A Debutante

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Londres, 1837

"Leonor tinha uma mania frequente de questionar tudo que a senhora sua mãe dizia, pela simples irritação de que a Condessa, dificilmente, errava."

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- Acha que se eu pular da carruagem em movimento ela notaria?- Leonor sussurrou ao seu pai, enquanto cutucava o grampo em seu cabelo que estava machucando sua cabeça, o fez com cuidado para não estragar os cachos feitos com tanto zelo por Joana e que caiam como cascatas escuras por suas costas. Para sua total infelicidade seu pai não foi o único a escutar tal comentário e diferente do Conde que respondeu com risos cúmplices, sua mãe se virou para ela tão ultrajada que, por um breve momento, Leonor achou que havia atentado contra a vida de sua própria mãe.

- E estragar um vestido tão belo? Oh não! Hoje é sua estréia e nada no mundo vai estragar isso, nem você mocinha, por mais que tenha uma predileção ao caos.- sua mãe abandonou o lado de Josefine que parecia um anjo em seu vestido rosa claro com os cachos perfeitamente dourados ornamentando o rosto adoravelmente redondo com encantadores olhos azuis e lábios rosados em formato de coração, sem dúvida ela era a mais bela de todas as garotas Howard, atrás apenas de Eugênia, a mais velha das irmãs, que graças a Deus havia casado em sua primeira temporada, a única até agora a conseguir tal feito e se tornou um infernal parâmetro de comparação para as mais jovens, o maior orgulho de sua mãe.

Josefine estreava junto a ela naquela temporada e compartilhava do mesmo entusiasmo que a Condessa. Alexandra vivenciava sua terceira temporada e tanto ela quanto Leonor sabiam que para elas aquela corrida estava perdida aquele ano, não com a encantadora Josefine a disputar atenção com elas, uma "disputa", consideravelmente injusta. Com sinceridade, Leonor não sentia qualquer inveja de sua irmã mais nova, ela com certeza não reclamaria de mais um ano solteira, lhe soava como uma dádiva.

- Ó querida o verde escuro lhe cai tão bem, olhe como ela está linda Charles.- sua mãe disse com exagerado orgulho na voz enquanto observava ela e suas duas irmãs, se acolhendo nos braços de seu pai que sorriu com cumplicidade.- Todas estão, ó céus, que Deus atenda minhas preces e minhas meninas arranjem bons pretendentes.

- Quase parece que está ansiosa para se livrar de nós.- Alexandra disse se virando para a carruagem que chegava e sorrindo ladina olhando diretamente para Leonor que riu e levou um tapa com o leque fechado da Condessa.

- Mamãe!- a jovem exclamou levando a mão ao ombro.

- Sabe que não é isso, quando tiver filhas você entenderá!- a Condessa disse empurrando seu caminho entre as filhas e entrando primeiro na carruagem.

- Sabem que sempre lhes acolherei mesmo que se tornem solteironas, ainda serão minhas pequenas meninas!- Seu pai disse com carinho beijando a testa de cada uma das filhas.- Um bom baile garotas.- o Conde acenou, enquanto as filhas entravam na carruagem e saiam a busca de maridos, os quais Charles desejava que fossem bons homens.

...

- É tão ridículo como eles ficam estúpidos ao redor de uma mulher bonita.- Alexandra suspirou entediada, enquanto assistiam Josefine ser assediada pelos nobres homens do baile. Ela era sem dúvida, a mais bela de toda a temporada assim como Eugênia havia sido em sua estréia.

- Estúpido é como achei que, ao menos, seria chamada para um dança, assim esse baile não seria uma completa perda de tempo.- Leonor disse observando seu cartão de dança vazio, sem a sombra do nome de nenhum cavaleiro e se deixou curvar sobre a mesa achando que estava livre dos olhos de águia de sua mãe, mas logo ganhou um beliscão na parte inferior do braço e um olhar que dizia "se comporte como uma lady". A condessa não demorou muito nela e logo foi dar atenção a Josefine presa em uma roda com os mais variados pretendentes implorando por sua atenção.- Eu agradeço por não ser Josi...- Alexandra riu sem o menor humor.

O EscândaloOnde histórias criam vida. Descubra agora