Sol Huanlin não gostava de bagunça e desorganização, sendo assim não estava preparado para conhecer Wang Minghao. O jovem não só confundia todos os conceitos da astronomia e da física, como também confundia todos os seus sentidos e sua forma de ver...
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O burburinho era quase incompreensível daquela distância, mas foi suficiente para que meu sono frágil fosse atingido.
Atordoado, olhei para os lados, confuso devido à letargia. Minha mente voltou a funcionar, e eu consegui lembrar-me de ter pegado no sono conversando com Minghao. Galileu estava deitado em cima da minha barriga, num sono profundo. Lembranças das tagarelices do dia anterior me chegaram quando olhei as pequenas laterais dos sacos de salgadinhos sendo espremidas pela tampa da lixeira que ele mantinha ao lado de sua escrivaninha. Tirei o gato de cima de mim, com pesar, fazendo com que miasse riado e corri para colocá-las para dentro, e em seguida fui até o que lembrava ser o banheiro do quarto (ele tinha me apresentado na noite anterior) e lavei as mãos uma ou duas vezes com uma quantidade generosa de sabonete líquido. Sequei-as com papel toalha com força até que ficasse vermelho. Logo após, voltei até o quarto, revirando os olhos assim que chequei que o animal, preguiçoso do jeito que era, já havia se deitado sobre os lençóis.
Um pouco menos agoniado, percebi que havia uma espécie de cama no chão. Deduzi facilmente que Minghao havia dormido ali. Me envergonhei imediatamente por ter praticamente desmaiado de cansaço na cama de alguém que havia acabado de conhecer. Decidi que o mínimo que eu poderia fazer para agradecer por me cobrir e para que me perdoasse era arrumar a bagunça. Tirei Galileu de cima da cama, lhe colocando no chão. O bicho miou irritado, era a segunda vez que eu atrapalhava seu sono.
Não demorou muito para que eu terminasse de organizar o lugar. Incluí também a cama que ele havia montado para o próprio descanso. Sentei-me, não muito cansado, na cama já pronta. Prestei um pouco mais de atenção na confusão que ocorria no primeiro andar. Pude identificar a voz de Minghao sem muita dificuldade, depois uma voz de mulher adulta. Percebi logo que se tratava de sua mãe.
"Você não entende merda nenhuma!" — ele reclamava; "Você está retornando para aquilo que fugimos!" — ela acusava; "A única pessoa que fugiu de algo foi você!" — ele respondia...
E, então, um inglês intrometido adentrou a conversa em mandarim. O único homem mais velho possível naquela casa era o padrasto.
"Sua mãe sabe o que é melhor para você!" "Eu já estou prestes a fazer dezoito anos, por que merda alguém como você quer mandar em mim?!"
Parecia uma conversa que não me convinha. Um lado obscuro da minha mente parecia me sussurrar para que eu ouvisse mais, mas eliminei o demônio da fofoca do meu ar. Agarrei meu gato irritante e me dirigi até a janela. O incentivei com tapinhas para que pulasse no telhado de nossa casa. Logo após, tremendo de medo, usei minhas mãos para ganhar equilíbrio e apoio quando fui de um lado para o outro. Adentrei meu quarto, vendo que Galileu já se encontrava lá. Esperava que Minghao não reclamasse por não lhe ter dado alguma satisfação ou se despedido.
Olhei para o despertador. Ainda faltavam algumas horas até que meu alarme tocasse. Era, mais especificamente, quatro e meia da manhã e em breve o senhor Ying nos infernizaria para que voltássemos ao serviço. Sendo assim, sabia que não valia a pena voltar a dormir. O melhor para fazer seria organizar meu dia, já que dificilmente aquela semana seria fácil o suficiente para que eu aplicasse a minha rotina. As anotações foram rápidas, era apenas limpar, junto a Minghao, o quintal nojento e fedorento do velho vizinho e, por volta das dezessete da tarde, eu voltaria e estudaria até às vinte e uma da noite. Era um bom plano.