EPÍLOGO
Mal o dia havia começado, e Adonai já estava em seu escritório, apesar da viagem ter sido rápida, para ele foi uma tortura, separar-se de Kamilah não tinha sido fácil. Parecia que estava compenetrado olhando os e-mails, mas seu pensamento estava em outro lugar. Sentia-se mais velho e cansado, precisava encontrar um meio termo naquela situação. Enquanto lia algumas planilhas, aguardava os diretores e os coordenadores para uma reunião, Nicholas havia planejado o encontro, era preciso uma avaliação frente aos destemperos do mercado interno, a cotação do dólar estava em baixa, e isso não estava refletindo bem para os negócios dele. Pouco mais de meia hora de solidão naquela sala fria, uma batida de leve na porta o tirou dos seus pensamentos. Era sua secretária.
-Lhe trouxe um café. Falou com cortesia.
-Obrigado, Nicholas já chegou?
-Sim, ele e Senhorita al-Ismail.
Ele arqueou uma das sobrancelhas, meio curioso, falou com a secretária.
-Porque eles ainda não entrarão?
-Não me faça pergunta indiscreta. Respondeu sorrindo.
-Não entendi. Ele respondeu
-Eles estão na sala dele, ao que parece acho que estão meio ocupados.
-Mas já cedo?
Ele começou a rir, e se levantou para ir até a sala de Nicholas. Deu apenas dois tocks e entrou, ainda deu tempo de ver Nicholas sair de perto da mesa onde estava abraçado com Leila, ela olhou em direção a porta e viu com alegria o irmão entrar.
-Minha nossa! Mas é você! Ahlan-wa.
- Salaam Aleikum meus caros. Adonai os cumprimentou na língua pátria.
- Alaikum As-Salaam •. Respondeu Leila já o abraçando. Ele sorriu para o amigo, e logo se sentou em uma das poltronas que havia na sala. Ele sentiu calor humano naquele ambiente. Leila observou a marca na testa do irmão, viu que ele ainda mancava.
-O acidente deixou algumas marcas.
-Sim. Algumas não serão para sempre, porém há outras que será difícil esquecer. Falou isso pensando em Kamilah.
-Mas lembre-se que nada é para sempre. Nicholas lhe falou.
-Depende.
Leila respondeu. -Um filho é para sempre. Finalizou
-É para sempre. Concordou.
-Por que você não os trouxe? Nicholas perguntou.
-Porque decidi não me impor, ela virá de livre e espontânea vontade. Adonai respondeu.
-Ela não virá. Leila declarou
-Já pensei nessa possibilidade. Retrucou
-Então se muda para lá. Nicholas opinou. -Você tem meios de estar saindo de lá todos os dias. Afinal é apenas uma hora de viagem.
Pela primeira vez na vida Adonai pensou na palavra ceder, até então, ele sempre dirigia sua vida de acordo com suas convicções e objetivos, não era preciso renunciar e nem tão pouco perder. Mas podia sim, conciliar sua vida com a dela, bastava apenas ceder.
-Bom irei pensar nisso mais tarde, existem coisas que precisam ser resolvidas de imediato. Adonai acabou de falar e sua secretária entrou avisando que os membros já estavam na sala de reunião.
Durante a reunião Leila ficou olhando para o semblante carregado do irmão, não poderia fazer nada por ele, nada, a não ser apoiar qualquer decisão que ele tomasse. A reunião durou toda manhã, mas para Adonai parecia que tinha durado uma eternidade, não estava com fome, mas precisava comparecer a um almoço de negócios, pegou sua maleta e saiu acompanhado de batalhão pelo corredor, Nicholas já o aguardava na limusine negra na garagem. Ele entrou no veículo folgando um pouco a gravata, precisava trocar paletó, mas acabou por esquecer, os três meses e meio que ficou no rancho o fez desacostumar de vários hábitos.
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Uma noite em teus braços
RomanceAdonai sempre viveu em dois mundos. De um lado era o homem do deserto líder de uma tribo de bérberes, do outro um forte empresário no mundo das pedras preciosas. Com os dois pés fincados nestes dois universos, sempre se esquivou de relacionamentos...