O Amor é Um Jogo [KarLena]

4. Entre casos e acasos.

Kara, sentada à mesa de sua irmã no Departamento de polícia, analisava a ficha de alguns suspeitos em um caso de assaltos a banco em série. Já há alguns dias, vinha ajudando Alex a conduzir essa investigação. Estavam no rastro da quadrilha que atuava na região metropolitana de Londres.

Na verdade, a loira trabalhava no setor Circunscricional, logo, seu trabalho era desempenhado basicamente na rua, patrulhando. Mas, apesar de gostar da adrenalina proporcionada pela ação e da satisfação que sentia em proteger os cidadãos londrinos, decidira que, depois de sete anos, já era tempo de empenhar-se em conseguir uma promoção para o setor Especializado do MET, feito conseguido pela irmã dois anos atrás.

A morte do parceiro, John Corben, abatido em serviço cerca de três meses antes, acabou sendo o catalisador que a pequena Danvers precisava para iniciar imediatamente sua preparação em busca do cargo almejado.

Era uma função mais segura, investigativa, burocrática. E Kara, já tendo completado trinta anos, queria mais disso agora em sua vida. Talvez não demorasse muito para casar, quem sabe até quisesse ter filhos. Se isso realmente acontecesse, ganhar um pouco melhor também não seria nada mal. Por isso, estava ali, gastando horas do seu tempo livre, com o intuito de adquirir experiência.

Debruçada sobre a papelada, a policial relembrou, mais uma vez, a noite que passou com Lena. Nos últimos cinco dias, pensara nela algumas vezes. Muitas, para falar a verdade, mesmo tendo trabalhado incansavelmente, por causa da jornada dupla.

Porém, apesar do cartão em seu bolso, bem ao alcance da mão, resistira ao impulso de ligar para a outra mulher. Resistiu por orgulho, já que a insistência da advogada em deixar claro seu interesse em aventura apenas, acabou por incomodá-la um pouco.

Kara tivera vários envolvimentos desse tipo. Isso não era o problema. A questão é que, geralmente, ela mesma não desejava algo sério. Mas, a advogada, com a sua contundência em afirmar isso em uma primeira vez puramente casual, deixara os brios de Kara levemente abalados. Soava quase como uma rejeição, algo com que não sabia muito bem como lidar.

Além disso, ficou com a impressão que Lena só passara o número por educação, pois sequer se deu ao trabalho de pedir o seu também.

Então, apesar de querer muito revê-la, depois que seguira sua rotina normal, resolveu que deveria só deixar o tempo passar. Logo não pensaria mais nela com tanta frequência, e Lena Luthor acabaria virando apenas mais uma lembrança boa de uma noite incrível.

Alex abriu a porta e entrou de repente, fazendo Kara se sobressaltar um pouco, tão perdida que estava em seus próprios pensamentos.

— Assim que acabar a reunião com o chefe, eu venho te ajudar com essa papelada. Não quero ser acusada de explorar minha própria irmã. — Alex foi falando enquanto procurava alguma coisa no armário perto da mesa.

— Não se preocupe. Eu sei bem por que estou aqui. Na realidade, é um favor que me faz, pois jamais me deixariam ficar tanto tempo metida neste departamento sem fazer parte da equipe, se não fosse pela sua influência. E, realmente, ainda há muita coisa para aprender. — Kara externou sua gratidão.

— Mas você está se saindo muito bem, maninha. Tenho certeza que a promoção virá em breve. — Alex sorriu, já se encaminhando de volta para a porta, parecendo ter encontrado o que procurava, uma pasta preta.

Porém, antes de sair, Lucy Lane entrou na sala, trazendo dois copos com o logotipo da Starbucks nas mãos, o que deteve a Danvers mais velha por mais um momento.

— Olá, minhas irmãs Danvers favoritas! — a recém-chegada cumprimentou bem-humorada.

— Oi, Lucy! — as outras duas responderam praticamente em uníssono.