O que Londres fofoca

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Londres, 04 de fevereiro de 1837, Jornal The Guardian

O Duque Devasso terá encontrando sua amada?

Sebastian Cavendish, Duque de Devonshire, popularmente conhecido entre as mais "nobres" cortesãs e viúvas de Londres como "O Duque Devasso", teria, finalmente, após oito temporadas, encontrado uma dama que lhe despertasse o interesse? A jovem afortunada, se nos foge a ironia, seria uma das filhas do Conde de Norfolk, o parlamentar Charles Howard, conhecido por seu tempestuoso temperamento em acaloradas discussões na câmara.

Lady Leonor Howard fez sua estréia no baile promovido pela baronesa de Keighley, Georgiana, uma prima distante da família Cavendish, diga-se de passagem. Diferente de muitas jovens de sua idade Lady Leonor conseguira o que muitas antes dela não conseguiram, a atenção do mais cobiçado pretendente.

No entanto cabe a esse humilde autor, o papel da dúvida, afinal a fama de Vossa Graça entre as mulheres da mais baixa a mais alta estirpe é deveras apreciada. Um dos muitos entre as laias dos libertinos de nossa amada Londres, e ainda assim o lembrado com mais fervor pelas mulheres, com a fama do Duque é quase fantasioso acreditar que um homem como o tal cairia pelas graças de uma jovem lady por mais bela que seja, o que segundo fontes, não seria todo o encanto de Lady Leonor.

Vos deixo a questionar, atenciosos leitores, o Duque de Devonshire estaria realmente enamorado por essa ilustre dama? Ou colhido as flores de um jardim proibido e agora arruinado por suas mãos devassas? Enfim os doces mistérios do coração...

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Leonor quase podia estipular as horas que teve de "paz", até que os jornais fossem entregues, mais ou menos dezesseis horas do fim do baile de sua estreia até aquela manhã, em que sua mãe rompeu violentamente e com uma dramaticidade digna de uma atriz as portas da sala de estar. Isabel, a caçula das irmãs Howard com doze anos pulou assustada borrando o desenho que fazia de algumas flores do jardim, Adelaide sentada ao seu lado no sofá de mogno ergueu os grandes olhos azuis de suas lições de francês e Leonor não se dignou a erguer seus olhos do romance que lia.

- Leonor Howard! O que é isso na primeira página do jornal?- a voz da condessa falhou em um grito estridente ao final da frase e Leonor cutucou as próprias orelhas diante daquele som desagradável.- LEONOR! Olhe já para mim, mocinha!- a jovem levantou o rosto, após marcar sua leitura e olhou para a mãe consternada em toda sua elegância e graça.- Pelo amor de nosso Senhor, o bom Deus, me diga que isso é mentira!- Edith amassava o jornal com suas mãos finas e pálidas, enquanto Adelaide se levantava do sofá, indo até a mãe.

- Mamãe, não é o que parece, sei que as circunstâncias não são as mais favoráveis, porém...- sua mãe a interrompeu antes que terminasse.

- Oh céus, eu sabia, eu sabia, está arruinada, oh céus, eu vejo um teto preto...- sua mão suspirou desfalecendo nos braços de Adelaide.

- Mamãe tenha calma, o que está acontecendo?- Edith engoliu a seco com toda sua classe e apoiou a mão sobre o busto, olhando com lágrimas a beira dos olhos para Leonor, que revirou os olhos e caiu exausta no sofá, sem paciência para lidar com a mãe, se ela não a deixaria falar, a Howard não faria esforço para tentar se explicar, quando obviamente, ninguém se interessava em escutá-la.

- Sua irmã permitiu que aquele homem, aquele homem perverso a arruinasse, eu dei tanto para criá-la Leonor, lhe avisei tanto para não arruinar sua estréia e agora você arruinou todas as chances de suas irmãs, jogou o nome de toda essa família na sarjeta, o que será de nós? Oh céus eu já sinto os olhares, os julgamentos, toda a Londres olhando feio para nós, Josefine ia se casar com um marquês! Oh céus, chame um médico, o teto preto querida...- sua mãe se agarrou aos braços de Adelaide, enquanto encarava a mais jovem.- Eu ainda vejo o teto preto! Seu pai, onde está seu pai? Charles!

O EscândaloOnde histórias criam vida. Descubra agora