Capítulo 4 - Pode ser

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"Quando a tua boca me rouba um beijo

Sinto meu chão rachar

Amo teus contornos, em ti me vejo

Dentro do teu olhar"

MABEL

Depois de meu corpo me trair drasticamente com a aproximação que eu mesma causei entre meu corpo e do Gustavo, comecei a reparar mais nele.

Ele é alto, um pouco mais alto que o Luca que tem 1,85. Ele tem olhos claros, e acho que não é nem verde e nem azul porque olhos assim a gente vê de longe qual é a cor, o dele só é... claro. Tem cabelo liso e um corte bem típico, lateral mais baixa e em cima maior, quando usa pomada fica ainda mais bonito, mas normalmente ele sempre ta de boné pra trás. Sobre bonés, ele tem vários inclusive, sempre acaba combinando com o que quer que ele esteja usando.

A reparei também no braço esquerdo dele.

Ele tem o braço esquerdo fechado de tatuagens, mas nunca tinha observado nenhum desenho. São os deuses do Olimpo e fico pensando no meu pai e o Hades vendo aquele braço.

Meu hm... desentendimento, com o Gustavo foi na sexta e juro que usei o final de semana para refletir sobre isso. Parte porque o apartamento do Luca ficou pronto e quando ele foi se despedir começou a dizer em como o Gustavo era um cara legal e eu peguei pesado e a outra parte foi porque nunca havia feito isso com nenhum outro garoto. Aliás com ninguém.

Já fizeram coisa bem pior comigo do que me ajudar a caçar um homem inexistente e eu nunca havia batido em ninguém.

Então estou dizendo tudo isso pra explicar que sim, eu vim para a faculdade nesta segunda decidida a pedir desculpas para ele porque embora não estivesse totalmente errada, eu estava parcialmente errada.

Foi então que vi ele passar... ele entrou numa rodinha de garotos e estavam falando sobre o jogo do São Paulo e pela carinha dele de rendido fiz mais uma anotação mental sobre ele, ele era são paulino. Apesar da derrota na noite anterior e de toda zoação, ele estava sorrindo tão leve e encantador que eu pude sentir a coragem se esvaindo e minha memória apagou todas as horas gastas em reflexões para pedir desculpas para ele. Eu esqueci o discurso e esqueci como andava.

Não é como se eu estivesse encantada ou arrastando caminhões por ele. É só que ele tinha saído do apartamento tão transtornado que não queria estragar a alegria dele.

Eu encho meu peito de ar e me lembro, não é para tanto. Ele estava parcialmente errado também. Vai ser embaraçoso para ambos.

Caminhei na direção dos 4 garotos, contanto com ele, e pude ver alguns olhos se arregalando e outros tentando fazer um sinal pra ele que estava de costas pra mim.

E claro, nada com ele é tão simples.

Eu cheguei até ele eu sei que ele sentiu, porque passou o peso do corpo para as duas pernas, mas continuou virado de costas pra mim. Céus, ele parece uma muralha e faço mais uma das muitas anotações mentais que já fiz sobre ele, ele tem costas bonitas.

- Hm, será que a gente pode conversar por uns minutos? – digo sem encostar nele.

- Vazando – diz um dos meninos.

- Caindo fora – diz o outro.

- Não to nem mais aqui. Boa sorte e fica de guarda armada ok? – o último diz antes de sair e monta uma guarda de box na frente do rosto. Ótimo, ele contou aos amigos.

E então se ele vira. O sorriso que vi de longe, aquele leve e encantador, se esvai e da espaço a um sorriso... divertido.

Ele tomba a cabeça pro lado e abaixa ela um pouco pra me olhar nos olhos.

E foi assim..Onde histórias criam vida. Descubra agora