Capítulo 10: Entre pedidos e desejos.

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  Acordei mais cansada do que estava antes.

- Odeio dormir de tarde. - Resmunguei.

Minha barriga roncou. Olhei o relógio que marcava 22h00 e xinguei baixo.

Desci as escadas em silêncio.

- Está me perseguindo, Puppy? - Olhei para o canto esquerdo da cozinha e lá estava Lluc, sentado na bancada de mármore comendo uma maçã. - Parece que você adivinha quando eu venho aqui para baixo.

- Hum... - Digo apenas.

- Olha só! - Disse se levantando e vindo em minha direção. - A garota que falava tanto virou uma de poucas palavras. Interessante. - Disse me olhando de cima à baixo.

Corei.

- Eu estou com fome. - Disse me esquivando dele e indo na direção da geladeira. Uma mão segura meu pulso.

- O que você tem? Está estranha.

- Só estou com fome. - Disse abrindo um sorriso. - É sério. - Puxei o braço, mas ele segurou com mais força. - Lluc... - Ele veio em minha direção, colocou a mão sob minha bochecha e a alisou.

Eu acho que estava tão vermelha que ele começou a rir. Depois tirou a mão do meu rosto e me mostrou dizendo:

- Tinha um cílio na sua bochecha. - Ele pegou uma de minhas mãos com a sua livre e colocou meu dedo indicador em cima do dele. - Faça um pedido.

Franzi o cenho, então ele explicou:

- Existe um mito bem velho que diz que quando um cílio cai, se a pessoa que o pegou juntar o indicador com outra pessoa, dependendo de quem será o dedo que cílio ficou preso, um desejo que ela escolheu será realizado. - Ele sorriu olhando nos meus olhos. - Então faça um pedido, princesa.

Revirei os olhos e ele deu uma gargalhada abafada.

Fechei os olhos e desejei. Desejei, não importa a pessoa que seja, que meu futuro marido me amasse e eu o ame igualmente. Parece ser um desejo besta, mas para mim não é. Minha mãe casou com o amor da sua vida, e eu queria sentir isso também. 

Abri os olhos e os de Lluc já estavam abertos. Ele girou nossos dedos ligados e levantou o dele. Olhei para o meu e estava sem nada. O meu cílio estava preso no dele.

- É. - Eu disse. - Não era para acontecer mesmo.

- O que você desejou? - Perguntou Lluc a mim. Balancei a cabeça indicando que não era nada demais. - Se fosse algo besta você não estaria assim. Vai. - Disse levantando meu queixo. - Conta pra mim.

- É... - Gaguejei. - Eu desejei que me casasse com alguém que me amasse. - Ele me lançou um olhar triste. - Por que se for para casar aos 21, que pelo menos seja com alguém que eu ame de verdade.

Ele não disse nada, então continuei.

- E você? O que desejou?

- Não posso falar.

- O que? - Disse com um tom ofendido. - Mas... mas eu contei o meu para você.

- Sim, você contou, mas quem tem o desejo escolhido não pode contar. São as regras.

- Não duvido nada que você tenha inventado essa regra agora.

- Eu não posso obrigar você a acreditar em mim. - Disse arqueando as sobrancelhas de forma sarcástica.

- Eu sei. - Disse me virando e pegando uma tangerina na geladeira. Descasquei a fruta com as mãos e desviei de Lluc para subir ao meu quarto. Ele não me impediu. 

Crônicas do dia e da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora