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Pilot.


Wonpil descontou toda sua raiva e frustração arremessando o copo que tinha em mãos na parede a sua frente, assustando a ômega que, aos prantos, o implorava para manter a calma e conversarem. Mas o alfa não lhe deu ouvidos e, tudo que encontrava em seu caminho, quebrava, causando até certo temor nos vizinhos.

O apartamento bonito e com uma vista invejável para a cidade, estava destruído, assim como o coração daquela ômega. Wonpil não poupou palavras rudes e duras a si, mesmo sabendo da situação delicada em que se encontrava.

Os dois estavam noivos há mais ou menos dois anos, Wonpil não se importava com datas, mas Hyesun guardava todas, principalmente quando se tratava de seu noivado com o homem dos seus sonhos. Por mais que o homem em questão tivesse um caráter duvidoso. Resolveram morar juntos por insistência da mulher, que já queria experimentar e se adaptar a vida conjunta quando já estivessem de fato casados. Era um pouco sistemática.

Mas aquela semana havia sido o ápice, Hyesun vinha se sentindo estranha, perfumes fortes a enjoavam, comidas a qual já estava acostumada a comer, sempre acabavam no fundo de uma privada ao final do dia. Os sinais eram claros, ainda mais para quem cursava medicina e sonhava em ser obstetra.

Não sabia como Wonpil reagiria diante da notícia, o noivo sempre fora imprevisível em tudo, seu humor mudava da água para o vinho em questão de segundos. Mas certamente não imaginou que o alfa ficaria tão exaltado, até insinuando que o filho poderia não ser seu. A última fala sendo a mais dolorosa de se ouvir.

— Exijo que tire esse feto.

O decreto do alfa foi o suficiente para que a ômega tivesse outra crise de choro, sonhava em ser mãe e via aquela gravidez como uma benção, mas parecia ser só ela, pois Wonpil enxergava como uma grande maldição.

— Eu não estou pronto e nem quero um filho agora, você disse que estava tomando os remédios, mentiu pra mim? — acusou sem piedade, apontando o dedo no rosto da mais baixa. — Você é uma vadia, está querendo me prender usando esse feto!

— Achei que meu amor por você fosse o suficiente para te manter ao meu lado! — aumentou o tom de voz também, já farta de tanta humilhação.

Wonpil vacilou por um momento, já não estava apaixonado por Hyesun há tempos, e planejava se separar da ômega em breve, só não contava com um bebê para atrapalhar seus planos. Odiava a personalidade controladora e mandona dela, palpitava até sobre a cueca que vestiria, isso para Wonpil era inadmissível.

— Eu não quero saber, estou rompendo nosso noivado neste exato momento.

Hyesun sentiu sua cabeça pesar e seu coração ser cortado em centenas de pedaços, uma bofetada teria doído menos. Olhou desacreditada para o alfa, os lábios entreabertos e os olhos marejados. Uma nova crise de choro iminente.

— Eu venho amanhã buscar minhas coisas, espero que tire o quanto antes esse feto ou eu acabo com a sua vida — disse em tom de ameaça, pouco importando-se com o estado deplorável da, agora, ex-noiva.

O apartamento estava um caos, mas nem podia se comparar com o interior da ômega, que assim que ouviu a porta bater, caiu sobre seus joelhos, levando as mãos ao rosto e chorando silenciosamente. Não queria chamar mais atenção do que já tinha feito até então, desconfiava que os vizinhos em breve acionariam a polícia por conta da gritaria e dos objetos quebrando.

Após longos minutos chorando, a ômega resolveu que não seria propício para sua saúde mental continuar naquele cenário desastroso. Não aguentaria sozinha. Por isso alcançou seu celular na mesinha de centro e digitou o número do único que confiava e sabia que ajudaria.

Razão e Emoção [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora