Capítulo 3 - falhas e mais falhas *

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* contém gatilho tw: estupro 

Jasmin pisou o pé em casa e após parar na cozinha para lavar as mãos, ela foi bombardeada com sua mãe fazendo comentários sobre a louça suja e a casa bagunçada, e ninguém movia um musculo para fazer algo a respeito disso – ela parou, respirou fundo e olhou de canto pegando o ângulo de visão de Lucia. Não era possível ela estar reclamando tão cedo quando a sujeira mencionada tinha sido feita por ela e seu filho.

"Respire fundo, Jasmin! Conte de 1 até 5 e não surte.", ela abriu a torneira, colocando as mãos dentro da água corrente para lavar as mãos logo. "Foda.", e fechou a torneira após lavar a mão.

Ela caminhou para o seu quarto para deixar a mochila lá e voltar.

— Ninguém quer lavar a louça... — Lucia dizia em forma de murmúrio para irritá-la e os comentários não paravam aí. — É... quando eu morrer, quero ver quem vai cuidar dessa casa. Não, mas tudo bem, mãe é uma só... se fosse para ir fazer algo para um estranho, todo mundo fazia e fazia feliz, uma louça ninguém quer lavar...

"Você fala como se eu fosse a única inquilina aqui", ela trincou o maxilar, separando tudo em ordem para lavar tudo certinho.

— Tem mais alguma coisa para lavar?

— Não, só isso mesmo.

— Só isso?

— Só.

— Ok.

Os diálogos com Lucia eram curtíssimos, era melhor assim porque ela não queria se decepcionar mais do que já estava com a mãe e por isso ela se abstinha. O seu fone tocava "Cobwebs" do Motionless in White e ela sentia arrepios enquanto Chris cantava sobre estar vivendo no passado e isso a tocava porque dentro da sua realidade ela poderia citar com facilidade quando parou de prestar atenção nas mudanças que teve na sua vida, dos amigos que foram embora e como ela permaneceu com as memorias cravadas em si devido ao seu gênio de guardar tudo para si.

Ela olhava para o passado em perspectiva agora e sentia que poderia ter feito coisas diferentes e até de forma melhor, mas não tinha como mudar o que aconteceu ou recuperar os laços cortados nesse tempo em questão como, por exemplo, com Amanda e Alice, suas meias-irmãs por parte de pai. Ela ainda gostaria de ter contato com elas, mas as duas tinham cortado o contato a xingando e ela se culpava por isso sempre, mesmo não tendo culpa de seu pai ter sido o mentiroso da história. A sua relação com Luan também tinha ido por água abaixo por conta dos pais, ela e o irmão não se falavam direito desde o estopim e a separação dos pais onde ele a culpou por tudo e ela apenas aceitou a culpa. Eram feridas que nunca cicatrizaram bem o suficiente para não incomodar mais.

E assim ela terminou de lavar a louça.

— Tá limpa e seca — informou Jasmin, passando para o seu quarto.

Ela entrou, inspirou fundo e suspirou se sentando na cama. Ela tirou os tênis e se despiu indo separar o que usaria depois de tomar um banho e se enrolou na toalha caminhando para o banheiro em seguida.

"Hoje você não me escapa", ela disse, olhando para o seu cabelo. "Forças, Jasmin!"

*

— Tô indo no pai, mãe — Luan disse, gritando para Lucia. — Só volto a noite.

Jasmin revirou os olhos, irritada. Ela queria poder ir visitar o seu pai também, quer dizer, não que ela fosse visitá-lo, mas seria bom poder rever Amanda e Alice. Tudo porque ela contou a verdade – era crime? Ela falou a verdade e foi crucificada? Até hoje isso não parecia certo, mas aceitou a culpa já que segundo a sua mãe a causadora do problema todo foi ela com o seu princípio de depressão.

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