Capítulo 31 (3T)

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O vento forte e gelado me faz tremer ininterruptamente, minha mandíbula está começando a ficar dolorida pelo constante tremor. Não imaginei que o tempo fosse mudar tão drasticamente.

Kaoru a visibilidade está muito baixa, não consigo aumentar a velocidade e nesse ritmo vamos congelar.

— O-ooque v-você va-vai fazer? — O frio é tão intenso que mal consigo pronunciar as palavras.

— Minha casa está mais próxima, podemos ir para lá, se continuarmos indo até a sua nessa velocidade ainda iremos demorar cerca de uma hora.

Tu-tudo b-eem, quando o tem-tempo melhorar eu cha-chamo um táxi para vo-voltar. — Eu só preciso de um lugar quentinho.

Chegamos até sua casa em menos de 15 minutos.

— Tire seu casaco, a neve deve tê-lo deixado encharcado.

Nunca me senti tão feliz por está em um lugar com aquecedor, sentei no sofá e deixei meu corpo receber todo o calor que emanava pelo ambiente. Do outro lado da sala Kojiro pendura a boina e o cachecol em um cabideiro de madeira, ao tirar seu sobretudo percebi que realmente ele estava mais forte, seus músculos parecem bem mais definidos mesmo sob o tecido de sua camisa. É possível ganhar tanta forma em tão poucos meses?

— Sente-se melhor?

— Sim, obrigado por me deixar ficar enquanto o tempo se acalma lá fora. —A sensação de estar a sós com ele pela primeira vez desde aquele dia é estranha, o ar entre nós parece pesado.

— Você quer beber um chocolate quente para ajudar a se esquentar?

— Chocolate quente? Isso não é ocidental demais?

— Concordo, mas é muito gostoso de tomar em dias assim.

— Tudo bem então.

Durante o tempo que ele preparou a bebida permanecemos em silencio. Ao terminar ele entregou-me uma caneca azul, o liquido marrom em seu interior exalava um cheiro convidativo. O gosto era diferente das bebidas tradicionais que já experimentei, acabo soltando um pequeno som de satisfação.

— Gostou?

— Sim, é diferente, o que tem aqui? — O sabor é realmente muito agradável.

Chocolate Suíço meio amargo em barra, chocolate em pó 32%, creme de leite fresco, um pouco de amido, canela, favas de baunilha, leite de castanhas da índia e uma colher de conhaque.

— Uau. Nunca conseguiria juntar tantos ingredientes para formar algo tão bom assim.

— Obrigado. — Ele balança a cabeça com um sorriso tímido e orgulhoso.

Ouço meu celular tocar no bolso de meu casaco.

— Alô!

— Jovem mestre onde está o tempo está horrível.

— Encontrei Kojiro no caminho e acabei me abrigando aqui até a neve cessar um pouco, logo mais estarei de volta.

— OH! O senhor não viu os noticiários? A previsão é de uma forte nevasca para hoje, a moça do tempo falou que irá durar até amanhã, que para segurança dos moradores eles não devem deixar suas casas, então...acho que o jovem precisará passar a noite aí.

— O QUE? — Do que esse velho está falando.

— OH sim, não se preocupe, pode ficar tranquilo, cuidarei bem da sua casa, apenas fiquei aí, diga a Kojiro que mandei um oi. Tenho que ir agora, preciso regar minhas plantas, boa noite jovem mestre, nos vemos amanhã, ou pode ficar o tempo que quiser.

Yamamoto! Yamamoto? Arggrh! Ele desligou na minha cara, como pode ser tão atrevido?

— Aconteceu algo?

— EH? Yamamoto falando sobre uma forte nevasca para essa noite.

Kojira pega seu telefone e corre os olhos pela tela como se lesse alguma coisa.

— É verdade. Estamos em alerta vermelho... Está proibido o trânsito de veículos pela cidade.

— EIN? E como eu vou voltar?

— Você pode passar a noite aqui.... — Ele fala comigo, mas seus olhos estão fixos no chão.

Não. Não. Não. Não.

Isso não pode está acontecendo, não estou preso com Kojiro quando tem um louco ameaçando me expor apenas por me aproximar dele. Preciso ir embora, isso é arriscado demais.

Pela janela vi o quão fodido eu estou. Ignoro qualquer raciocínio lógico e sigo em direção a porta. Antes que minha mão alcance a maçaneta Kojiro me segura pelo punho.

— O que está fazendo?

— E-eu não posso ficar, tenho que ir.

— Você vai morrer se sair com esse tempo.

— Eu vou morrer se ficar aqui. — Sussurro para mim mesmo.

— O que disse? Não ouvi.

Não posso ficar, não posso. — O ar foge de meus pulmões, minha visão torna-se embaçada e sinto minhas pernas balançarem sob meu corpo.

Ei, ei, ei, calma, se é por minha causa eu não farei nada. Agora só respire devagar junto comigo.

Just For You - Joe and Cherry SK8 The InfinityOnde histórias criam vida. Descubra agora