Qualquer um me consideraria louca.
Ele matou pessoas. Ele tentou me matar. Mas, então, por que não consigo partir?
Brahms era só uma criança. Ele deveria ter tido ajuda e, agora, desenvolveu essa ideia deturpada do que é o amor.
Ele me protegeu na noite em que nos conhecemos. E quando caminhou em minha direção, cheirando meu cabelo, eu percebi que estava presa à essa maldita casa.
Eu só quero cuidar dele.
(...)
Agora que não precisa se esconder atrás do boneco, Brahms se faz mais presente durante as atividades diárias. Seu “quarto do pânico” foi abandonado, mas – de vez em quando – ele passeia pelas paredes. Principalmente quando quer chegar rápido ao meu alcance.
Ele ainda solta frases com um tom infantil e isso me faz sentir nojo de mim. Porque eu gosto.
Eu sinto vontade de ouvi-lo dessa forma indefesa mais vezes. Quero que ele precise de mim assim como eu preciso dele.
Quero guardar nossa história na memória para sempre e construir um novo começo fora das paredes.
Eu só quero amar ele.
(...)
- Vai ficar sem beijo de boa noite, Brahms.
- Não! Eu vou ser bom. Eu vou. – replicou com aquele olhar desesperado de filhote. A voz de um menino manhoso escondido debaixo da máscara e da barba.
- Então, tire isso para dormir. Não precisa se esconder de mim. – assisti ao homem em minha frente retirar a porcelana do rosto e fitar meus lábios com um semblante envergonhado.
Brahms era bonito. A máscara me deixava extasiada com aquele ar de mistério. Mas o rosto me fazia sentir que ele me daria tudo.
Acariciei os cachos bagunçados e desci a mão para a cicatriz do lado direito do seu rosto. Brahms fechou os olhos e respirou profundamente. Uma respiração pesada como se quisesse captar todo o meu cheiro e manter com ele por toda a noite.
- Beijo!
Meu coração derretia cada vez que ele me pedia um beijo de boa noite. Eu só queria tocá-lo mais e mais.
Me aproximei e selei sua boca. Sem malícia. Sem segundas intenções. Brahms era meu e isso me bastava.
(...)
Acordei e Brahms havia sumido. Ele sempre sumia e sempre aparecia quando eu começava a pensar nele.
Decidi que já era hora de voltar ao quarto secreto e arrumar as coisas por lá.
Brahms havia me mostrado os caminhos que levavam ao cômodo e, sem muita dificuldade, lá estava eu. Analisando cada pedaço do lugar. Tantos anos vivendo naquele isolamento.
Estava parada ao lado da cama quando senti aquela presença tomar conta do ambiente. Ouvi os passos se aproximando e logo pude sentir seu corpo tentar ocupar o espaço do meu. E assim, como naquela noite, Brahms cheirou meu cabelo. Sua respiração ficava pesada a cada fungada e minha pele arrepiava, mais uma vez, cada vez que sentia seu peito inflar.
- O que faz aqui? – sua voz era uma mistura de menino gentil com homem tentando se controlar. O lado que ele atravessasse definiria o que aconteceria ali.
- Eu só ... q-queria arrumar. – minha voz saiu falhada e Brahms intensificou a respiração quando percebeu. Posso jurar que até ouvi um gemido controlado por parte do maior.
- Beijo!
Era isso. A voz de homem. Grossa e marcante saindo por detrás da porcelana delicada.
- Não é hora de dormir, Brahms. – senti sua movimentação e soube que ele havia retirado a máscara.
- Eu quero agora.
O hálito quente batia na minha nuca. Ele segurou meus braços com as mãos, um aperto firme que me fez estremecer. Os sons que saiam da sua boca pareciam rosnados sedentos. Mesmo que ele estivesse tentando se controlar, eu sentia que era como uma bomba.
Ele estava esperando por mim, mas não por muito tempo.
Me virei e encarei o seu olhar. Não era mais um filhote.
Era como um lobo espreitando a presa. Esperando para atacar. Se segurando. Eu sentia o gosto do seu desejo por mim na minha boca.
Fitei seus lábios e mordi os meus. Brahms se aproximou devagar. Sua respiração quente batendo contra minha pele.
-Brahmsy!
Ele me beijou. Um beijo quente e molhado.
Ele gemeu quando eu acariciei sua nuca. Um gemido forte. Como se estivesse esperando por mim todo esse tempo.
Brahms me ergueu pelas pernas e sentou na cama comigo ainda em seu colo e em sua boca.
Eu estava de saia e suas mãos apertavam minhas coxas, bunda e cintura. Eu sentia o volume abaixo de mim e estava quase enlouquecendo naquele quarto.
Brahms rasgou minha calcinha e interrompeu o beijo. Ficou me olhando com uma mistura de prazer e medo. Como se quisesse saber se tudo bem por mim ele continuar.
- O que foi, Brahms?
- Eu quero você. Quero agora.
- Então, me tome, Brahms. – voltamos a nos beijar de forma desesperada.
Levantei um pouco para poder abrir o zíper da calça. Brahms beijava e mordiscava meu pescoço, fazendo sons estranhos que – de vez em quando – parecia ser algo como “minha”.
Fiz um breve carinho nele e me posicionei acima de seu membro.
Os gemidos foram uníssonos com a penetração. Era como se ambos estivessem recebendo o que tanto esperaram, finalmente.
Brahms segurava minha cintura com força, me erguendo e descendo com facilidade sobre seu colo.
Não era rápido. Era forte. Firme. Quente. Bom.
Soltei meu último gemido no ouvido dele e pude sentir Brahms se desfazer dentro de mim, ao mesmo tempo, mordendo meu pescoço. Como se quisesse me marcar como dele.
Tocamos nossas testas. As respirações bagunçadas. Tudo estava uma bagunça. Não acredito que transamos e muito menos que transamos nesse quarto.
Meus devaneios foram cortados por um suspiro choroso vindo do maior.
- Minha ... você é minha! – e lá estava o meu menino dengoso novamente. Pidão e sexy.
- Sim, Brahmsy. Sua. Para amar e cuidar.
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Sua. Para amar e cuidar.
Hayran KurguQualquer um me consideraria louca. Ele matou pessoas. Ele tentou me matar. Mas, então, por que não consigo partir?