Estava quase na hora das aulas começarem, Sabine e Eivør se apressam para entrar na escola no tempo certo mas as garotas precisavam ainda enviar o sinal para a anciã das selkies. Enquanto Sabine arrumava a cama e seus materiais, a selkie pegou suas coisas e saiu de casa em silêncio para correr até o mar e enviar o sinal.
Chegando no mar, Eivør cortou um pedaço do seu cabelo com uma pedra afiada e colocou em uma garrafa de vidro, fechou a garrafa com uma rolha e logo em seguida arremessou-a no mar.Quando estava retornando para a casa, encontrou Sabine e juntas foram até a escola. Ao passarem pelo portão, encontram Aurore que as estava esperando.
— Bom dia, atrasadas... Olha, não pensei em ver vocês duas caminhando junto, essa daí estava com medo de... — diz Aurore sendo interrompida por Sabine.
— Tá, tá, Aurore, não precisa repetir isso! — diz a garota loira envergonhada.
— Hahaha, está tudo bem. — responde Eivør com um risinho. — A gente teve tempo para conversar.
— "Tiveram tempo"? — Aurore estava um pouco confusa.
— Ah sim. — afirmou Sabine. — Eu e meu pai estamos hospedando a Eivør por um tempo enquanto ela se adapta a viver aqui na Escócia.
— Entendi... O que acham da gente sair para comer algo depois da aula? — disse Aurore sorridente.
— Eu acho que seria uma b.... AI! — Sabine é interrompida por Eivør.
— Adoraríamos ir, Aurore, mas a Sabine vai comigo encontrar minha avó que veio passar umas semanas aqui para ver se estou me adaptando. — respondeu a selkie com uma desculpa.
— Ah é, verdade. Tinha me esquecido. Desculpa, Aurore.
— Tudo bem. — responde a menina. — Vai ter outras oportunidades. Agora vamos entrar, o sinal irá tocar logo logo.
As três garotas caminham até a sala e sentam-se em seus respectivos lugares. Aurore estava desconfiada, que avó é essa que apareceu do nada? Nunca tinha ouvido falar desse negócio de parentes de estudantes estrangeiros indo verificar se estava se adaptando, muito menos sendo um parente idoso. Porém, Aurore ao invés de perguntar guardou este sentimento para si.
Final das aulas e as garotas se despendem, Sabine e Eivør descem a rua da escola para fingir que seguiam o caminho de sempre para a casa, mas na verdade estavam indo para a pequena baía que ficava perto da casa de Sabine.
— Avó...? Sei... Vou ver essa história. — Aurore observa de longe e ainda desconfiada de toda situação resolve ir atrás delas.
E um pouco mais para frente, em outra rua, as duas meninas começam a conversar.
— Poxa, eu odeio mentir para a Aurore! — Sabine estava desanimada com a situação.
— Tinha que ser assim. — consola Eivør. — Você sabe que ela não entenderia e para explicar seria mais complicado ainda.
— Tá... Mas mesmo assim.... — suspira. — Já sabe se vamos ter uma resposta mesmo?
— Sim, minha anciã é bem pontual. Tenho certeza que ela virá. Vamos logo antes que alguém nos veja.
Aurore atrás de um muro observa toda a conversa e aos poucos vai chegando até as meninas. Depois de alguns minutos seguindo, ambas garotas terminam em uma praia, a garota observa as outras duas atrás de uma moita e as escuta atentamente.
— Chegamos. — diz Eivør.
— Ok... Mas não estou vendo ninguém... — Sabine aparentava estar descrente na selkie. — Onde ela está?
— Uma praia? Por que vieram para cá? E quem é "ela"? — indaga Aurore consigo mesma.
Eivør observa à sua volta e nota algumas pegadas em direção a uma pequena caverna situada na costa da praia, perto de uma floresta.
— Me siga! — disse Eivør seriamente.
Sabine segue a garota até dentro da caverna enquanto Aurore se aproxima até a entrada da mesma escondida para ouvi-las. Dentro da caverna as duas garotas observam uma foca de costas que estava estranhamente em dois pés se aquecendo perto de uma pequena fogueira. A garota loira estava paralisada pelo medo.
Aurore espia para dentro do local e fica surpresa com o que vê.
A suposta foca começa a falar com as duas:
— Quem você trouxe junto com você, criança?
— Uma humana.
— E o que uma simples humana tem para oferecer ao povo selkie? — disse a foca voltando-se para a frente.
Na realidade aquele ser não era uma foca, mas sim uma selkie coberta por sua pele de foca que aparentemente tinha acabado de sair do mar.
— Essa humana possui um dos tesouros de sereia e também...
— Eu não estou falando de Sabine. — disse a anciã interrompendo Eivør. — Me refiro àquela humana com cabelo de fogo.
A anciã aponta em direção a saída da caverna, todas se viram para lá e veem Aurore espreitando elas.
— Ai... meu... — Aurore estava pálida e gaguejava, ela se virou tentando fugir mas foi impedida pela selkie mais velha.
— Durma! — comanda a anciã com uma voz imponente.
Em questão de segundos, Aurore cai no chão, está dormindo tranquilamente. Sabine corre até ela preocupada.
— AURORE!! AURORE!! O que fez com ela? Por que ela não acorda?!
— Não se preocupe minha criança. — disse a anciã pacificamente. — Sua amiga está dormindo por causa de um feitiço que fiz, ela acordará logo logo. Agora... Sente-se aqui, vamos tomar um chá enquanto conversamos.
— Tudo bem. — concordou Sabine.
— Por favor, Eivør. Traga a amiga dessa humana para cá para ninguém nos ver.
— Claro, senhora. — disse Eivør enquanto caminhava em direção a Aurore.
A anciã se senta no chão perto da fogueira e convida Sabine a se sentar também.
— Agora me diga, Sabine... Qual a sua relação com o mar?
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Sereias & Selkies
Short StoryDepois de alguns anos em que teve amnésia logo após um incidente no mar, Sabine Vorgel resolve investigar o que aconteceu com ela e memórias remotas de sua infância. Porém com a chegada de uma estranha, o destino de Sabine está para virar de ponta c...