Amor de Infância

04

DULCE MARIA

Fico encarando a parede fixamente quando Christopher encerra a chamada. Meu coração está acelerando e meus pensamentos completamente confusos com o que ele disse. Com certeza não vou conseguir dormir depois dessa, então vou para sala onde Anahí e Christian estão assistindo.

— Ei — digo. Anahí grita e Christian se assusta, quase derrubando a pipoca no sofá.

— Minha nossa senhora das patricinhas! — Anahí diz histericamente colocando a mão sobre o peito — Quer me matar do coração, Maria?

— Alguém chama uma ambulância, meu coração saiu pela boca depois desse susto — Christian diz exagerado.

Olho para a televisão e franzo o cenho ao ver uma cena muito sangrenta passar e alcanço o controle entre eles, pausando o filme.

— Porque vocês assistem filme de terror? Depois vão os dois se enfiarem em minha cama com medo — rolo os olhos — Quer saber? Deixa para lá, preciso conversar com vocês agora mesmo — me sento no pufe em frente ao sofá.

— Conversar? Estou tremendo depois desse susto, Dulce! — Anahí resmunga, puxando as pernas para cima e abraçando-as — Meu tico e teco vão precisar de alguns segundos para se recuperarem.

— Os meus também, além disso....

— Christopher disse que terias bons sonhos se eu fosse visitá-lo neles — disparo.

Meus amigos arregalam os olhos e sentam-se eretos.

— O que você respondeu? — perguntam juntos.

— Ah...

— Fala logo, mulher — Anahí pergunta nervosa.

— Eu respondi "ah..."

— Você respondeu "ah..."? Que ódio, Dulce Maria! — ela afunda o rosto na almofada e Christian maneia a cabeça incrédulo.

— Com tanta coisa para você dizer... Eu não te criei desse jeito não — ergue as mãos.

— Gente, eu travei.

— Pensei que estava gostando de sair com ele — Anahí me encara confusa já que cheguei em casa quase saltitando hoje e disse o quanto o dia foi maravilhoso. Suspiro longamente.

— Eu estou, mas não quero pensar em sair com ele desse jeito... — os dois se entreolham e abrem espaço para mim, que me sento entre eles e deito minha cabeça no ombro dela — Não me sinto pronta para isso, sinto que preciso me encontrar primeiro.

— Então vai com calma, finge que nada aconteceu e tenta manter as coisas como estão — Christian diz, segurando minha mão.

— Vou fazer isso, espero que fique tudo numa boa, não quero que ele saia da minha vida outra vez, mas ele chegou em um momento tão confuso e não quero nada além da amizade com ninguém agora.

— Vai dar tudo certo, relaxa — Christian diz e deito minha cabeça em seu ombro dessa vez.

— Espero que o clima amanhã não fique estranho — suspiro e Anahí me olha confusa.

— Tia Blanca não ia fazer um almoço para comemorar o fim do seu noivado amanhã?

— Vai sim, ele vai comigo — mordo o lábio inferior — Ele me chamou para continuar rodando pela cidade amanhã, então o convenci a ir comigo... O que foi? — pergunto quando a vejo prender o riso.

— Só é engraçado você dizer que quer ir com calma e levá-lo para conhecer os sogros no terceiro encontro — debocha. Rolo os olhos e Christian ri.