Capítulo 2

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As primeiras aulas haviam acabado rápido e sem problemas, a escola até que não era de tudo tão ruim, o único problema são as perguntas. Nos últimos meses o que eu mais ouvi foi "Como você está? Sinto muito pela sua mãe..." mas alguém realmente queria saber como eu estava?
O Dr. Turner estava me "ajudando" a lidar com isso, mas eu sentia que não era o suficiente, que não era isso que eu precisava, mas meu pai achava que conversar com ele iria me ajudar, mas ninguém perguntou se eu quero ajuda.
Assim que saí da sala novamente, meu celular vibrou no meu bolso, era o meu pai perguntando se eu estou bem. Respondi que sim e segui para o refeitório.
Era hora do intervalo, depois teria que enfrentar a sala de música, antiga sala da minha mãe.

Peguei uma fruta e sentei em uma mesa aleatória enquanto algumas pessoas me olhavam e cochichavam alguma coisa. Resolvi ignorar, e comecei a fuçar no insta quando uma notícia me chamou a atenção.

A banda local em ascensão, Sunset Curve, teve a turnê cancelada após as várias confusões em que o vocalista principal, Luke Patterson, tem se envolvido.
Após a briga em uma lanchonete semana passada acabar em uma delegacia, as coisas esquentaram entre os integrantes, que estão voltando novamente para Los Angeles, sem uma data de retorno aos palcos.
O perfil oficial da banda publicou uma nota em suas redes sociais dizendo que por hora era tudo que eles tinham a dizer.”

Eu me lembrava vagamente dessa banda, e do Luke. Uma amiga minha é apaixonada por eles, e o Luke... Nós nos "conhecemos" no primeiro ano, antes dele sair da escola, e nunca me perguntei o motivo da saída repentina dele no meio do ano, até agora. Ele nunca foi uma pessoa fácil de lidar, mesmo quando era criança, mas parar na delegacia por causa de uma briga em uma lanchonete? O que será que aconteceu com ele?
Estava tão desligada com meus questionamentos que nem notei a aproximação do loiro.
— Oi Julie... — Ele sussurrou no meu ouvido me assustando e sorriu quando coloquei a mão na boca pra não gritar, mas acho que foi inútil, pois todos estavam nos olhando.
— N-Nick??? Quer me matar?! — Falei colocando a mão no peito, meu coração estava disparado.
— Desculpe. — Ele sorriu. — Posso?
— Ah, pode, claro... — Sorri fraco.

Quem ainda pergunta se pode sentar ao lado da pessoa? Ele é sempre tão educado assim?

