19. Sentindo a falta dela

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A semana praticamente voou, preenchida pela rotina exaustiva de Lena. Naqueles dias, teve muitos compromissos de trabalho e quase nenhum tempo para si. Nada tão fora do comum. Só ela mesma sabia que tudo não estava igual há uma semana.

Kara não havia ligado desde a última sexta e ela também não tivera coragem de procurá-la. A policial saiu do hotel fazenda no meio da madrugada deixando uma pergunta no ar para a qual Lena ainda não tinha resposta, mas isso não impedia que sentisse uma falta profunda dela.

Falta do cheiro, falta do toque, falta do beijo, do jeito carinhoso dela... Sentia falta de todas as emoções que Kara provocava em seu corpo e que pouco a pouco a fizeram trair as próprias convicções sobre o que esperava daquele envolvimento. Ao contrário do que a loira imaginava, Lena também não tinha conseguido deixar os sentimentos longe, só não estava pronta para evoluir a relação, por isso desejou muitas vezes durante a semana que aquela conversa nunca tivesse acontecido, assim ainda poderia ter Kara como antes.

Sem se levantar, alcançou o celular na mesinha de cabeceira para desligar o despertador. Colocava o alarme por precaução, mas geralmente acordava antes dele soar e naquele dia não foi diferente. Quando desbloqueou a tela, percebeu que Imra havia mandado algumas mensagens na noite anterior, basicamente reclamando por não terem mais se visto fora do escritório.

Lena levantou da cama em direção ao banheiro se culpando por ainda não ter resolvido àquela questão. Seu maior erro foi não estabelecer limites entre elas assim que o caso acabou. Imra agia como se nunca tivessem terminado, e a culpa era sua por ter deixado uma pequena fresta aberta por onde as insinuações e as provocações da outra advogada passavam livremente.

Como na noite em que após uma festa do escritório, acabou na cama dela novamente. Na manhã seguinte, acordou com a amarga sensação de que tinha cometido um erro e algo em seu íntimo lhe disse que pagaria por ele de uma forma ou de outra. Só não esperava que fosse magoando Kara.

Desceu as escadas depois de uns quarenta minutos pronta para mais um dia de trabalho. Consuelo, sua empregada desde que comprara a casa nova, tinha preparado uma farta mesa de café da manhã um pouco exagerada para uma pessoa só. A mulher se acostumou a trabalhar em casas de grandes famílias e às vezes esquecia que tirando os raros momentos nos quais recebia visitas ou as poucas noites da semana em que Billy ficava com ela, Lena fazia as refeições sozinha.

— O que a senhora quer que eu prepare para o almoço? — a imigrante espanhola com cerca de cinquenta anos, tirou-a de seus pensamentos trazendo a questão doméstica.

— Pode fazer o que quiser, Consuelo. — Lena respondeu com a gentileza com que sempre lhe tratava. A mulher desempenhava suas funções com tanta competência que rapidamente ganhara a simpatia da advogada. — Hoje não precisa se preocupar comigo... Estarei pelo centro participando de um congresso e me viro por lá.

Consuelo assentiu enquanto organizava os últimos itens sobre a mesa.

— Billy vai dormir aqui hoje. — Lena avisou.

A espanhola sorriu.

— Já sei! É pra fazer macarrão com queijo pro jantar... — Falou com seu sotaque acentuado.

— Exatamente! Mas amanhã a gente pensa em alguma coisa mais leve e saudável para o almoço... Se deixar, ele só come massa.

A campainha tocou e Lena pediu a Consuelo que fosse ver quem estava chamando tão cedo. Dois minutos depois que a empregada foi verificar a porta, Sam surgiu na frente da irmã com toda a sua animação matinal.

— Bom dia, Lee... Cheguei na hora certa! — Sam foi logo puxando a cadeira ao lado da irmã e se sentando. — Nossa você come tudo isso de manhã? — seus olhos arregalaram. — Como estão as coisas?

O Amor é Um Jogo [KarLena]Onde histórias criam vida. Descubra agora