Capítulo V - Ao sabor do destino

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Numa manhã como qualquer outra, duas semanas após a partida de Bastilec, Nochsyn e Leinad estavam andando por um campo em Feix, ao Sul de Rofnor, quando ouviram gritos próximos. Após dias sem ver uma alma sequer, gritos eram um certo alívio.

Rapidamente alcançaram os gritos; vinham de um homem baixote e careca, escondido atrás de uma árvore. Ele estava vermelho e mal conseguia respirar.

—O que houve? — perguntou Nochsyn.

—F-f-fui atacado por um monstro! — pigarreou o homem.

—Finalmente um pouco de ação! Para onde ele foi? — rosnou Leinad.

—Para lá! Para o sul!

A dupla correu na direção apontada pelo baixinho, porém, quando chegaram, não se depararam com um monstro. Era apenas um javali, talvez um pouco mais gordo que o comum. O suíno estava remexendo a carroça tombada do tal, provavelmente caçando algo para comer. Leinad repetiu "xô" para besta, tentando espantá-lo.

Ignorado, Leinad decidiu usar da força. Ele ergueu seu machado, e cortou o vento com a lâmina afiada, porém, o porco fugiu no mesmo instante. O javali correu em direção a Nochsyn, que foi pego de surpresa, e se viu montado no animal como se fosse uma criança. O minotauro, mais uma vez furioso, abraçou o cabo de seu machado e preparou-se para o próximo golpe.

—Ah, porquinho, você vai ser meu almoço!

A fera se aproximava de Leinad, e ele tinha um sorriso estranho no rosto; ele passava a língua nos lábios e ria histericamente enquanto sua presa se aproximava. Porém, antes de desferir o golpe final, gritos desesperados vieram da carroça. Erguendo primeiro seus braços magricelos, um goblin saiu da carroça; o sujeitinho verde, quase um filhote de orc, estava ostentando uma grande barriga flácida e poucos cabelos na cabeça.

—Parem! — berrou o goblin velho e esfarrapado — Não matem o Bork, ele só estava me protegendo.

—Seu porco tem um nome? — indagou Leinad.

—Você também tem um. Por que ele não teria?

—Seu pequeno filho da...

—Espere, sim? Eu não estava roubando. Apenas pensei que poderia prestar meus serviços ao humano consertando sua carroça.

—Leinad, pegue uma corda. Vamos ter porco e goblin hoje. — disse Nochsyn.

—Sério?

—Claro que não. Deve haver uma cidade mais adiante para largar ele. Normalmente, você morreria pela espada, mas ele está de bom humor hoje.

A dupla caminhou por algum tempo carregando o pequeno goblin sobre seu porco e o baixote careca. Quando enfim encontraram traços da civilização, foram bem recebidos em uma pequena cidade, nada grande o suficiente para ser notada e protegida pelo Império. Muros baixos, guardas mal armados. Era uma típica cidade no interior do país, e ela possuía apenas duas atrações. A espada de Sir Brathuaris, o campeão da Primeira Grande Guerra e nativo desta cidade, cuja possui o mesmo nome do tal, e a casa de balões.

Não muito longe da cidade, durante a Primeira Grande Guerra, ou a Primeira Guerra Imperial, Sir Brathuaris, nascido na cidade de Cenzof, foi o único sobrevivente da Batalha dos Cem, que envolveu apenas cem imperiais e mil invasores do império de UmitoUmi. Após isso, a cidade adotou seu nome, e após seu falecimento sua espada ganhou a alcunha de Matadora de Demônios. Não muito tempo após sua morte, os baloeiros chegaram, pois a cidade estava na rota da Cidade das Nuvens, uma construção gigantesca que atravessa todo o continente, sempre em constante movimento.

Nos portões da cidade, logo se aproximaram de um guarda escorado em uma parede. O guarda não parecia preocupado em guardar o portão.

—Bom dia... uh, este monstro me atacou, mas por sorte fui salvo a tempo. Estas estradas deviam ser mais bem vigiadas! Como membro do comitê... — resmungava o baixote.

O Príncipe MalignoOnde histórias criam vida. Descubra agora