CAPÍTULO 38

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Emili Petrov

Já estava a dois dias lendo o diário que era da minha mãe, e quanto mais eu lia, mais parece haver entre as entre linhas. Eu não sabia se ela fazia isso por medo de alguém um dia ler, ou esse era realmente seu jeito confuso de ser.

No início eu pensei ter certeza que Aslan Petrov seria meu pai, eram muitas coincidências, o sobrenome, a forma como ela descreveu sentir sua perda quando ele morreu, e o fato dela ter fugido logo depois de sua morte, que foi quando ela parou de escrever e deixou o diário para trás, me deixando a deriva no que realmente aconteceu com ela depois disso.

Mas em vários trechos dos seus dias ela parecia citar uma segunda pessoa. E em algumas citações ela se referia a estar confusa entre aquilo que era seguro e ela conhecia, e o que seu coração desejava. Sem falar que antes mesmo da chegada de Aslan, o qual ela descreve como o dia que seus olhos se encheram por sua beleza, ela fala de alguém que enche seu coração de alegria até mesmo com pequenos toques, o que parece ocorrer todos os dias durante algum tempo.

"Hoje senti novamente sua pele, em um toque sutil e gentil, enquanto ele passa por mim. Sua pele parece fazer a minha arder como brasa, ao mesmo tempo que meu corpo todo se arrepia ao simples toque dos seus dedos ásperos e quentes. Mal posso esperar para senti-lo novamente amanhã, e fazer meu coração voltar a se alegrar ao lhe ver."

Tentei encontrar alguma pista de quem poderia ser, mas não há nada, me deixando pensar que poderia ser qualquer um. Alguém que vinha ao palácio, alguém que ela encontrava na rua, um empregado. E por mais que aqui as mulheres não possam ser tocadas, eles parecem ter alguma intimidade, ou eles eram realmente muito discretos para fazerem algo assim sem serem percebidos, o que me deixa tantas outras dúvidas.

- Emili. - a voz de Haya me chama e eu olho para a porta do quarto, onde ela está parada me olhando de frente para a escrivaninha no canto do quarto. - O Sheik chegou e quer falar com você.

Sinto um frio cortar minha espinha.

Em todos esses dias que estou no palácio eu ainda não havia conhecido o homem que seria meu avô. Mas pelo que eu lia no diário da minha mãe, ele me parecia um homem frio e muito conservador.

Haya parece ver a preocupação e o receio que me atinge, e vem ao meu encontro.

- Não precisa se preocupar. Ele já a conhece, só quer conversar com você, e eu estarei ao seu lado. - sua mão toca sutilmente meu ombro e eu assinto fechando o diário, e deixando a página que estava relendo marcada, antes de me levantar.

- E como eu devo me apresentar a ele? - pergunto quando fico de frente com Haya, em pé.

- Como você realmente é, 'amira. Seja você, e ele terá que aceita-la.

Assinto concordando com ela, pois no momento não saberia ser diferente, apesar de não saber direito quem eu realmente era.

Mas quando seguimos em direção a porta do quarto eu paro e resolvo tirar algumas dúvidas com Haha antes de encontrar com o Sheik, fazendo ela também parar e me olhar.

- Como acha que ele irá me tratar sabendo que estou grávida? - pergunto demonstrando minha insegurança em minha voz.

Haya parece respirar sutilmente antes de me responder.

HERDEIRA DO PODER - O Jogo De Conquista I (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora