Capítulo oito

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Comece a escrever sua história

*Capítulo grande para compensar o sumiço por culpa do vestibular. Amo vocês e jaja voltamos com a programação normal.*

Encantamento: Do latim, "incantare", é sensação de deslumbramento, admiração, grande prazer que se tem como reação a alguma boa qualidade do que se vê, ouve, percebe.

Apesar de Eric ter insistido muito para dirigir, ele acabou cedendo ao meu pedido, afinal, se seu estresse o afetasse no trânsito, não haveria fogo, borboletas ou canto de sereia que o acalmaria e evitaria o pior. Sento-me a frente, com o volante esquentando em minhas mãos nervosas, Inês sentou-se ao meu lado, e atrás, Camila com meu amigo, ele olhando para um lado, pensando, e ela segurando sua mão em sinal de apoio.

-Márcia, podemos passar em um lugar antes?

-Claro, diga. – Olhei levemente para trás, tentando manter contato visual leve com ele.

-Podemos pegar Luna? – Sorri, estava com saudades dela, mas ele precisava de espaço, espaço esse que não se poderia ter quando se é pai solo, mas eu o entendia, só não sabia se ir para a floresta com uma criança era a melhor opção.

-Tem certeza? – Ele se aproximou ao meu banco, respondendo-me com seu tom dramático de sempre:

-Tenho, se tem alguém que pode me acalmar e me ajudar a controlar o que sinto, esse alguém é a minha filha. – Tombei minha cabeça para o lado, sorrindo com sua fala e só pude dizer:

-Claro. – A bruxa ao meu lado me olhou pelo canto dos olhos, tocou minha perna e eu me tremi nelas. Ela se aproximou, sussurrando:

-O que você está fazendo é louvável. – Meu rosto concentrado na estrada não conseguiu não notar seu olhar amoroso e a forma que ela me admirava.

-O que? – Minha voz, apesar de ríspida, continha uma curiosidade surreal.

-Não tinha obrigação de ajuda-lo com isso, é mais complicado do que imagina, mas mesmo sem entender, você continua aqui. – Mesmo que o discurso do meu não entendimento me entediasse, eu não podia fazer nada além de concordar. Aquele não era o motivo da minha assistência, talvez seria um senso de justiça inalcançável, ou só a minha conexão com eles como amigo.

-Não faço só por ele, se fosse qualquer outro, eu também ajudaria. – Suas mãos acariciaram minha coxa coberta pela calça jeans e seu tom continuou baixo.

-Por isso é louvável.

-Eu faria o que Eric fez por Luna, deixar o corpo seco possuir dele apesar dos riscos. Eu faria por ti. – Confessei no primeiro sinal vermelho, conseguindo voltar meus olhos aos seus por um segundo tão intenso que me arrepiava o corpo.

-Não precisaria. – O sinal ficou verde e avancei, voltando minha atenção às ruas.

-Mas eu faria mesmo assim. – Eu confessava as coisas baixinho, com a música tão baixa quanto a minha voz no ambiente, todos no carro que prestassem o mínimo de atenção, ouviram-me com clareza.

-Por quê? – Ela era tão intensa, que só sua forma de me olhar era anestesia para meu corpo.

-Porque é você. – Mesmo dirigindo, eu tinha que vomitar essas palavras olhando nos olhos dela, tentando saber o que ela pensava. Não precisei de esforços, afinal em menos de cinco segundos de contato visual, ela me disse mais do que sua boca.

-Aparentemente não fomos os únicos a não contar as novidades. – Eric falou mais alto, ainda observando as ruas passando rapidamente por nós. Camila sorriu-me de canto, eu entendia a sua novidade e ela entendia a minha.

Efeito BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora