Capítulo 07

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Minhas pernas avançam na direção daqueles bastardos, antes que pudesse pensar em mais alguma coisa meu corpo salta sobre o homem que está a tocar o corpo de Kaoru, minhas mãos estão cerradas, sem medir as consequências sinto meu punho brandir contra o seu rosto, um grito de dor reverbera pelo lugar, isso não é suficiente preciso machuca-lo mais.

Meus braços são puxados para trás pelos mesmos homens que antes seguravam Kaoru, eles não vão conseguir me segurar. Inclino meu corpo para frente puxando um dos homens comigo, usando meu braço direito como alavanca consigo empurra-lo de forma violenta contra a parede, com metade do meu corpo livre viro-me socando com todo a minha força o segundo imbecil ao meu lado, vejo seu corpo cair como um saco de batatas no chão, me volto para aquele desgraçado de antes, monto sobre o seu corpo jogado sobre a terra, ele parece atordoado, isso não me interessa.

Desferindo incontáveis socos em seu rosto, seu sangue começa a escorrer e pingar das minhas mãos, já não sei o que o meu sangue e o dele, ambos se misturam com terra formando pequenas poças grumosas no chão.

—Pare, você vai mata-lo!! – As vozes em uníssono de seus companheiros imploravam para que eu parasse. O prazer de deformar o rosto desse desgraçado é indescritível.

Braços envolvem minha cintura e uma voz conhecida murmura em ouvido.

— Kojiro, por favor, pare, por favor. – Meu braço paralisa no ar, Kaoru está ali também, ele precisa de mim. Me viro em sua direção e vejo seus olhos me encarando, lágrimas escorrem por suas bochechas, a sensação de ter alguém esmagando meu peito é a resposta do meu corpo para essa visão.

Precisamos sair dali, olhando para o cara no chão percebo que se ficarmos e formos pegos será um grande problema. Subo em meu skate e estendo minha mão para que Kaoru possa subir também, sem hesitar ele se junta a mim e descemos pela estrada pouco luminosa do S. Até chegarmos ao portão principal alguns olhares curiosos estavam nos seguindo, eu não ligo pra isso, só precisamos sair dali, preciso cuidar de Kaoru, isso é a única coisa que importa no momento.

A noite é calma, a brisa noturna torna-se fria ao encontrar o suor em meu rosto, ambos permanecemos em silêncio, o rosto que antes tinha lágrimas agora é inexpressivo e segue apenas a observar a paisagem ao redor.

Ao nos receber na casa de Kaoru o rosto do velho mordomo tornou-se rígido como uma pedra, mas com o olhar preocupado de um pai.

— O que houve mestre?

— Nada de importante. Yamamoto, por favor leve o kit de primeiros socorros até meus aposentos.

— Meu senhor, eu mesmo posso cuidar do seu amigo, por favor deixe isso comigo.

— NÃO! Apenas faça o que estou mandando.

— Eu estou bem, sério, não precisa se preocupar.  – Ele soou tão imponente que tive medo de sua reação.

— Kojiro, cale a boca e deixe-me fazer isso.

O seu quarto era simples, as paredes possuíam um tom verde pastel, alguns quadros com kanjis[1] enfeitavam o lugar, sua cama perfeitamente arrumada possuía lençóis brancos de cetim, era tudo mais comum do que havia imaginado.

[1]Caracteres da língua japonesa adquiridos a partir de caracteres chineses.

— Sente-se aqui. – Sigo suas ordens sem muitas queixas, Kaoru se coloca na minha frente com uma pequena caixa azul nas mãos. Gentilmente ele começa a limpar o sangue em meus punhos, seus movimentos são delicados, mas a cada toque do algodão nas feridas abertas fazem minha pele arder e não consigo evitar soltar alguns grunhidos.

— Não seja um bebê chorão, isso é apenas soro fisiológico para tirar a sujeira.

– Desculpe. – Kaoru para e ergue a cabeça até que nossos olhos se encontrassem.

— Por que você fez isso?

— O que? Ajuda-lo?

— Se machucar por mim.... - Seus olhos já não estavam mais em meu rosto, agora olhavam para janela, como se procurasse por algo.

— Porque eu me importo com você, vê-lo naquela situação fez minha cabeça girar, não pude conter minha raiva.

— Obrigado por me ajudar. Obrigado por se importar comigo Kojiro. – Sem aviso ele repousa sua cabeça sobre minha perna, meu corpo se tornou rígido como uma pedra, não estava esperando algo assim.

— Deixe-me ficar aqui apenas por um momento, logo irei deixa-lo em paz. – Quero abraça-lo, dizer que sinto muito por não ter aparecido antes, quero olhar em seus olhos e dizer o quanto ele me faz bem, o quanto ele me faz querer ser uma pessoa melhor. As palavras estão presas em minha garganta, não consigo sequer mover meus lábios.

No fim apenas pude assisti-lo levantar-se e voltar a cuidar de minhas mãos.

— Terminei, devem sarar completamente em alguns dias, só preste atenção para mantê-las limpas e trocar as ataduras sempre que estiverem úmidas. Agora vá tomar um banho, além de estar coberto de terra há sangue daquele bastardo nas suas roupas e no seu rosto. Há toalhas no banheiro, vou pedir para Yamamoto providenciar uma muda de roupa limpa enquanto a sua é lavada.

— Não precisa, eu posso me limpar em casa.

— Mas é um cabeça dura mesmo, apenas faça o que estou pedindo.

— Tudo bem.  – Quando ele quer ele consegue ser bem autoritário. Fofo.

A água quente que escorre sobre minha pele traz uma sensação de alívio, hoje foi um dia desagradável, mesmo sabendo que tudo já acabou a lembrança daquela cena ainda me causa repulsa, e pensar que isso pode acontecer novamente e eu posso não está lá para protege-lo faz meu corpo tremer.

Just For You - Joe and Cherry SK8 The InfinityOnde histórias criam vida. Descubra agora