Capítulo 1

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Estou convencido de que o inferno tem um sistema de intercomunicação e o barulho do meu despertador está acionado no volume máximo em repetição contra os gritos de todas as almas perdidas. É por isso que eu nunca vou matar ninguém, porque não há nenhuma maneira que eu possa viver com este som por toda a eternidade. Eu não posso nem conviver com ele por cinco segundos.

Eu alcanço para parar o alarme, temendo mais um dia no trabalho. Eu odeio ter que manter este trabalho de barista de merda só para pagar a faculdade. Pelo menos Mikey permite que meus cheques esporádicos de aluguel escorreguem em troca de empresariar a sua banda. Isso funciona por agora, mas Deus, eu odeio as manhãs.

Estico meus braços, coloco as minhas mãos nos meus olhos e começo a esfregar o sono deles. Quando meus dedos encontram meus olhos, por uma fração de segundo eu acho que talvez meus piores temores se tornaram realidade e na verdade estou queimando no inferno, porque MERDA! Filho da Puta! Eu vou matá-lo!

— Ray! — eu grito, mesmo sabendo que gritar não vai fazer muito efeito.

Oh, Deus. Isso queima.

Levanto-me e tento abrir os olhos, mas eles estão ardendo demais para serem de alguma utilidade. É o trote mais antigo do livro, e eu não posso acreditar que caí. De novo. Eu não consigo encontrar meu short - Deus isso dói tanto - então eu tropeço no caminho para o banheiro, a fim de lavar o sumo de pimenta dos meus olhos e mãos. Acho a maçaneta e abro a porta, correndo direto para a pia. Eu tenho certeza que eu ouvi uma garota gritando, mas isso poderia muito bem ser eu gritando.

Eu coloco minhas mãos por baixo da corrente de água e trago-as até os meus olhos, enxáguo mais e mais até a queimadura começar a diminuir. Uma vez que meus olhos começam a aliviar, meu ombro começa a doer com os repetidos golpes que estão sendo dados nele.

— Saia, seu pervertido!

Eu estou acordado o suficiente para saber que eu realmente ouvi alguém gritando, mas agora tenho certeza que não foi uma garota, e agora esse cara está me batendo. No meu banheiro.

Eu pego uma toalha de mão e pressiono nos meus olhos enquanto me protejo dos socos dele com meu cotovelo.

— Eu estava fazendo xixi, seu bastardo doente! Saia!

Merda, ele realmente bate forte. Eu ainda não consigo vê-lo, mas posso reconhecer punhos quando eles estão voando para cima de mim. Eu pego os dois pulsos para impedi-lo de me agredir ainda mais.

— Pare de me bater! — eu grito.

A porta do banheiro, que leva para a sala se abre, e meu olho esquerdo está trabalhando o suficiente para que eu possa dizer que Mikey está lá.

— O que diabos está acontecendo? — caminha na nossa direção e remove as minhas mãos dos pulsos dele e depois fica entre nós. Eu trago a toalha de volta para meus olhos e aperto com força.

— Ele entrou aqui sem pedir licença, enquanto eu estava fazendo xixi! — o garoto grita. — E ele está nu!

Abro um olho e olho para baixo. Eu estou, de fato, completamente nu.

— Jesus, Iero. Coloque algumas roupas. — diz Mikey.

— Como é que eu ia saber que seria atacado em meu próprio banheiro? — eu digo, apontando para ele, apesar de ainda ter a visão completamente embaçada, eu podia distinguir que o cabelo dele era tingido de vermelho. Um puta vermelho vivo. Ou talvez eram apenas meus olhos ardendo demais. — Por que diabos ele está usando o meu banheiro, de qualquer maneira? Seus convidados podem usar o seu banheiro.

Maybe - Frerard VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora