Sol Huanlin não gostava de bagunça e desorganização, sendo assim não estava preparado para conhecer Wang Minghao. O jovem não só confundia todos os conceitos da astronomia e da física, como também confundia todos os seus sentidos e sua forma de ver...
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Minghao sorriu pra mim quando eu estendi a vasilha de lámen para ele, segurando-a e colocando em cima do balcão da cozinha, onde estava sentado. Puxei uma das cadeiras para mim mesmo, colocando a minha refeição no local plano.
— É a primeira vez que eu provo um lámen chinês autêntico, sabia? — ele comentou, segurando os kuàizi¹ nas mãos que observei por alguns segundos. Os dedos dele eram longos e finos, delicadamente masculinos.
Prestei um pouco de atenção em sua aparência. Estava uma bagunça total, assim como eu também.
— Não há lámen nos Estados Unidos? — questionei, estranhando, parando de ser desagradável por alguns segundos.
— Eu morava numa cidade minúscula em Vermont, então sem chance. — ele respondeu, finalmente levando um pouco do macarrão à boca e ficando imóvel momentaneamente quiçá para apreciar o gosto, ou então para para fazer alguma gracinha. A expressão de deleite confirmou a primeira opção. Ao engolir, voltou a explicar-se: — Para ter noção, apenas um por cento da minúscula população do estado era amarela, outro por cento negra. Entre os asiáticos, maior parte se encontravam nas cidades mais populosas, o que não é meu caso. Eu e minha mãe éramos os únicos na cidade.
Entreabri os lábios, surpreso. Eu não conseguia imaginar minha vida rodeada apenas de gente caucasiana.
— Mas a sua mãe nunca te fez lámen? — perguntei, não querendo gerar constrangimento com o silêncio.
— Minha mãe não cozinha. — ele respondeu. — Na verdade, ela até tenta, mas fica uma espécie de veneno a longo prazo. Ela nunca tentou fazer lámen. Eu era quem cozinhava em casa, mas vivi na China apenas durante alguns meses de vida, então não tive como aprender a fazer.
— Você nasceu na China?! — questionei, surpreso.
Uma estranha careta foi posta na face dele, um tanto engraçada, mas segurei o mínimo sorriso.
— Eu falei pra você, poxa! — bufou, chateado, e estendeu a mão. — Vou me apresentar novamente. Meu nome é Wang Minghao, e eu sou chinês. Não descendente, sou chinês! Minha mãe é chinesa, o homem que participou da minha procriação também era chinês, e eu nasci em Hangzou, capital de Zhejiang. Cresci no estado de Vermont, nos Estados Unidos, e aderi o nome de Vincent Wang por questões de adaptação.
Balancei a cabeça negativamente, segurando sua mão, devolvendo o cumprimento.
— Eu sou Sol Huanlin, nasci e cresci em Ezhou, cidadão chinês com orgulho, e não sou surdo. Eu entendi tudo o que você disse. — deixei claro, levando os kuàzi com lámen a minha própria boca, começando a mastigar vagarosamente.
— Não parece! — murmurou, chateado. — Eu te falei que não sou ianque, só cresci entre eles. Aliás, não sei o motivo para odiá-los tanto.
— Eu não os odeio, — a princípio, nem eu sabia o motivo para dar-lhe satisfação. — apenas não acho que eles sejam melhores que alguém. Imagine se um dia eu chegar no seu país e exigir que todos saibam falar mandarim ou língua gan.