Capítulo XXI - O bom rei ao castelo torna

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Nochsyn ainda estava um tanto zonzo. Maximus não era um especialista em teleportes, lançando o amigo através de incontáveis dimensões, até que alcançou a dimensão onde estava a torre. O ladrão se rastejava pelos degraus, lutando para se manter de pé.

—Leinad?! — berrava Nochsyn, porém, sem resposta.

De volta ao sopé da torre, nem todos os animais se encontravam lá, apenas Liroled. Onde estavam os cavalos? Na melhor das hipóteses, Maximus os teleportou. Temendo pelo pior, Nochsyn ouviu latidos de trás de arbustos e foi rapidamente ao encontro da fonte. Loupien estava bem e feliz em reencontrar seu mestre e amigo. A alegria do ladrão mal poderia ser mensurada.

Quando conseguiu se colocar de pé, percebeu que Liroled andava sobre um chão repleto de pequenas pedras. Pequenos fragmentos caiam do teto, como lágrimas das faces que compunham a montanha. Lágrimas maiores começaram a cair, e a própria torre começou a se desfazer. Grandes blocos e pedregulhos tão grandes quanto Leinad caiam sobre Nochsyn. Todo o lugar estava ruindo.

Nochsyn conseguia correr, mesmo que aos tropeços. Como uma criança que havia acabado de aprender a correr, ele montou seu cavalo e correu em direção ao portal por onde vieram. O ladrão galopou com os animais em direção à saída, mas a mesma apresentava falhas. Ainda distante, a luz rubra do portal extinguiu-se, reacendendo em seguida em um tom rosa.

Não havia tempo para relutar, a saída era esta e apenas esta. Nochsyn e os animais atravessaram o portal rosa, porém, sua visão não foi a encosta pedregosa da cadeia de montanhas, e sim um pântano.

Era um pântano verde e cheio de vida, mesmo com água chegando na altura dos joelhos. O único mais insatisfeito que Nochsyn era Loupien, que estava há poucos centímetros de ficar submerso.

—Certo, onde estou? — perguntava Nochsyn para si mesmo.

O fato de estar em um pântano acabava por limitar sua localização, afinal, nem todos os reinos em Raglent possuem pântanos tão vivos como este, logo, Nochsyn estava em algum lugar de Merlix. Enfim, os livros de sobrevivência viriam a calhar.

O pântano não era denso, mas a copas de suas árvores eram enormes e quase cobriam a luz. Para sua sorte, a água turva encontrava seu fim em uma clareira próxima, pequena, porém, seca.

Os animais estavam assustados, pois no pântano moram perigos que se escondem tão bem quanto Nochsyn. Ainda tentando sair da água turva e barrosa, o ladrão conseguiu avançar pouco mais que dois metros, até que seu progresso foi interrompido por um farfalhar nos arbustos próximos.

Era de se esperar que feras na região soubessem da chegada de Nochsyn e os animais. Um grande poder foi criado naquele lugar, desparecendo em seguida. Corpos pesados foram lançados na água. Odores diferentes dos esperados em um pântano.

O clima foi tornando-se cada vez mais tenso, até ser quebrado por um pressentimento ruim. Se Nochsyn tivesse sido uma fração de segundo mais lento, seu rosto teria sido picado por uma criatura que se atirou da água como se não comesse há tempos. Era parecido com um crustáceo, porém, tinha uma bocarra cheia de dentes e não era muito maior que um gato doméstico. Nochsyn o agarrou antes que a criatura dilacerasse seu rosto e o atirou para longe, porém, quando o crustáceo tocou a água, foi pego por um símio com seis braços preso em uma árvore, e este foi abocanhado por algo que parecia um crocodilo.

—Sempre há um peixe maior.

Após o bote da fera, Nochsyn achou melhor apressar-se em sair da água, alcançando o terreno seco bem rápido. Terra firme, sem lama e sem perigos submersos. O Sol estava nascendo e sua luz carente mal alcançava as roupas úmidas de Nochsyn, encharcadas com água doce. Agora, o ladrão estava um pouco menos perdido. Em Merlix, as construções estão sempre próximas de rios, e um pântano de água doce significa que há um rio próximo, em algum lugar.

O Príncipe MalignoOnde histórias criam vida. Descubra agora