Capítulo 01

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Aaron observava Emily através do vidro da sala de interrogatório.

— Eu sei que você as matou, agora diga onde elas estão. Onde as enterrou? — disse ela com uma frieza que faria qualquer outro ser humano estremecer, mas o homem a sua frente nem se quer piscou.

Ronald Miller, o homem que Emily estava entrevistando a quase uma hora, é responsável pela morte de mais de dez mulheres, todos sabem que foi ele, mas tudo que eles têm são circunstancial. O perfil levou até ele, as provas forenses, as testemunhas oculares, tudo. Mas eles não tinham o suficiente para uma condenação. Eles precisavam de algo grande, era o que Emily estava tentando conseguir. Algo como os corpos das vítimas, por exemplo, ou uma confissão não forçada.

— Sabe Agente Prentiss, o medo tem um cheiro, sabia disso? — disse ele, não respondendo sua pergunta anterior.

— Não, não sabia — respondeu Emily, querendo saber se chegaria a uma confissão se seguisse por esse caminho. Mesmo sabendo que a possibilidade era minúscula.

O homem, por outro lado, esticou os lábios em um sorriso diabólico.

— É um cheiro agradável, doce, não se compara a nenhum outro. Todos os hormônios sendo liberado, tantas reações acontecendo no corpo... — a expressão dele era como se estivessem provando uma comida deliciosa — Tudo isso deixa um cheiro, você sabe.

— Não, não sei. Onde você quer chegar, Ronald?

Ele sorriu mais uma vez.

— Porque você está exalando um cheiro.

O som que Emily faz é mais uma zombaria do que uma risada divertida. Ela ouviu caso de pessoas com um olfato bem aguçado, capazes que distinguir e catalogar vários cheiro, mais isso não parecia o caso de Ronald.

— Você está dizendo que eu estou com medo?

— Não, não. Com certeza não é isso que está acontecendo com você. É algo bom e posso dizer que é até lindo. E isso proporciona o melhor cheiro de todos, melhor até que o medo e desespero que exalava daquelas mulheres.

Um arrepio correu pela sua espinha ao mesmo tempo que seu coração acelerava, uma sensação que ela não sabia explicar de onde vinha. Pânico. Sufocamento. Era como se estivesse embaixo d'água sem oxigênio. No entanto, com anos de treinamento no currículo e a sua capacidade de compartimentar, ela conseguiu manter os estoicismo, não podia dar a ele o privilégio de ver que a afetou.

— E o que pode ser melhor do que isso, Ronald?

— Você está gravida — ele afirmou.

Uma onda fria circulou pela corrente sanguínea da Agente, fazendo-a congelar.

Hotch que observava Emily junto com Dave, só pensava que que tinha que tirar sua subordinada de lá.

Emily arrumou a postura e tentou manter sua voz fria.

— Você está errado.

— Oh, você sabe que não. Vai dizer não está sentindo toda a transformação que seu corpo está sofrendo. Eu posso sentir o cheiro, Agente Prentiss, isso é uma coisa sagrada, uma dádiva, eu nunca confundiria esse cheiro.

Ela sentiu a bile subir pela garganta, isso fez com que ela saísse da sala de interrogatório e depositar o conteúdo do estômago na primeira lata de lixo que encontrou. Ela ergueu a cabeça para encontrar o olhar do seu chefe e quando ele encontrou com o dela, viu pânico ali.

Ele não sabia o que aquele olhar queria dizer, ele só sabia que ela precisava sair dali.

— Vem, — disse Hotch oferecendo uma mão para a figura dela curvada sobre a lata de lixo — vamos procurar um refrigerante de gengibre para você. — Ele olhou para Dave — Pode assumir? — O mais velho concorda.

Só é preciso uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora