Part 8

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S/n

Acordei com o som de batidas na porta do dormitório, piscando algumas vezes até me acostumar com a claridade que invadia o quarto. Anna e Neville ainda dormiam calmamente, apesar do relógio pendurado na parede indicar algo perto das 10h da manhã.

Sorri com a visão do garoto, sua expressão relaxada com a boca entreaberta e cabelos bagunçados se espalhando pelo rosto e travesseiro. Passei o polegar levemente pela bochecha rosada devido a temperatura baixa no ambiente, tentando não acorda-lo ao tirar seu braço que me cercava, reunindo coragem para levantar.

Não me dei ao trabalho de verificar quem estava ali fora, presumindo ser a professora Sprout, já que ela sempre fazia questão de acordar a todos em dias importantes. Segui arrastando os pés até o banheiro, ainda discutindo comigo mesma se deveria tomar um banho ou cochilar alguns minutos a mais.

Liguei o chuveiro no último, não demorando muito, afim de trocar logo de roupa. Era uma típica manhã fria de inverno, o clima parecia implorar por passar o dia todo na cama. Suspirei pensando na viajem longa que teríamos mais tarde, terminando de vestir meu moletom quentinho.

 Suspirei pensando na viajem longa que teríamos mais tarde, terminando de vestir meu moletom quentinho

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De repente um grito agudo chamou minha atenção, seguido de outro mais grave. Abri a porta do banheiro tropeçando até o quarto.

— O que você está fazendo aqui, seu maluco? — Anna falava alto, jogando uma almofada em Neville, que parecia assustado demais para se defender.

— Eu trouxe ele aqui. — Tentei soar calma, porém a garota só me olhava cada vez mais em choque, logo abrindo um sorriso malicioso. — Por que você é assim, ein?

Coloquei as mãos na cintura em total perplexidade pelas coisas que ela conseguia pensar logo de manhã.

Merlin!

— Então... Acho que já vou. — Neville cortou meu contato visual com Anna, me dando um selinho e saindo do quarto.

A morena balançou a cabeça em negação, rindo nasalado em seu caminho até o banheiro. Aproveitei o tempo para verificar minha mochila com algumas trocas de roupa e livros de escola, já que diversos professores haviam passado deveres de casa.

Porque a gente não tem um minuto de paz aqui.

Após alguns minutos Anna saiu trocada, procurando seus sapatos até parar em minha mão que fechava o zíper da bolsa.

— Não tem nada para me contar? — Disse acusatória, pegando os tênis jogados pelo carpete.

— E você me deu tempo? — Sorri cínica, ajeitando minha saia — Foi ontem a noite.

A garota veio até mim com pequenos pulinhos, puxando minha mão até ficar paralela ao seu rosto, analisando a jóia.

— Merlin, será que ele não tem um irmão ou algo do tipo? — Questionou arrancando gargalhadas de ambas. — Enfim, vamos logo, não quero perder o café.

Anna enganchou seu braço no meu, nos guiando até o Salão Principal.

Os alunos conversavam animados, todos sem uniforme, o que era bizarro dado ao costume das capas pretas com apenas quatro cores para nos distinguir.

Seguimos até a mesa da Lufa-Lufa onde Cedrico acenava no ar. Levantei as sobrancelhas ao ver Simas Finnigan e Dino Thomas sentados a sua frente, ambos ladeando Neville, os quatro conversando com animação sobre quadribol.

Ocupamos os lugares ao lado de Ced ignorando diversos olhares feios de lufanos e grifinórios, puxando algumas torradas para meu prato.

— Mas é como eu estava te dizendo, vamos voltar com tudo no próximo semestre, a taça já é nossa. — Simas sorriu orgulhoso.

Apertei a asa da xícara tentando conter um riso, levando-a lentamente até minha boca, não queria perder uma só reação de Cedrico.

— É piada né, Finnigan? Pelo amor de Merlin, vocês estão horríveis! — O loiro começou a gesticular, indignado. — Parece que Potter aumentou 10 graus em cada olho!

— Ei! Harry está ótimo, ganhamos de lavada da Sonserina! — Dino apontava frenético para a mesa de cada casa. — E teve a Corvinal no Halloween também!

Era sempre ótimo presenciar essas briguinhas mais por ego do que vencer de verdade. Um dos motivos pelo qual aceitei tão rápido entrar na equipe de líderes de torcida.

— Em outubro, seu maluco! Vocês são péssimos, admita logo! — Toquei o ombro de Ced em advertência, ele começava a querer surtar.

— Realmente, vocês estão só ladeira a baixo. — Sorri provocativa para os garotos.

Mordi uma torrada com Thomas acompanhando cada movimento meu e Finnigan encarando Nev enquanto mordiscava a parte interna da bochecha.

— Vou deixar essa passar porque você namora com ele, mas vai ver na próxima. — Simas encerrou aquela breve discussão, murmurando a contra gosto.

Pensei em responder, mas por diversas experiências anteriores, sabia que viraria uma coisa muito maior e não estava com vontade de bancar outra briga por algo tão banal como quadribol e o ego extremamente alto de adolescentes.

Houve um breve momento de silêncio desconfortável, até Dino espiar o Profeta Diário de um aluno por cima dos ombros e começarem a falar mal do ministro Fudge com toda a empolgação de antes.

Nos separamos para buscar as mochilas, indo até as carruagens mágicas que nos levariam ao expresso vermelho.

Sentamos em uma cabine com a mesma formação do café da manhã, Simas alegava apenas estar se esforçando para que o amigo ficasse mais confortável cercado por lufanos desconhecidos, mas soava como uma desculpa boba para ouvir a fofoca que Cedrico contava.

Era mais um daqueles boatos sobre professores se agarrando na sala de descanso deles, todo semestre havia um par ou trio diferente.

Parei de prestar atenção no "ouvi Colin Creevey dizer que...", encostando a cabeça na curva do pescoço de Neville, que logo passou a mexer em meus cabelos.

— Minha mãe mandou uma carta hoje cedo querendo te conhecer. — Ele sussurrou, parecendo debater consigo mesmo se deveria começar esse assunto agora.

— Certo. Ótimo, por que não? — Assenti forçando um sorriso pequeno.

Quer dizer, era incrível saber que Neville levava isso a sério o suficiente para aceitar me apresentar para a mãe, só era assustador.

Saber disso fez com que eu me sentisse horrível, não contei nada para meus pais, na verdade nem imaginava por onde começar. Talvez aparecer e dizer "Olá, esse é o meu namorado da Grifinória e eu não estou grávida, feliz natal!"; céus, não! Balancei a cabeça ignorando o pensamento bizarro.

— Ótimo. — Nev repetiu, me roubando um selinho demorado, até um feijãozinho de todos os sabores nos atingir.

— Eww, vocês são nojentos. — Cedrico acusou, arrancando risadas do trio a sua volta antes que eu pegasse o doce, pronta para revidar.

Cotton Candy Skies || Neville LongbottomOnde histórias criam vida. Descubra agora