriedade.

Escolhemos uma mesinha redonda do lado de fora, a cadeira sendo puxada para mim. Acho que nunca perdemos esse hábito.

Pedimos cappuccinos e croissant, porque eu nunca deixaria a França sem falar que comi o máximo possível desse salgado.

— Brasil então? — Falei distraída, olhando o Sol batendo contra os cabelos dele, contrastando perfeitamente com aquela manhã de primavera.

— Sim, lembra daqueles anúncios que viviam aparecendo na TV na Grécia? — Assenti, como esquecer? — Descobri que eles alugam casas em montanhas, uma mais incrível que a outra!

Beberiquei minha caneca, não podendo deixar de me contagiar com a animação de Neville.

Ainda achava meio idiota essa ideia de alugar as coisas, era só aparatar para dentro e pronto. Fizemos isso no Egito quando disseram que não poderíamos entrar nas pirâmides, idiotas. Foi a primeira e a última vez, Nev passou uns três dias se sentindo culpado.

Mas é aquele ditado né, só é invasão se te pegarem.

•••

Colocamos os óculos escuros ao descermos do avião, indo em busca das nossas coisas, que não eram muitas já que despachamos boa parte das malas de volta para Londres. Um táxi nos esperava na entrada do aeroporto, seguindo caminho pela serra que ficava à alguns bons quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte.

Pagamos o senhor, tirando as mochilas do porta-malas.

Um homem baixinho nos esperava, ajeitando seu terno perfeitamente alinhado, acenando ao nos ver.

— Senhor e senhora Longbottom, certo? — Ele nos estendeu a mão em cumprimento sorrindo agradável.

A porta foi destrancada enquanto ele nos informava sobre a região e apresentava a casa.

Era espetacular, com janelas grandes que davam perfeita visão da natureza em volta. Nos fundos havia uma piscina imitando um lago pequeno, espreguiçadeiras e uma churrasqueira elétrica, com placas de vidro baixas contornando o ambiente.

Acompanhamos ele até a porta, fechando em seguida e largando as chaves em cima da mesinha de centro.

— Olha, se em algum momento eu duvidei de você, não me lembro. — Sorri me jogando na cama enorme que preenchia a suíte principal.

— Uau, obrigado pelo ótimo elogio, S/a. — Ele ironizou rindo, jogando a jaqueta em uma poltrona e deitando ao meu lado.

— Vai roubar uma muda de cada coisa aqui também? — Provoquei lembrando do episódio no México, onde Nev saiu pegando mudinhas de tudo no hotel.

Hoje é engraçado recordar, mas na hora foi meio tenso ter que procurar reservas em qualquer outro hotel por perto, porque o gerente ficava nos olhando feio.

E depois eu que sou a criminosa.

— Não é minha culpa se eles não colocaram placas proibindo. — Rebateu abraçando minha cintura e fechando os olhos.

Ficamos longos minutos ali, até decidirmos levantar e arrumar nossas coisas na cômoda ao lado.

Neville se ofereceu para fazer o jantar enquanto eu tomava banho, o que obviamente não recusei. Não pensamos muito na parte do que comer, só pensávamos em descansar um pouco, então foi uma puta sorte o proprietário deixar pelo menos algumas coisas básicas no armário.

Vesti um short de pijama e uma camiseta escura de Nev, parando para admirar a noite estrelada que se tornava visível pela parede lateral inteira de vidro do quarto, logo retomando meu caminho até as escadas a procura do meu marido.

Neville estava do lado de fora, pondo a mesa estreita que beirava a piscina. Nos servimos da macarronada com grãos, porque haviamos decidido parar de comer carne um ano atrás.

— Então, eu queria propor um brinde a mulher mais incrível que eu já tive a honra de conhecer. — Ele começou, imitando um tom de voz engraçado.

Logo nossas taças estavam cheias de vinho, derramando um pouco no deck quando elas se encontraram, nos arrancando risinhos antes de Nev engatar em uma conversa animada sobre os planos que ele fez para nós amanhã.

Cotton Candy Skies || Neville LongbottomOnde histórias criam vida. Descubra agora