10. Era uma vez uma fantasia - Pt. 1

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Lentamente elas interromperam o beijo, permanecendo de testas coladas por mais algum tempo. Lena sorriu, Kara também. E os beija-flores foram, gradativamente, voltando para os seus esconderijos, fora do campo de visão de ambas.

Quando o contato finalmente cessou, Kara olhou mais uma vez para os lados, ainda abismada com a beleza daquele lugar e com a diversidade que avistava. Eram lilases, laranjas, vermelhos, brancos, rosas... Um sem-número de cores em perfeita harmonia, dando vida àquela magnífica paisagem. Contemplar o campo de flores era como ver um arco-íris na horizontal.

O olhar perdido dela não passou despercebido à Lena que imediatamente questionou:

— Está procurando os colibris? Eles já voltaram a sugar o néctar das flores que estão por baixo dos arbustos. — Continuava sorrindo, encantada com a expressão de fascínio da outra. — Sabia que você foi duplamente privilegiada por vê-los?

Kara ficou curiosa.

— Por quê? — Perguntou.

— Porque estas são aves muito raras na Europa. Estes espécimes são descendentes de alguns trazidos pelo meu pai de uma viagem que fez ao Equador doze anos atrás. — Explicou.

— Mas isso não configura tráfico de animais silvestres? — Kara franziu o cenho.

Antes de responder, Lena suspirou, exasperada com a pergunta prática feita pela policial diante de um evento tão singular.

— Esta não é a questão, Kara... — Pôs-se a esclarecer. — O impressionante é o fato de aqueles exemplares que o meu pai importou terem sobrevivido aqui, em um clima tão diferente daquele a que estavam acostumados, e, mais ainda, por conseguirem procriar. É um desses inexplicáveis fenômenos da natureza.

— Ah, sim... — disse envergonhada. — E qual o outro motivo?

— É possível que, além da minha família, poucas pessoas tenham tido o prazer de apreciar essa maravilha antes. — Lena confessou, meio enfadada.

A revelação deixou Kara espantada.

— E por que eu tive este privilégio? — Indagou, mesmo sabendo que corria o risco da advogada ficar mais aborrecida com ela.

Mas, ao contrário do que imaginava, Lena respondeu tranquilamente.

— Porque ontem você foi uma boa menina e merecia uma recompensa.

A loira sorriu.

— Então, quer dizer que toda vez que eu for uma boa menina farei jus a uma recompensa?

— É o justo, não?

— Interessante... — Pontuou com malícia. — Mas, voltando ao assunto, fiquei muito lisonjeada por ser uma das poucas pessoas fora do clã Luthor a contemplar esse espetáculo. Por isso, prometo que não vou denunciar seu pai às autoridades equatorianas. — Declarou, solene, mas com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Kara Danvers, o que eu vou fazer com você e suas piadas idiotas, hein? — Perguntou mais descontraída.

— Ei, as minhas piadas não são idiotas... — A loira ficou indignada.

— São sim. Então, cala essa boca e me dá logo um beijo! — Disse, projetando-se na direção dela, mas Kara resistiu, pendendo a cabeça para trás.

— Não faça isso! — Lena espalmou a mão por trás da cabeça loira, empurrando-a levemente em sua direção, trazendo Kara para si, pressionando a boca na dela, enfiando, quase sem delicadeza, a língua entre os lábios da outra.

Dominada, a policial se segurou nos braços da morena, devolvendo o beijo. As línguas estavam, mais uma vez, disputando espaço.

Lena só a soltou quando a viu sem fôlego. Ao final, estava rindo.

O Amor é Um Jogo [KarLena]Onde histórias criam vida. Descubra agora