Eu te amarei para Sempre

Reconquistem Valhalla

Fryda aos 9 anos chorava perto da praia a morte do irmão, o altar de madeira queimava junto com o corpo do pequeno enquanto a menina se negava a deixá-lo.

-Fryda - a menina reconhece a voz do melhor amigo mas se mantém em posição fetal enquanto chorava

Ela apenas sente a aproximação e o menino pouco mais velho se sentar ao seu lado.

-eu soube do seu irmão... Sinto muito - Hvitserk diz e a menina enfim ergue o olhar olhando apenas para as chamas do altar a frente

-foi tudo minha culpa... eu deixei ele ir quando deveria ter ficado comigo trabalhando... Mandei meu irmão para a morte - ela chora

-como aconteceu? - Hvitserk pergunta - isso se quiser me contar...

-... ele queria ir brincar com as outras crianças quando tínhamos que buscar água para nossa mãe... Eu disse para ele ir que eu levaria a água... Mas quando olhei de novo um menino em um carrinho de madeira havia acertado meu irmão com um machado - ela curva a cabeça chorando novamente

-...eu sinto muito - Hvitserk diz segundos de silêncio depois

-não foi culpa sua... - ela diz secando o rosto entre soluços

-não... Mas acho que sei quem é o menino do carrinho - Hvitserk diz e a menina em fim olha para ele - ...meu irmão mais novo, Ivar

Ivar... Aquele nome não saiu mais da mente da menina.
No dia seguinte Fryda ficou perto do grande salão, espiando, até avistar a rainha Aslaug e o menino brincando sozinho sentado dentro do carrinho como no dia anterior, ele parecia solitário.

-o que está fazendo? - Hvitserk aparece de repente assustando a menina

-desculpa, eu não queria ser intrometida... - ela diz envergonhada e ele ri ao perceber o que ela estava fazendo

-esta espiando meu irmão?

Ela não responde, apenas volta a olhar o menino que permanecia distraido.

-...por que ele fica naquele carrinho?

-Ivar é alejado, ele não anda como nós - Hvitserk explica deixando a menina ainda mais surpresa

-Ele parece... solitário - ela diz sentindo-se mal por ele

-Ele não é como nós, Fryda... Minha mãe cuida dele o dia todo - o mais velho explica

A menina permanecia com o olhar fixo no menino até vê-lo sorrir tentando mostrar alguma coisa para a rainha que permanecia sempre ao lado dele, Fryda sorri junto mesmo sem perceber.

-vem Fryda, vamos caçar insetos - Hvitserk diz chamando a atenção dela

-ai não, credo - ela faz som de ânsia de vômito e o menino ri - eu pego as flores e você os insetos - ela diz

-combinado - Hvitserk sorri seguindo na frente

Fryda dá uma última olhada em Ivar e sorri com compreensão sentindo um certo alívio, ela sabia que devia sentir raiva, sabia que deveria desejar vingança por seu irmão, é o que qualquer pessoa faria, mas surpreendentemente seu coração estava em paz.

Daquele dia em diante a menina passou a prestar mais atenção em Ivar, ainda que nunca falasse com ele, ela o via diferente, não como um coitado incapaz, mas como um homem de verdade, um homem que via o mundo diferente da maioria das pessoas e isso a fascinava.

Agora, no meio da tarde, Fryda estava velando Sigrid, chorava em silêncio enquanto observava o altar de madeira queimar a beira mar junto com o corpo da mulher que a havia criado.
Não demorou para que ela sentisse uma aproximação lenta.