Capítulo 8: Entre primeiros dias e brincadeiras

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  Acordei por volta das 6h00 da manhã e logo desci para tomar café, já que as aulas começavam às 9h00.

Quando cheguei na sala onde jantávamos, Lluc já estava lá. Ele me encarou durante todo o percurso até eu chegar em minha cadeira.

Um silêncio constrangedor rondava nós dois durante o que pareceram horas, até que ele o quebrou.

- Eu... - Pigarreou. Nunca tinha visto Lluc falhar a voz uma vez sequer. - Sobre ontem...

- Não tem nada a ser discutido sobre ontem. - Digo ríspida.

Lluc piscou.

- Eu só...

Eu o calei com um aceno quando Mahina chegou.

- Bom dia! - Disse ela ao se sentar ao meu lado.

- Bom dia. - Digo dando um sorriso.

Lluc murmura algo parecido.

- Animada para o primeiro dia de aula? - Pergunto à Mahina tentando parecer mais alegre.

- Muito! - Disse ela colocando ovos mexidos no prato. - Mal consegui dormir de noite.

- Não entendo como pode ser tão animador acordar às 6h00 da manhã para escutar algum velho qualquer nos dar ordens de como usar nossos poderes. - Disse Lluc colocando um pedaço de melancia na boca.

Meu sangue fervilhou.

- Fico feliz em compartilhar com você que quem controla a escola é a família de Helena. - Digo com um olhar voraz para Lluc. Ele se encolheu quase imperceptivelmente . - E nossa professora de história da magia é a mãe dela, melhor amiga de minha mãe e minha madrinha.

Fiquei encarando aqueles olhos azuis por mais tempo que o devido até que Mahina pigarreou.

- Os ovos estão maravilhosos! Hãn... você quer provar, Lluc? - Diz ela sorrindo para o amigo.

Ele desvia o olhar do meu preguiçosamente, o que me faz revirar os olhos. Lluc abafa uma risada.

- Obrigado, Mahina. - Diz atravessando por cima de mim para pegar uma garfada da comida da amiga. Na volta ele me encara e coloca o garfo na boca. - Uma delícia! - E desvia o olhar.

Mahina cora e volta a comer seu desjejum como se nada tivesse acontecido.

Com o tempo, os outros lunareanos desceram e beliscaram algumas coisas. Por volta das 8h00, nós saímos do castelo e fomos até Sunrise buscar Helena e ir ao colégio que é na mesma província.

Chegamos na EFM perto das 9h00, dando tempo apenas de irmos para a sala da primeira aula (História da magia) e nos sentarmos.

Às 9h00 em ponto e Brígida, a mãe de Helena, entra na sala de aula.

A minha amiga é uma cópia fiel da duquesa de Sunrise. Os cabelos cacheados de Brígida chegavam até o meio das costas presos em um rabo-de-cavalo baixo com a mesma tonalidade de castanho-dourado da filha.

Ela colocou os livros em cima de sua mesa e virou para nós com um sorriso no rosto. Um sorriso que é idêntico ao de Helena.

- Estou muito feliz com a raridade de turma que eu recebi esse ano. - Diz se apoiando na mesa ajeitando o blazer. - A princesa de Solária, minha filha, além dos cinco lunareanos... esses três anos vão ser incomuns. - Ela encara cada um de nós. - Bom, para quem não me conhece, eu sou Brígida, duquesa de Sunrise e professora de história da magia de vocês. Nesses três anos nós vamos estudar, como o nome já diz, a história da magia. Eclipse, ano que vem, vai ser direcionada a um intensivo envolvendo técnicas de guerra e outras coisas. Ela e seu futuro marido, que pode ser qualquer um de vocês, terão que aprender as técnicas de guerra como os novos governantes de Solária - Disse Brígida sorrindo. Eu corei e comecei a apertar as unhas nas palmas das mãos até cortarem a carne, mas tentava manter a calma exteriormente.

- Você irá casar ano que vem? - Perguntou Ayla para mim com uma cara de tristeza, como se o casamento fosse a pior coisa que poderia acontecer na vida de alguém.

- Sim. - Digo apenas.

Não consegui me concentrar no restante da aula, que para o meu azar, eram duas. Os alunos ficaram me encarando e cochichando. Eu estava a ponto de enlouquecer quando o sino tocou informando que era o horário do almoço, saí que nem um raio da sala de aula.

Estava sentada em uma mesa com o meu almoço quando Helena e os lunareanos se juntaram a mim com suas bandejas de comida.

- Você saiu rápido da sala. - Disse Lluc se sentando à minha frente. Ele mordeu uma maçã. Maçã. Sei que ele sabe em que dia pensei.

- Queria pegar uma boa mesa para nós. - Respondo.

- Ah, claro. - Ele disse sarcasticamente. Sei que esperava que eu me irritasse, mas permaneci com as costas tão eretas que doíam.

Não sei quando o assunto coroação, eu e marido começou, mas só fui prestar atenção quando Lluc disse:

- Então, quem vai ser o sortudo que vai casar com você? - Ele falou a palavra "sortudo" como se fosse o contrário do que queria se referir.

Todos se calaram.

- Ainda não sei. - Disse colocando o garfo no prato.

- Hum... - Ele respondeu. Apenas "hum".

- Na verdade, - Disse Helena a fim de me salvar. - ela tem uma pessoa em mente.

Olhos de Lluc brilharam de interesse. Eu encarei Helena.

- Ah é? - Disse ele. - E quem seria?

- Ele é do segundo ano. - Continuou Helena. - Você não deve conhecer.

- Não vejo problema em mencionar o seu nome. - Disse Lluc se inclinando um pouco mais em minha direção me encarando.

- Por que quer tanto saber, Lluc? Tem interesse em saber quem são seus concorrentes?

Corei e olhei para Helena com raiva. Lluc riu de escárnio.

- Se eu fosse seu marido, colocaria veneno no seu café. - Disse "brincando" para mim.

Todos ficaram surpresos e até Luís olhou com cara de decepção para o amigo.

- Se eu fosse sua esposa, - Disse saindo da transe causada pelo choque e sorrindo preguiçosamente. - eu beberia.

Os seus lábios arquearam com um sorriso que parecia ser de surpresa e malícia. Os outros me olharam surpresos e Helena segurou meu joelho indicando que estava orgulhosa de mim.

É, eu estou gostando de deixar Lluc surpreso.

Crônicas do dia e da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora