Prólogo.

243 17 2
                                    

Efeito borboleta: série de eventos catastróficos que dependem da situação inicial, e nesta, uma fragilidade reside, desestruturando o restante e fazendo tudo cair como o vento e dominós em filas.

Eu não entendia exatamente o que era, o porquê, mas depois de ser estranhamente acolhida por Inês quando ela entrou em minha mente, vi empatia em seus olhos, vi o medo que ela escondia tão bem e na minha vulnerabilidade, ela fez o mesmo. Eu vi parte de mim nela, ouvi minha história em suas palavras, eu vi a parte que ela me permitiu ver, mas não se escondeu em sua totalidade misteriosa, ao contrário, sua mão tocou a pele gélida de medo do meu rosto e me esquentou por dentro.

Foi assim que eu a conheci, que eu realmente a conheci. Vi a procura por uma salvação dos que eram como ela, agora, como Eric. Eles sempre atrás de respostas e nesse quesito eles se assemelhavam muito, obcecados por uma proteção, por saber de tudo, mas em contrapartida ela realmente parecia saber de tudo, senão sabia de muita coisa que lia nos olhos de todos. Ela nem sempre falava muito, se mantinha quieta e com poucas palavras significativas, parecendo um oráculo ou o mestre dos magos, estava sempre carregada de mistério, certezas e confusões, terrores e tristezas, mas também carregada de carinho e este eu pude sentir.

Mas como toda ponta de iceberg, esse episódio entre nós duas fora somente o visível, o começo para uma história na história, o tal vento que abalariam as peças do dominó e fariam um cair sob o outro, até o último desfalecer com o peso de todos os anteriores acima dele. Só não sabíamos quem seria a outra ponta glacial e flutuante do mar, a ponta escondida que ninguém pensa em ver. Quem seria o vento e quem seria a peça? Como se todas essas questões importassem quando se tem os olhos dela sob você, por isso, não me importo com elas.

Efeito BorboletaOnde histórias criam vida. Descubra agora