Bebida e celular não combinam

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Durante a semana, como sempre, me entreguei totalmente ao trabalho. Comecei a acompanhar mais crianças e eu estava começando a acompanhar Emmerson que tinha nove anos e o câncer dele era no fígado, ele estava no meio do tratamento e eu já o acompanhava há algum tempo quando a minha chefe veio me informar que teríamos que parar. Que ele iria para casa.

- Mas como Dra Sophia? Ele não pode parar, logo agora que estamos começando a ver os resultados.

- Dra. Jéssica o pai dele está sem trabalho e agora sem plano. Infelizmente seus pais não tem mais como arcar com as despesas do hospital.

- Como?

- Isso mesmo o que ouviu. O pai dele gastou todo dinheiro que recebeu na demissão e agora o dinheiro acabou.

- Oh meu Deus, não. Emmerson está indo tão bem.

- Sinto muito! - E saiu.

Eu tinha que pensar, precisava agir. Passei uma mensagem para o meu pai. Eu sei que ele iria resolver alguma coisa, já que ele também fazia parte da direção do hospital. Meu celular vibrou.

- Pai?

- Quer falar comigo?

- Preciso de sua ajuda, podemos almoçar juntos hoje?

- Claro. Pego você e saímos as doze, ok?

- Obrigada.

Olhei a ficha de Emmerson e procurei pelo celular do pai dele, que também se chamava Emmerson. Liguei para ele e ele atendeu no terceiro toque.

- Alô!

- Sr. Emmerson?

- Sim.

- Aqui é a Dra. Jéssica, a médica do seu filho.

- Oh meu Deus, aconteceu alguma coisa com meu filho?

- Não, não Sr. Emmerson, muito pelo ao contrário, ele está cada dia melhor e correspondendo bem ao tratamento.

- Então porque... - Ele ficou mudo.

- Desculpe-me pegar seu número e ligar para o senhor, mas é que fiquei sabendo que o senhor foi demitido do seu trabalho.

- Sim.

- Gostaria de saber qual foi o seu último emprego?

- Eu trabalhava como vendedor de carro Dra. Jéssica.

- Ok Sr. Emmerson, o senhor poderia me passar seu currículo, por favor?

- Claro - Ele respondeu animado.

- Obrigada Sr. Emmerson fico aguardando então. Enviarei meu e-mail, por mensagem.

- Eu agradeço - Desligamos.

Ao meio dia em ponto eu estava saindo de mãos dadas com meu pai e fomos a um restaurante bem perto do hospital. O lugar era aconchegante e havia muitos colegas de trabalho que também almoçavam ali. Sentamos e fizemos nosso pedido, já que eu tinha apenas uma hora para almoçar. Assim que o garçom se afastou ele me olhou.

- E então?

- Preciso de sua ajuda, tenho um paciente que está no meio do tratamento e infelizmente seu pai perdeu o emprego e gastou todo o dinheiro com o tratamento, e agora ele vai ter que parar por falta de dinheiro, ele não tem como pagar o plano de saúde.

- Continue ...

- Por favor pai, o senhor faz parte da diretoria, precisa fazer com que eles continuem com o tratamento.

- Jéssica, não é bem assim.

- Pai, é só um paciente.

- Não é não Jéssica. São vários, isso acontece sempre...

Aprendiz do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora