Parte I - Lídia e Lena:. 10

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Parte I - Lídia e Lena:. 10

Lídia seguiu até o armazém dO Castelo com uma lista no bolso e a mente pesada. Lena a seguia, caminhando ao seu lado guiando um carrinho de mão de madeira, ambas enfurnadas em casacos negros e atravessando um dos pátios internos na direção de uma porta.

– Lídia, – chamou a morena, puxando a outra de seus pensamentos. O carrinho trepidava nas pedras.

– Oi?

– O que cê acha dessa palhaçada toda de baile de máscaras?

– Hein? – Lídia tentava fisgar o fio da conversa, distante que estava em si mesma. – Ah, sim. Ahn... bem... eu não sou muito chegada em festas, mas como a Freya gosta, eu acabo acompanhando ela.

– Eu acho tudo isso uma sacanagem.

Lídia sacudiu a cabeça confusa:

– Do que você está falando? – Ela sabia que boa parte dos eventos sociais dO Castelo terminavam naquele termo, mas a frase solta não lhe disse nada em especial.

– Caraca, Lídia, presta atenção! Isso é tudo manipulação daquela careca da Matriarca!

– Como assim manipulação, Lena? Eu não estou entendendo do que você está falando...

– Caralho, hein, Lídia! Tú é burra ou o quê?! – E a vampira branca apertou os lábios, resignada, acostumada que estava com as patadas e ofensas gratuitas. As duas chegaram na porta trancada e o carrinho descansou. – Presta atenção, a Matriarca quer manter a gente sob vigilância! Aquela escrota cabeça de ovo quer controlar tudo, – desenvolveu enquanto Lídia abria o armazém para ela. – Ela quer saber aonde a gente tá e o que a gente tá fazendo pra poder manipular a galera, pra gente obedecer sem sequer perceber que 'tamo obedecendo, – sua voz saiu abafada quando entrou no aposento abarrotado de sacas, caixas e barris estufados com todo o tipo de ingrediente. – Essa história de "baile de máscara" faz todo mundo agir feito idiota e dançar na mão dela.

– Não acho que haja tanta má intenção assim, – argumentou Lídia. – Não acho errado querer manter o controle de um grupo de vampiros, – disse, passando o olho pela lista. – Vai pegando a farinha e os ovos, por favor.

– Tu é muito retardada de vez em quando, sabia? – Disparou a outra, obedecendo. Lídia apenas revirou os olhos. Não era à toa que poucos a suportavam. – A Lilith quer que cê pense que tá tudo bem, mas, no final, só tá usando a gente.

– Usando para que?! Qual é o grande plano maligno dela? Deixa de ser paranóica. O que ela está fazendo é impedir que a gente enlouqueça. Você conhece os outros grupos de vampiros e sabe das bizarrices que eles fazem.

– Não tem nada a ver uma coisa com a outra! Pára de falar merda. Eles fazem aquilo porque eles são loucos! A gente não é louco!

– Sim, mas eles não piraram do nada. Quando foram transformados em vampiros, eles eram como somos hoje. Só que, com o tempo, foram perdendo o juízo.

– E como um "baile de máscaras" vai impedir isso?! Dançar feito imbecis vai nos manter "legais e bonzinhos"? – E fez movimentos numa caricatura pejorativa.

– A Matriarca quer manter a gente ocupado, – explicou Lídia, movendo com facilidade uma caixa pesada de batatas. – Se trinta e tantos vampiros começarem a ficar entediados, vai dar problema. Ela quer fazer a gente tomar gosto por comida e... ahn... por...

– Putaria?

– É... – assentiu Lídia corando. – Ela quer que a gente goste dessas coisas ao invés de matar e torturar.

Anjos e Vampiros - A Filha da VampiraOnde histórias criam vida. Descubra agora