Capítulo 5

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Sábado, 9h da manhã.

Acordei mas parecia ainda estar dormindo. O sonho ainda estava na minha cabeça, na mente, no coração.Sonhei com aquele sorriso, com aquelas mãos cuidando do meu machucado, da forma linda que ele fitava o violão enquanto tocava, o som que saía do violão quando ele o tocava, o jeito descontraído de viver a vida, a risada gostosa, os olhos inesquecíveis. Um sonho onde ele tocava pra mim, rindo, rindo muito e a cada sorriso meu coração congelava e descongelava, congelava e descongelava e de novo e de novo.

De repente começo a sentir algo tremer, percebo que é meu celular e os pensamentos se vão.

"Alô?" Atendi.

Silêncio e mais silêncio.

"Alguém aí?" Perguntei.

"Lorena, sou eu, Levi." Disse ele.

Meu coração parou. Como ele tem meu número? Será que dei e nem lembro? Será que ele está bem?

"Caso esteja se perguntando como tenho seu número, eu tive que ligar para secretária da escola. Eu disse que era urgente. Ela é distraída, então não se importou em dar. Desculpe, mas precisava falar com você." Explicou ele. 

"Ah, relaxa." Corei. "Então, está tudo bem? O que houve?" Perguntei.

"Na verdade não estou nada bem. Ontem não fui pra escola porque sofri um acidente saindo da escola de música. Fui atropelado, mas já estou melhor." Disse ele. E continuou: "Me mudei pra sua cidade faz pouco tempo. Eu morava com meus tios desde que meus pais se foram, mas eles se foram agora também e precisava recomeçar, então vim pra cá. E você é a minha única amiga aqui. Pensei que pudesse pedir a sua ajuda." Terminou ele. Por isso eu não o vi na escola. Por isso!

"Ai meu Deus, Levi. Onde você está? To indo aí. Me dá o endereço. Precisa de alguma coisa? Vou levar algumas coisas daqui de casa. Já chego." Disse eu.

"Lorena, calma. Eu estou melhor mas estou internado. Só queria que viesse aqui, estou me sentindo muito sozinho." Disse ele envergonhado.

"Me passa o endereço que já já estou aí." Eu disse.

Ele passou o endereço e tive que pegar dois ônibus pra chegar lá, mas, cheguei. E aqui estou eu, olhando pra enfermeira, implorando pra poder ver o Levi, já que não sou da família.

"Eu entendo que precisa vê-lo, mas não está no horário de visita e se não é da família não pode entrar. Desculpe." Disse a moça.

"Ele me ligou, pedindo pra eu vir. Ele precisa de mim. Eu preciso entrar, moça. Por favor." Eu implorei.

"Mocinha, vou tentar falar com a minha chefe. Se ela autorizar, você entra. Mas se não, terá que sair do hospital." Explicou a enfermeira, que chamava Bianca, eu vi o crachá agora que estava mais calma.

"Fechado!" Eu disse.

Ela demorou uns quinze minutos. E finalmente chegou. Ela perguntou meu nome e respondi.

"Então, Lorena, a minha chefe disse que você pode ir, mas..." "Uhuuuuuu! Obrigada!" Eu gritei e pedi desculpa quando me lembrei onde estava.

"Mas, somente meia hora. Por favor. É um voto de confiança." Terminou ela.

"Vou honrá-lo então.Obrigada!!!!" Eu disse sorrindo.

"Agora vai." Disse ela.

"Qual o quarto mesmo?" Perguntei.

"435. Boa visita, Lorena." Ela disse sorrindo e depois saiu.

Eu comecei a andar por aqueles corredores enormes que mais pareciam um labirinto. Achei o quarto 100, o 345 e esbarrei num carrinho de comida que a enfermeira levava. Eu estava tão distraída que nem percebi o carrinho.

"Ai, desculpe moça." Eu disse.

"Toma mais cuidado da próxima vez." Ela disse bem rudemente.

"Pode deixar. " Disse, sorri e saí.

E quando finalmente achei o quarto 435, bati, bati e bati, mas ninguém respondeu nada. Resolvi entrar mesmo assim.

Levi&LorenaOnde histórias criam vida. Descubra agora