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07

Haarlem 2021

— Oi. — Ele estava novamente na varanda dela. Dessa vez em um cenário totalmente diferente.

Ele estava molhado da chuva que caía e que caiu nele no caminho curto do carro até a área coberta. Ela abriu a porta após algumas batidas e ela não parecia bem. Max pegou o sentimento dela e olhou confuso. Ela tinha a cara inchada, marcas de lágrima no rosto e um pouco de sorvete na bochecha.

— Oi. — Ela sussurrou quase sem forças para falar com ele nesse momento.

— Você tá bem? — Ele perguntou tentando fazer com que ela olhasse para ele, mas sem sucesso.

— Não. Você não pode vir me consolar por algo que você fez. — Ela foi direta, ainda olhando para o chão.

Ela sabia. E ele sabia que ela sabia. Esse era o motivo pelo qual ela não olhava em seus olhos, estava olhando apenas para o chão ou para a camisa cinza que o piloto usava nesse dia. Alguém tinha contado a ela antes que ele contasse. Lily sabia que ele iria fazer a mesma coisa que a 4 anos atrás. Max Verstappen estava ali para quebrar seu coração mais uma vez.

— Lily, eu... — Ele ia dizer algo, mas ela fez sinal com a mão para que ele parasse.

Ouvir ele falar seu nome daquele jeito, como se importasse, era uma das piores coisas do mundo. Dava esperança para a holandesa. Ela pensava que ele tinha o mínimo de sentimento por ela, que ele tinha respeito por sua ex-namorada, sua primeira namorada, seu primeiro amor.

— Você segurou minha mão, me apoiou, você... — Ela buscou forças para continuar a fala sem que precisasse desabar. — Você me abraçou e beijou meu ombro! Como você fazia e você sabe que fazia. — Ela falou diminuindo a voz.

Ele sentiu o peso daquilo. Foi como se esses últimos dias tivessem vindo na cabeça dele e juntado as peças. Ele estava agindo como se ainda fosse apenas Max Verstappen, não o piloto de Fórmula 1 da Red Bull. Ele estava agindo como se fosse ficar aqui, como se aqui fosse seu lar. De repente ele viu como ela tinha visto tudo aquilo.

— Eu... Me desculpa. — Ele suspirou. — Eu deveria ter vindo contar antes. Eu te amo, muito. — Dessa vez ele não deixou ela o interromper. — Você é o amor da minha vida, mas nós não podemos fazer isso, não podemos ficar juntos. Isso seria um desastre, um de nós iria ficar infeliz e eu não acho que nenhum de nós quer isso. O que é uma pena, porque poderíamos ser algo incrível, talvez o melhor casal do mundo. — Ele sentiu lágrimas vindo e precisou parar um momento. — Eu não deveria ter voltado, nem por mídia nem por nada. Mas eu também não deveria ter te deixado aqui sem mais nem menos e agora eu estou sozinho nessa, como você disse. Eu tenho Daniel e Alex, que são ótimos amigos, mas isso é estar sozinho. Estar com você é a única forma de eu não estar sozinho. Eu sinto muito pela bagunça que eu criei. — Ele se virou e começou a andar.

Não era um amor de adolescência, um amor passageiro. Max era alguém para se lutar, Max era o amor da sua vida e era o único momento que ela tinha para dizer isso. Ela passou a adolescência e infância inteira apoiando ele, ela mostrou que o amava. Talvez esteja na hora dele mostrar que a ama.

— Eu também te amo, você é o amor da minha vida. — Ela saiu andando e parou de frente para ele, na chuva. — E nós podemos ser algo incrível, podemos ser o melhor casal do mundo, sem nenhum de nós ficar infeliz. Eu já provei todo o amor que eu tinha que provar, mas é difícil de acreditar que você me ame tanto depois de tudo o que você fez. — Ele ainda estava de costas, mas com o rosto de lado para que pudesse demonstrar que estava prestando atenção. — Você me ama tanto assim? Eu sou o amor da sua vida? Ok, então. Prove! Você pode ter a Fórmula 1, você pode ter a Red Bull, todos os seus troféus e tudo o que quiser. Mas volte para mim, volte pra o seu lar. Você pode morar comigo, Max. Eu vou estar te esperando na Astony até a hora do almoço. Se você aparecer, podemos morar juntos e nos amar e sermos felizes. Se você não aparecer, terei minha resposta. — Ela falou e foi andando lentamente de volta para casa, enquanto ele ficou ali parado.

Aquilo valia a pena? Atirar Mônaco para o alto, deixar o que tinha chamado de casa até agora? Irritar seu pai, Christian Horner e Io por mexer em toda sua reputação e mídia. Aquilo envolvia tanta coisa e ele não conseguia pensar em mais nada. A lista de coisas que envolvia crescia a cada segundo da noite em que ficou acordado pensando. Ela era o amor da vida dele, não era? Então o que estava levando tanto tempo? Qual era o problema em decidir? Foi o que ele pensou na noite em claro que passou virando de um lado para o outro na cama.

Mas, no início do dia, ele estava num avião. Num avião para Mônaco.