Retorno a Kattegat

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Era uma tarde como outra qualquer em Kattegat, porem, recentemente a cidade havia sido tomada por Ivar e seu irmão Hvitserk e agora ambos estavam em Campo de batalha em Wessex, ou ao menos deveriam estar, pois naquela mesma tarde os barcos com os sobreviventes, incluindo, é claro, os dois soberanos, especialmente Ivar a quem o povo mais temia e o exercito mais respeitava, estavam de volta.

-acho que eles voltaram... - comenta Fryda, uma jovem de 20 anos, longos cabelos castanhos e olhos amendoados que observava a movimentação das pessoas no cas da cidade enquanto mantinha-se apoiada ao batente da tenda onde estava

-não diga isso como se estivesse esperando por alguém, não há ninguém que nos interessa entre eles... - resmunga Sigrid, uma senhora de idade mais avançada que cozinhava algo em um caldeirão dentro da tenda 

-não fale assim, a senhora sabe o quanto é perigoso dizer o que pensa em voz alta - a jovem rebate sem tirar os olhos das pessoas que se dissipavam como fumassa como se de fato esperasse por alguém entre eles

-Hum, é perigoso se alguém além de você me ouvir... e ainda é menos perigoso do que o que você está fazendo mocinha - Sigrid diz atenta ao que estava preparando com a ajuda de uma serva que logo se aproxima com mais ingredientes

-...eu não sou mais uma garotinha, Sigrid - Diz a jovem após um suspiro

Quase que no mesmo instante a moça puxa o ar ao avistar o que queria, ou melhor, quem queria, Ivar seguia apoiado em sua muleta ao lado de Hvitserk que logo seguiu na frente deixando o mais novo para trás, o rapaz caminha com dificuldade porém com um surpreendente sorriso de satisfação no rosto, ele segue até uma carroça e logo sobe na mesma apoiando a muleta ao lado para livrar-se das braçadeiras de montaria, enquanto tirava o excesso das faixas o rapaz sente-se observado e olha ao redor instintivamente encontrando os olhos castanhos de uma jovem no batente de uma tenda, a moça pareceu se surpreender e rapidamente desviou o olhar disfarçando e seguindo para o interior da tenda enquanto o moreno de penetrantes olhos azuis mantinha o olhar fixo na tenda dessa vez sem o menor resquício de sorriso e instantes depois volta a focar-se nas braçadeiras seguindo depois para sua própria tenda pois em breve a noite cairia e todos jantariam juntos no grande salão.

Ao cair da noite, como era previsto, Sigrid enchia cumbucas para que as servas levassem a seus senhores no salão onde estavam reunidos, entre a fila de servas a mais velha rapidamente reconheceu Fryda.

-por Odin, o que você está fazendo garota? - esbraveja em tom baixo a senhora 

-por favor Sigrid... você sabe o quanto eu desejo isso... - súplica a jovem com olhos brilhantes  e fixos nela sem menção alguma de esconder suas intenções 

-Fryda, você não é uma serva e sabe disso... por que se rebaixar dessa forma por alguém que não merece sua admiração?  - tenta mais uma vez alertar a jovem

-Eu o amo, Sigrid... eu preciso - Diz com toda a sinceridade sem se quer piscar 

A mais velha suspira em desistência, Fryda era uma moça gentil e doce, mas também teimosa em excesso quando queria.

-vá então... e tenha cuidado criança - alerta enchendo a cumbuca que a jovem segurava

Fryda sorri abertamente em agradecimento e segue com as servas para o grande salão.

O lugar estava cheio muitos bebiam e festejavam com jogos e muita cerveja o que deixava claro o quanto estavam felizes pela Vitória em Wessex.

Fryda acompanha uma das servas até a mesa principal enquanto a moça servia Hvitserk, Fryda se aproxima com calma e delicadeza servindo Ivar, que assim como qualquer magnata, nem notou a aproximação da jovem, ou fingiu não notar, tal como todos faziam, os servos e escravos eram como fantasmas no grande salão, a menos que algum dos homens ali presentes as achassem atraentes ou boas para uma noite de diversão, essa era a única coisa que Fryda temia de fato, além da dificuldade que ela tinha de não focar seu olhar em Ivar, uma serva nunca poderia olhar diretamente para seu senhor a menos que lhe fosse permitido pelo próprio, e naquele momento o moreno mantinha um largo sorriso no rosto, parecia se divertir com a comemoração de seus homens enquanto bebia com seu irmão, aquela visão era extremamente facinante para a jovem Fryda, o sorriso dele, seu olhar sempre tão profundo e discursos intrigantes sempre fascinavam a moça, por isso era preciso um tremendo auto controle para não encarar o rapaz a sua frente.

Após um discusso breve de Ivar agradecendo e também motivando o excercito para as próximas batalhas que viriam, todos passaram a comer, vez ou outra Fryda servia Ivar com mais bebida quando lhe era solicitado e precisou algumas vezes receber leves cotoveladas da serva de Sigrid, Hilda, a qual era sua única amiga ali no salão pois vez ou outra Fryda encarava Ivar sem perceber devido a sua fascinação por ele.

-mantenha o olhar em seus pés... quer ser punida? - Hilda, a serva em questão, alerta

Na infância Fryda havia sido um tanto próxima dos filhos mais velhos de Ragnar, Ubbe e Hvitserk, o tempo os distanciou um pouco, mesmo assim Fryda temia ser reconhecida por Hvitserk ali, por isso saiu pouco depois de servi-los uma última vez deixando que as servas de verdade fizessem o resto do trabalho.

O que ela não notou e pedia aos deuses para que não acontecesse, inutilmente, era que Hvitserk a acompanhasse com o olhar se perguntando em silêncio quem era aquela serva que ele não se lembrava de ter visto antes.

Eu te amarei para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora