A presença de Eivør e toda aquela situação continua a intimidar Sabine, o que ela poderia estar querendo?
— Não vou fazer rodeios. — começou Eivør a falar em um tom sério. — Você me viu não viu? Nas Ilhas Faroe... Enquanto eu trocava de pele!
— Vi. — Sabine estava paralisada pelo medo e respondeu engolindo seco.
— Sabe porque estou aqui então. A propósito... — Eivør tira o colar do pescoço e entrega-o na mão da menina. — Reconhece isso?
— Meu colar! Mas como você...?
— Simples, depois que percebi sua presença e olhei você saiu correndo, nem percebeu que seu colar caiu no chão!
— Obrigada, Eivør! Você não tem noção do quão importante este colar é para mim!
—Certo, certo... A questão agora é: O que você está fazendo com um dos tesouros de sereia? Você é humana, não?!
— É o quê? — Sabine estava mais confusa que nunca. — Não faço ideia do que esteja falando! Claro que sou humana, o que mais eu poderia ser?
— Esse tipo de pedra é um dos presentes que meu povo deu para as sereias, o que você está fazendo com ele?! Você o roubou?! RESPONDA! — Eivør estava ficando impaciente.
— NÃO! É CLARO QUE NÃO ROUBEI! — Sabine estava muito nervosa. — Encontrei esta pedra na praia enquanto andava um dia e ninguém que estava perto pareceu se importar então resolvi pegar ela pra mim pois ela me lembra do oceano.
— Estranho... — Eivør estava pensativa. — Não entendo como que isso chegou a você, não é algo que todo mundo encontre quando olha pro chão.
— Queria poder ter mais respostas para te dar, mas eu realmente não sei como responder a isso. Esta é uma em mais de muitas questões que tenho comigo relacionadas ao mar...
Eivør se interessando pela história de Sabine parou de agir na defensiva e resolveu questionar mais sobre a relação da menina com o mar.
— Qual é a sua relação com o mar? Se a pergunta não for um incômodo.
— Ah não, tá tudo bem. — Sabine foi se acalmando enquanto contava um pouco de sua história.
— Tenho algumas situações bem... estranhas... Tem essa pedra que encontrei um dia e quando eu era pequena a minha mãe sumiu durante uma tempestade, ela estava na praia... Nunca mais foi vista.
— Sinto muito...
— Mas a maior questão é sobre quando eu estava nadando no mar e fui puxada para o fundo do mar, foi numa época próxima de quando minha mãe desapareceu, não lembro se foi antes ou depois. As poucas memórias que tenho de quando eu era pequena são as que os outros me contam.
— Um momento! Puxada? Como assim? — Eivør estava bastante confusa. — Aurore me disse que você é uma ótima nadadora desde sempre.
— Sim, eu também não entendo. Alguns dos anciões aqui do vilarejo disseram que poderia ter sido uma selkie...
— Epa, epa, epa! Agora estou muito ofendida! — disse Eivør furiosa. — Nós, selkies, não puxamos ninguém para o fundo do mar! E outra, nós costumamos andar em grupos, se hipoteticamente resolvermos puxar alguém para o fundo, seja lá o motivo que for, não tem volta. Quem eles pensam que são para atribuir isso a nós?!
— Eu não sabia disso... Por isso estava com medo de você, achei que iria me puxar de volta para o mar, ainda mais por eu ter visto sua forma de foca.
— Eu poderia ter feito algo, mas vi que você tinha um dos tesouros de sereia. Fiquei desconfiada, não tem sentido uma sereia estar entre os humanos, recebi ordens da anciã do meu povo para averiguar isso, mas já que você demonstra não saber de nada mesmo.
— Entendi... — Sabine fica em silêncio e retoma a conversa de outro ponto. — Você disse que seu povo viaja em bando... Por que você estava sozinha?
— Eu... Eu não me lembro bem. — A selkie coloca a mão em seu rosto e se esforça para relembrar de algo. — Lembro de estar viajando com meu grupo, mas me separei para pegar um pouquinho de sol perto de uma ilha. Estávamos perto do norte, eu conseguia ver uma geleira ao fundo toda a vez que o sol batia nela, mas de repente veio uma onda que parecia ser pequena, mas ela me atingiu com muita força e me levou pra longe. Não consigo me lembrar de nada após isso, apenas que acordei naquela praia nas Ilhas Faroe e vi você.
— Mas eu vi um grupo de focas, elas tinham saído do mar antes de você, achei que era seu grupo.
— Não, aquele era o grupo da anciã, foi logo após de você sair correndo que ela me deu a ordem de verificar o que tinha acontecido... Ei! — disse Eivør pulando da cadeira. — Acho que ela pode te ajudar a descobrir mais sobre o seu passado! Podemos vê-la amanhã!
— Amanhã? — Sabine estava surpresa. — Não sei se você esqueceu mas... Não estamos nas Ilhas Faroe, ela não deve nem estar aqui
— Calma, humana! — Eivør interrompeu a fala da garota. — Ela pode nos achar, ela é muito sábia, só preciso enviar um sinal para ela no mar. E aí, você vai comigo?
— Eu.. Estou com medo, mas realmente quero saber mais. Irei com você amanhã, logo antes de irmos para a aula.
— Combinado!
— Meninas, o jantar está pronto! — disse o pai de Sabine, ele tinha chegado em casa a alguns minutos e feito o jantar, as garotas nem perceberam o tempo que passaram conversando.
— Estamos indo! — gritou Sabine de dentro do quarto.
Eivør e Sabine deixam o quarto e vão jantar, logo depois começam a se arrumar para ir dormir e quando estavam cada uma em sua cama, um novo diálogo é iniciado.
— Vamos seguir o combinado! Irei enviar o sinal de manhã, acho que na hora da saída da escola teremos uma resposta! — a selkie estava determinada em ajudar sua nova amiga.
— Espero que ela possa me ajudar, mas agora estou tão cansada. — disse Sabine bocejando.
— Durma, amanhã vai ser um dia duro. Boa noite, Sabine.
— Boa noite, Eivør.
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Sereias & Selkies
Cerita PendekDepois de alguns anos em que teve amnésia logo após um incidente no mar, Sabine Vorgel resolve investigar o que aconteceu com ela e memórias remotas de sua infância. Porém com a chegada de uma estranha, o destino de Sabine está para virar de ponta c...