Pelas Aparências

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"Pelas aparências podiam fingir que se amavam, mas entre eles, Sebastian sabia como a por louca ,no pior sentido da palavra, se é que havia algum bom motivo para ser instada a loucura. "

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Dois dias após o fiasco do primeiro cortejo, Leonor não recebeu nada de Sebastian além de um buquê de lírios na tarde passada com um cartão dizendo que gostaria de lhe fazer uma visita no dia de hoje. Sua mãe havia dito que seria de bom tom lhe enviar uma pequena carta, dizendo como apreciaria mais uma tarde ao lado dele e Leonor fez a tal carta, mas deixou toda a pompa romântica de lado e se limitou apenas a ser cortês. O aguardava no sofá da sala de estar como da primeira vez, desta vez "embrulhada" em um vestido lilás com os cabelos negros presos em um coque, alguns cachos perfeitamente moldados pelos dedos de Joana caíam ao lado de seu rosto, segundo sua mãe, para lhe dar um ar angelical.

Que a enfeitassem com tudo aquilo, não faria diferença. Claro que jamais sonhou com um casamento romântico como lia nos livros de Jane Austen, aquela paixão avassaladora, o amor, mas enquanto repassava as palavras de Sebastian e as de sua mãe, lhe revoltava que metade da sociedade não a achasse digna de tal feito, simplesmente por não ser perfeita como os padrões surreais exigiam. Não importava! Mas porque ainda lhe incomodava saber que não despertava nada em Sebastian? Iriam se casar, esperava ao menos que pudessem ser amigos, do contrário, que desgostosa seria sua vida matrimonial.

- Lady Leonor, o Duque de Devonshire, vossa graça Sebastian, está aqui.- Ela sorriu cordialmente ao mordomo e viu a figura sempre reconhecível surgir por detrás de Pietro. 

Sebastian estava tão bonito como da outra vez, mas agora seu colete de algodão também era preto e carregava um relógio no bolso de seu casaco, a corrente de ouro pendurada para fora do bolso lhe conferia um ar elegante e o sorriso que lançou em sua direção a fez prender a respiração e continuou em pé, tensa, na frente da mesinha de centro, até Sebastian vir até ela, lhe beijar castamente as mãos enluvadas. Um cacho castanho cor de mel caiu em sua testa e com a mão livre ele o jogou para trás ao mesmo tempo em que se erguia em toda sua postura, os olhos azuis cristalinos encontraram os seus e ela inspirou profundamente fechando os lábios entreabertos.

- Está linda como sempre, Lady Leonor.- Ela teve de morder a própria língua para não dizer a ele que era desnecessário mentir.

- Obrigada.- não retribuiu ao elogio, embora fosse o correto a fazer, porque os rastros do sorrisinho convencido na face dele ,quando a pegou o encarando como uma tola, ainda a irritavam.- Gostaria de uma volta no jardim, vossa graça?! Creio que seria bom para nós dois que mudássemos os ares de nossos encontros, mesmo que esse seja apenas o segundo...- ela murmurou aquela parte mais para ela do que para ele. Começou a caminhar até o corredor, mas se deteve quando observou Sebastian hesitando.

- O que foi vossa graça? Deseja tomar um chá antes? Alguns biscoitos? Um bolo?- "uma cortesã?", era impossível não sorrir com seus pensamentos maldosos, era difícil conter o sarcasmo, então ele deslizou de sua língua mesmo sem a intenção.

- Devemos ir acompanhados Lady Leonor.- ele disse segurando o chapéu e a bengala em mãos, Leonor sorriu com falsa modéstia e tirou, gentilmente, a cartola e a bengala das mãos dele as entregando para o mordomo Pietro que rapidamente as segurou.

-Está com medo de ficar sozinho comigo?- ela sorriu com provocação e Sebastian lhe cedeu o mais luxurioso dos sorrisos. A lascívia transbordando de seus olhos, enquanto se aproximava dela.

- Não, a senhorita que devia de estar com medo, não sou muito bom em manter minhas mãos apenas para mim.- as mãos enluvadas do duque tocaram os cachos na lateral de sua face, ela penas sentiu a sombra daquele toque, apenas o sopro da pele quente próximo a sua bochecha, mas foi o suficiente para fazê-la recuar. Temendo ter deixado claro demais o que ele fazia ao seu corpo, Leonor se afastou e se recompôs antes de dar as costas ao seu futuro marido.

O EscândaloOnde histórias criam vida. Descubra agora