Just For You - Joe and Cherry SK8 The Infinity

Capítulo 13

O silêncio agora parecia estourar em meus ouvidos. Por que ele não diz alguma coisa? Levanto o rosto afim de encontra-lo e meu coração dispara ao vê-lo na minha frente, tão próximo que podia sentir sua respiração. Quando ele chegou aqui?

— V-Você está brincando comigo? Não acha que já estamos velhos para esse tipo de brincadeira?

— O que? Tudo que disse era verdade, eu posso ter sido um covarde, mas jamais mentiria sobre isso para você.

— Me sinto confuso. – Sua testa estava franzida e sua cabeça movimenta-se no ar como se buscasse uma resposta.

— Não precisa se preocupar Kaoru. Eu cresci e consegui esquecê-lo, embora eu tenha sido uma péssima pessoa estou de volta e gostaria que você me perdoasse, quero saber o que aconteceu nos anos que estive fora, se você puder me perdoar eu ficarei grato.

— O que? Perdoar-te? Kojiro, eu também gostava de você. – Uma corrente elétrica fluiu em todo o meu corpo ao ouvir aquilo, é impossível, devo está imaginando.

— De mim? E o Shindo?

— O que aquele babaca tem a ver com isso? – Ele acabou de chamar Shindo de babaca?

— Você não era apaixonado por ele?

— HAHAHAHAHAHAH, você é burro? Como eu poderia gostar dele se estava interessado em você? Além disso ele nunca fez meu estilo e depois que você foi embora ele mudou completamente e virou um maníaco no S.

— O S ainda existe?

— Claro, e está cada vez mais extremo, Shindo não existe mais, só vejo o Adam agora, ele ficou obcecado por tornar as corridas mais perigosas, mandou inúmeros skatistas para o hospital, embora isso tenha acontecido o S continua firme e forte como um touro, pessoas de toda a cidade se reúnem lá para correr todas as noites. – Não estou surpreso com o fato de Shindo ter mudado, na verdade eu já havia percebido isso.

— Mas eu não quero falar daquele idiota, que sequer aceita correr comigo novamente.

— Como assim?

— Eu não sei, ele fala algo sobre encontrar sua EVA e não irá correr contra mim, pois não vale a pena. Agora por favor, vamos parar de falar sobre ele.

— Desculpe, parece que muitas coisas aconteceram desde que fui embora.

— Sim...

O clima voltou a pesar, falar sobre Shindo apagou as últimas revelações que fizemos, não é como se tivessem sido esquecidas, mas não sei como trazê-las de volta.

— Kaoru, posso te perguntar algo pessoal? Sei que não somos mais tão próximos, se não quiser responder tudo bem. O senhor Yamamoto me disse que você ficou mal algum tempo depois do colegial, o que aconteceu?

— Tsc! Aquele velho tagarela.

— Se não quiser falar tudo bem.

— Cale a boca! ARGH! – Seus olhos reviravam nas órbitas e suas mãos esfregavam seu rosto como se ele estivesse criando coragem para começar a falar.

— Eu gostava de você. - Sua voz saiu tão baixa que quase não pude ouvir. — Mas assim como você eu tive medo de revelar, e sempre ficava nervoso quando estávamos juntos, por isso os insultos, era minha maneira de tentar não transparecer o que estava sentindo. Você e Shindo foram meus primeiros amigos de verdade, a ideia de perdê-los era assustadora, mas quando você me disse que iria estudar no Exterior foi quando eu levei meu primeiro soco no estômago, meu amigo e também a pessoa que eu gostava estava me deixando, e você parecia estar bem com a decisão, o que me fez sentir-me ainda pior. Quando você partiu senti meu coração despedaçar e me agarrei ao Shindo com todas as forças que me restavam, aos poucos ele começou a mudar, não era uma pessoa má, mas ao olha-lo não conseguia mais enxergar meu velho amigo, começamos a discutir com frequência principalmente sobre o estilo de vida que ele levava no S, sempre machucando pessoas e não se importando com as consequências, nos afastamos mais e mais até o dia que ele extrapolou todos os limites e mandou um garoto de apenas 16 anos para o hospital com quatro costelas quebradas e uma fratura de mandíbula, tudo isso de forma proposital. Foi aí que me vi completamente só, meus pais me deixaram com a casa e mudaram-se para outra cidade por causa dos negócios, meus dois únicos amigos não existiam mais, então eu comecei a descontar minhas frustrações no álcool, dormindo com qualquer cara que aparecesse, não via motivos para continuar, havia sido abandonado por todos, desde que me lembro isso é algo que se repete na minha vida, decidi apenas viver um vida libertina, isso me rendeu algumas complicações como aquele homem do bar. – Minha boca está seca, meu peito dói, como pude deixar isso acontecer? Como pude ser tão covarde e deixa-lo para trás? Ele apenas sofreu cada dia mais se sentindo abandonado e esquecido.

— Kaoru...

— Espere, antes que diga qualquer coisa. Desculpe-me pela forma que falei com você no Bar, eu estava bêbado e chateado, não foi culpa sua, na verdade minha solidão e modo de viver não foram culpa de ninguém, apenas me deixei afundar em meu próprio poço de frustrações. Mas hoje estou bem, consegui superar esse passado e agora podemos seguir em frente.

Não sei por que, mas meus braços se lançaram em sua direção, precisava envolvê-lo, mesmo que ele diga que não, a culpa ainda pesa em meus ombros. Sentir seu pequeno corpo envolto sob o meu traz ainda mais dor, deveria tê-lo protegido quando tive a chance.

Pequenas gotas de chuva começaram a cair do céu, a água estava fria e senti o corpo de Kaoru tremer sob o meu.

— Desculpe por te abraçar sem permissão. Vamos voltar para o carro e sair dessa chuva. – Embaixo das pequenas gotículas de água em seu rosto pude ver suas bochechas coradas.

Mesmo correndo não tivemos como evitar que a chuva nos molhasse. O quimono branco de Kaoru grudava em sua pele úmida fazendo com seus mamilos se destacassem sob o tecido. Aquela visão fez todo o meu corpo pulsar.