Capítulo nove

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CAPÍTULO NOVE

 Os dias foram passando e a recuperação de Adonai se mostrava cada vez mais rápida, em poucos dias ele já havia se tornado amigo de quase todos no rancho, constantemente estava acompanhado do médico ou de uma das enfermeiras, e de vez em quando o xerife também aparecia menos Nicholas, aquilo deixou Kamilah muito desconfiada, mas John lhe garantiu que ele sempre estava em contato que não havia por que ela ficar preocupada. Muitas vezes Kamilah pegou no telefone para falar com Leila, mas sempre desistia no fundo ela estava gostando daquela condição de Adonai, sem memória, ela poderia ficar próxima a ele sem medo, sem culpa. O sol estava quente e Kamilah estava caminhando por entre a plantação de trigo pensando em como seria no momento em que Adonai fosse para sua casa, ela ainda não sabia o que fazer, mesmo sem memória, ela ainda tinha uma certa reserva com ele por causa de Ethan, até aquele momento, ainda não havia dito a ele que possuía um filho, e naquela tarde, esse segredo deixaria de existir, por que ele iria para sua casa, iria para perto do filho. O calor estava insuportável, por um momento pensou em se banhar no lago, mas deixaria para um outro dia, enquanto saia da plantação, um índio da comunidade surgiu no meio da vegetação, ela se assustou, mas se conteve, ele sorriu para ela, então ela relaxou novamente, ele trazia nas mãos algumas ramas do trigo e do capim, ela o olhou curiosa, antes de perguntar-lhe o que estava fazendo, ele lhe falou: 

- É com essas ramas que fabricamos os balaios para vender no comércio. 

- Eu sei, Mamymacaia me mostrou o trabalho de vocês. 

-Mamymacaia gosta muito de você. O índio declarou e logo foi caminhando sentido à comunidade, Kamilah por sua vez passou a mão na rédea de sua égua e veio caminhando, ao lado dela a égua dava sinal de que queria cavalgar, ela sabia que todos os dias naquele horário ambas se entregavam ao vento da planície, mas aquela tarde seria diferente, Kamilah iria enfrentar algo que não tinha certeza de como ficaria depois. Passou pelo barracão onde algumas máquinas estavam sendo preparadas para a colheita do trigo, conversou com o responsável, arquitetaram alguns planos de venda, então ela seguiu para a casa. Subiu na sela de seu animal e bateu nos flancos da égua, e a égua saiu em disparada até o rancho. Ao passar pela pequena porteira a égua entendeu que estava indo para a casa, logo elas já estavam no estábulo, Kamilah retirou a sela e a pendurou na cerca de madeira, então pegou uma mangueira e jogou água no animal, o calor estava imenso, era preciso refresca-la, mas na verdade, Kamilah estava era tentando desacelerar o coração, pelo horário, já deveriam ter levado Adonai para sua casa, ele já deveria estar acomodado no quarto em que ela arrumou para ele, provavelmente ele deveria estar deitado, pois ainda estava debilitado por causa da fratura na perna. Já tinha molhado a égua o suficiente, então pegou uma escova e foi alisar o pelo negro da égua, não queria pensar, mas não tinha jeito, quanto mais escovava, mais seu coração apertava. Deixou de fazer aquilo e foi buscar um balde de feno e de trato para colocar no cocho, verificou a água e depois se sentou em um tronco caído perto da coxia, olhou para frente e viu o velho Thomas vindo em sua direção, ela o aguardou silenciosa, ele veio e sentou-se ao lado dela, ela o olhou esperando o que ele tinha pra falar. 

-Cigarro? Ele ofereceu. 

-Thomas já lhe disse que isso ainda vai te matar. 

-Eu sei, mas se fosse você eu fumaria um. 

Ela sorriu para ele enquanto ele acendia o cigarro, ela acabou pegando um também, ficaram assim enquanto o sol se encobria atrás da colina. 

-O moço já está acomodado. Thomas falou a Kamilah. -Isabel levou o menino lá pra casa, pedi a ela pra esperar você chegar. 

-Thomas, você é um amor, obrigada por ter se preocupado comigo, mas vou ter que enfrentar isso sozinha. 

-Eu sei, mas estamos aqui. 

Uma noite em teus braçosOnde histórias criam vida. Descubra agora