Capítulo dez

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CAPÍTULO DEZ

Um forte choro acordou a casa inteira, Kamilah correu para o quarto do dono daquele berro estridente, chegou à porta e encontrou Adonai com o menino no colo, tentando acalmá-lo, mas de nada adiantava. Kamilah se aproximou do menino irritado e o pegou, em alguns instantes ele já estava se ajeitando no colo da mãe, como um bezerro já estava se alimentando do leite materno. Kamilah olhou para Adonai e lhe indicou a poltrona do lado oposto de onde estava sentada.  

De repente ela deu um grito de dor. 

-Ai! Seu danadinho, você acabou de me morder, ela falou olhando para o menino, que a olhava com um ar de sapeca. 

-Ele te mordeu? 

-Sim. Então ela o tirou do seio e com o dedo indicador ela foi massageando a gengiva do menino, que surpresa, havia dois dentinhos apontando na parte inferior da boquinha. Tanto ela, quanto Adonai ficaram felizes com aquela descoberta, riam-se mutuamente,  

-então esse era o motivo de tanta irritação nos últimos dias. Adonai falou fazendo um afago na pequena bochecha do menino. 

Já estava amanhecendo, o céu já se pintava de vermelho com laranja, o dia prometia ser bem quente. O filho de Kamilah adormeceu novamente, ela o colocou no berço e saiu do quarto junto com Adonai. 

-Vou me arrumar, preciso ir até a lavoura, estamos finalizando a colheita, acredito que teremos bons resultados, apesar das perspectivas serem pessimistas, nós teremos retorno. 

Adonai achou um encanto ela comentar sobre o que estava fazendo, ele nunca a imaginou assim, proprietária, ainda mais de um rancho. 

-Não entendo muito de agronegócio, minha área é totalmente oposta. Ao falar aquilo ele gelou, havia cometido um engano. 

-Adonai, você já está começando a se lembrar de coisas da sua vida, você percebeu o que acabou de me dizer? 

-Como assim? Ele quis fazer-se de bobo. 

-Como assim? Você acabou de me dizer que seu trabalho é o oposto do meu, ou seja, você está se lembrando do que faz. 

-Eu falei sem perceber. 

-Só mais um esforço e sua memória volta, e então você poderá retornar para sua vida. 

-É isso que você quer? Que eu volte para minha vida? 

-Não sei. Ela respondeu abaixando a cabeça. -Eu preciso ir. 

O dia estava demorando passar, Adonai já estava ficando impaciente, era preciso avançar, mesmo que isso significasse perder Kamilah, aquele joguinho que ele começara, não estava levando ele a lugar algum, a cada aproximação, ambos temiam um ao outro, tanta mágoa, que era necessária outra vida para pedir perdão. Mas aquela noite tinha que decidir o que fazer, estava ali há quase dois meses e meio, e não tinha feito nada para se aproximar agora ele já não tinha desculpas para ficar, a não ser que dissesse a verdade. Pensar em voltar para sua vida sem Kamilah e o filho deu-lhe um gosto amargo na boca. Levantou-se da frente do computador e foi até a janela, olhou a paisagem, quantas vezes na solidão dos dias ela deve ter feito a mesma coisa, agora ele estava ali, se torturando, pesando entre o que seria mais importante para a vida deles, por que não podia mais pensar apenas nele, mas no que ele queria ao lado da mulher que ele escolhera para amar e o filho que haviam gerado. O dia finalmente já estava chegando ao fim, daqui a pouco ela estaria atravessando aquela porteira e indo em direção ao estábulo, sempre que podia ele observava ela ao longe, imaginando o que estaria povoando aquele coração. E agora era a hora de atravessar aquela barreira e arriscar. Como sempre fazia no seu mundo de negócios. Ela vinha a passos lentos para casa, naquela tarde não foi cavalgar ao se aproximar observou que ele estava sentado nas escadas, vestia uma camisa de algodão e uma calça jeans cedida por Paul, estava muito atraente, mesmo com aquela barba, ele era muito bonitos, os olhos dele tinham um brilho diferente, alguma coisa estava acontecendo, ela percebeu que ele estava lutando com algo, intimamente, será que ele havia recobrado a memória? E a esperava para fazer novas acusações. O coração de Kamilah começou a bater descompassadamente, ela não aguentaria, e o que é pior ela não poderia nunca permitir que ele lhe tirasse o filho. À medida que se aproximava, sua boca começava a secar, seu estomago dava voltas como se tivessem dando nós. Ela o amava tanto, mas não poderia permitir que ele a deixasse aos cacos novamente. Ele a olhou tão profundamente que ela teve a impressão de ser beijada por ele, foi possível sentir a posse do beijo nos mínimos detalhes, um calor percorreu lhe toda a espinha, ele por sua vez se sentiu rijo, seu sexo parecia uma pedra dentro da calça, se ele não tivesse bom senso poderia possuía-la ali mesmo. Que tortura! Antes dele manifestar qualquer coisa, ela falou sem rodeios: 

Uma noite em teus braçosOnde histórias criam vida. Descubra agora