— Como está indo seu primeiro dia de aula? — O loiro perguntou puxando uma cadeira e sentou ao meu lado.
— Acho que está normal. — Respondi mordendo minha maçã.
— Acha? — Ele sorriu e eu concordei com a cabeça.
— Onde está aquela garota? — Perguntei estranhando o fato dele estar sozinho.
— Quem? A Carrie? Não faço a menor ideia! — Riu dando de ombros. Eles não são namorados?
— Mas vocês...
— Sim. — Ele pareceu saber o que eu ia perguntar. — Mas prefiro dar espaço pra ela às vezes.
— Mesmo que ela não te dê espaço? — Ok, saiu sem querer.
— Tipo isso. Ela tem o grupo dela e eu não tenho paciência pra ouvir as conversinhas de meninas, e tenho meus amigos também, então aproveito quando ela está com as amigas pra fugir um pouco do "drama". — Ele parece uma pessoa transparente, gosto disso!
Hey, Nick... — Um outro garoto loiro que passava chamou, nos fazendo olhar para trás.
— Acho que estão te chamando.
— São os meninos do time... Eu preciso ir, a gente se vê na aula de música? — Ele sorriu levantando. Teríamos aula de música juntos?
— Ah... Claro... Até daqui a pouco então. — Retribui o sorriso e o mesmo se afastou com os amigos.
Respirei fundo mordendo minha maçã e voltando minha atenção ao celular quando de repente:
Julie... — Senti alguém tocar meu ombro, praticamente pulando em cima de mim e engasguei com a maçã tossindo algumas vezes. — Hey, calma menina, levanta os braços, respira, o boy magia já foi.
— Flynn?? O que foi isso? — Perguntei me recompondo... Ou tentando.
— O que foi isso? O que foi aquilo? Foi bem mais que um "oizinho". — Ela disse empolgada como se fosse a novidade do século.
— Ele só estava sendo educado. — Finalmente já não sentia mais que ia morrer.
— Educado? Sabe quantas vezes o Nick fala com uma pessoa sem a Carrie estar por perto?
— Como assim?
— Eu acho a relação deles um pouco tóxica e meio possessiva, pelo menos da parte dela. Ela morre de ciúmes do Nick! Capitão do time de lacrosse, sabe como é né, acho que é insegurança.
— Bobagem dela.
— Também acho. O Nick arrasta um trem por ela, mas é complicado, eles não eram assim.
— Por que "não eram"? — Admito que a curiosidade tomou conta do meu ser, mas fomos interrompidas pelo sinal.
— Vem, eu te conto no caminho. — Eu mal havia levantando quando ela entrelaçou seu braço com o meu e começamos a andar, acredito que em direção a sala de música. — No final do ano passado os meninos do time deram uma festa para comemorar o campeonato, e foi a festa, de dez alunos, onze não lembram como chegaram em casa... Enfim, o Nick e a Carrie namoram há três anos, e o Nick ficou com algumas garotas nessa festa.
— Algumas? — Perguntei incrédula para garantir que eu ouvi direito.
— Como eu falei, foi uma festa muito louca. Não era pra ninguém ficar sabendo, e obviamente todo mundo ficou sabendo, principalmente a Carrie, eles terminaram de novo, depois voltaram e terminaram de novo. Eles vivem nessa "montanha russa".
— Isso é triste. Mas parece que ele gosta muito dela!
— Eu não tenho dúvidas, por que mais ele aguentaria a chatice dela?!
— Pelo dinheiro, talvez...
— Acho que não, a família dele tem dinheiro também, mas é um bom ponto.
— Aliás, obrigada por não tocar no assunto....
— Quando se toca em uma ferida que está cicatrizando, está pedindo pra ela abrir de novo, então às vezes é melhor deixar quieto e deixar ela cicatrizar.
— Obrigada... — Sorri fraco, a Foi faz o tipo de pessoa que podemos contar independente da situação, e mesmo acabando de conhecê-la, já dá pra notar que qualquer pessoa que tem a amizade dela, tem literalmente um anjo.
Assim que chegamos na porta da sala, minhas pernas travaram e minha respiração falhou, meu coração batia rápido, eu estava tentando uma crise de pânico.
— Hey, tá tudo bem? — A Flynn perguntou preocupada.
—N-não dá... Eu não consigo... — Falei recuando alguns passos.
— Claro que consegue, Julie!
Respirei fundo tentando me controlar, pensando no quanto isso era importante para o papai, e como ele queria que eu voltasse a cantar. Eu não queria decepcionar ele e meu irmão que mais que qualquer pessoa, confiam em mim.
A Flynn estendeu a mão pra mim com um leve sorriso no rosto, a encarei por alguns segundos hesitante, mas segurei sua mão e entramos na sala. Algumas pessoas me olharam, incluindo a professora.
— Bem vinda, Julie. — Ela disse sorridente.
— Obrigada, professora... — Dei meu melhor sorriso amarelo e me sentei.
— Fico feliz que tenha vindo. — O Nick se virou com aquele lindo sorriso no rosto e a Carrie arqueou a sobrancelha nos olhando.
— Vamos continuar de onde paramos semana passada, Nick, por favor... — A professora disse e o loiro sorriu mais ainda tirando o casaco que estampava um enorme Lince nas costas e pendurou na cadeira. — Boa sorte! — Ela sorriu para o garoto que parecia ainda mais confiante.
O mesmo abriu a capa tirando de dentro uma guitarra no tom azul bebê e ligou no amplificador e em questão de segundos, os sons ecoaram pela sala enquanto ele literalmente se entregava à música. Era lindo ver como ele se conecta com a guitarra, o amor que ele tem pelo instrumento, eu olhava admirada aquela cena, ele com certeza, sente o mesmo que eu sentia quando tocava, era literalmente estar entregue ao sentimento, isso é lindo.
Todos aplaudiram animados quando ele parou de tocar, a Carrie soltava elogios enquanto os outros meninos do time gritavam, ele com certeza tem uma grande legião de fãs.
— Parabéns, Nick, está ficando cada vez melhor.
— Obrigado professora. — Ele sorriu e um pequeno rubor apareceu em suas bochechas.

Ps: I NEED U. •JUKE• DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora