Capítulo três.

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Surpresa

Surpresa: Do francês, 'surprise', é a reação a algo que aconteceu de modo inesperado, seja isso algo positivo ou negativo.

Meus olhos se abriram e minha visão era diferente, não era meu quarto ou quaisquer lugares que eu conheço. Minha cabeça doía e girava, minhas roupas eram abertas e claras. Uma saia azul cobre minhas pernas e somente pelo aroma adocicado, minha mente sabe quem é. A blusa branca também tinha o mesmo perfume e a cama era branca, macia como lençóis de seda. Achei graça no colchão ser de água e minha imaginação poderia ser fértil na hora de montar piadas sem graça. Saí do cômodo, procurando a imagem de alguém que conhecia e parei na sala, onde a vi sentada e olhando para a televisão.

-Camila. – Ela se virou para mim, sua expressão de alívio me fez entender que algo sério teria acontecido comigo, mas nada fazia sentido para mim além da ideia de eu não ter me alimentado direito e minha pressão tenha caído.

-Oi! Está melhor? – Sua mão me fez um sinal para que eu me sentasse e no conforto que ela me trazia, fiz o que pedia. Uma xícara de café fresco cheirava da mesinha de centro, se não fosse um dia atípico eu adoraria um gole do líquido quente tão conhecido por mim, mas o incômodo da minha cabeça não me deixava beber nada a não ser água.

-Estou... o que aconteceu? – Minha mão passava na testa, como se algo ainda me perturbasse e aproveitei para sentir o cabelo solto. Me pus a ouvir sua versão dos fatos, ainda que a dor não cessasse, eu precisava de respostas... e de um dipirona.

-Não sei exatamente, mas foi algo muito estranho. Quando você foi embora, Inês disse que sentiu uma energia estranha no ar e, depois de sair de sua casa, ela desmaiou. – Meu coração acelerou ao ouvir aquele nome, minha amiga continuou e tinha certeza de que o meu choque era visível. -Preocupada por você não ter dito nada sobre estar em casa ou não, te liguei e não fui atendida. Pedi para Eric pôr ela para descansar enquanto ia até seu apartamento. No caminho achei seu carro com marcas de arranhões, mas sabia que não era.

-E eu também desmaiei. – Eu encarava o chão com tamanha força que poderia abrir um buraco, não sabia o que era, mas me envolvia e o pior de tudo, envolvia a própria Cuca, uma bruxa. Se a fizeram apagar, o que fariam comigo?

-Sim. – A sereia tentou me acalmar, pôs a mão sobre minha coxa para chamar minha atenção, mas meu jeito investigadora era mais forte do que minha própria preocupação.

-Tem ideia do que pode ser?

-Uma força muito poderosa abalou a energia dela, mas não sabemos por que isso te fez apagar também. – Eu amava ser policial, mas era cansativo em casos assim. Gostava de procurar soluções ou culpados, não apagar no meu próprio quarto por causa de forças esquisitas.

-Força? Que tipo de força? – Mila olha para minha face desesperada, vi nela que ela não sabia o que era ou como resolver e meu peito bateu ainda mais forte, sabendo quem poderia ajudar.

-Eu não entendo muito disso, mas eu acho que você e Inês precisam ter uma conversa séria e longa. – Novamente aquele nome, não sabia o que era, mas me fazia arrepiar a vértebra só de ouvi-lo.

-Precisamos? – Ela pegou minha mão, como uma irmã mais velha faz para te aconselhar, olhou para mim, bem em meus olhos e disse:

-Márcia, eu sei que eu não deveria me intrometer nisso, mas eu percebi uma energia entre vocês duas. É forte e me faz embrulhar o estômago como se eu tivesse tomado um soco.

-Energia? Você está doida. – Ser encurralada assim por alguém que eu confio tanto, fora a situação mais inesperada que eu vivi, mas esperava que em alguma hora as pessoas achassem estranho minha forma de olhar para aquela mulher.

Efeito BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora