Amor de Infância

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DULCE MARIA

Um ano depois...

Encaro meu vestido de noiva pendurado em um cabide e sorrio emocionada. Amanhã eu me casarei com Christopher, o meu amor de infância e o amor da minha vida. É engraçado como as coisas simplesmente acabam acontecendo em nossas vidas.

Há quase dois, eu estava me preparando para casar com outro homem. Seria um casamento extremamente luxuoso e cada vez que chegava mais perto da data, eu me sentia mais desanimada. Já não me sentia eu mesma naquele relacionamento, estava perdida, me apagando cada vez mais, me moldando aos gostos do Paco, pensando que algum dia eu seria feliz daquela forma, mas a felicidade só parecia mais distante.

Suspiro longamente ao olhar o quarto a minha volta. Minha mãe insistiu que eu não dormisse com Christopher essa noite, segundo ela, alguma tradição que eu não entendia. Estou tão acostumada a dormir em seus braços, que me sinto estranha ao encara minha cama e saber que dormirei sozinha. Christopher também não gostou muito disso, mas ele ama minha mãe, então nem mesmo tentou argumentar, apenas me entregou um moletom com seu cheiro e seu travesseiro para que eu pudesse abraçar durante a noite.

Esse último ano foi uma verdadeira loucura. Se dependesse de Christopher, teríamos casado no mês seguinte ao pedido, mas o convenci a esperar um pouco para que pudéssemos organizar as coisas com calma. Nós optamos por não fazer um casamento grande, preferimos investir o dinheiro em uma linda casa que fica apenas alguns metros de distância das casas em que crescemos.

Então para economizar dinheiro e a convite de Anahí e Christian – segundo eles, Christopher já não saia de lá mesmo –, ele se mudou para o nosso apartamento durante esse tempo, e isso foi incrível. Porque eu também precisei de um tempo para me despedir de Anahí e Christian, morei com eles grande parte da minha vida. Quando pensei em me casar com Paco, nunca parei para pensar que não ia mais morar com eles, mas acho que meu sub consciente sempre soube que aquele casamento não aconteceria, agora era diferente. Muito diferente.

Deito em minha cama e rolo de um lado para o outro. O que será que Christopher está fazendo agora? Tenho certeza que não está em nenhum tipo de despedida de solteiro, porque fizemos a nossa juntos há alguns dias. É patético dizer que estou com saudade, sendo que o vi hoje de manhã, mas é a mais pura verdade.

Pego o celular para ligar, mas ouço um barulho no vidro da janela e franzo o cenho. O barulho volta a acontecer e afasto o lençol, levanto da cama e vou até lá. Christopher está embaixo da minha janela, sorrindo ternamente enquanto segura algumas pedrinhas.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto quando abro levanto o vidro.

— Vim ver minha esposa — pisca — Vem aqui, quero te dar um beijo antes de dormir.

— Já estou indo, bonitinho.

Fecho a janela e visto o robe de seda por cima da minha camisola branca. Abro a porta do meu quarto com cuidado, o corredor está escuro e pelo horário sei que meus pais estão dormindo. Desço nas pontas dos pés, meu coração está acelerado e parece que voltei no tempo. Já fugi de casa algumas vezes durante a noite quando era criança, eu e Christopher costumávamos ir para a casa da árvore ou apenas deitar no jardim para ver as estrelas.

Ele costumava me dizer que tinha muita insônia, então sempre vinha atrás de mim, mas hoje em dia eu sei que ele fugia de casa para não ouvir seus pais brigando. Me parte o coração nunca ter notado o que acontecia na casa da frente, mas fico feliz de ter sido seu refugio sempre que precisou de mim, embora eu não soubesse o motivo.

Desativo o alarme da casa e saio pela porta da cozinha, onde ele já está me esperando. Christopher não hesita em me abraçar pela cintura e grudar sua boca na minha, me prensando contra a parede, e não hesito em retribuir ao beijo e enroscar minhas mãos em seus cachos, puxando-o contra mim.