III

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  Seu nome era Anna, filha de uma das amigas da minha mãe. 
  - Filha, essa é a Anna, poderia leva-la para seu quarto? 
  - Esta bom mamãe, vamos Anna? 
  - É, pode ser. 
  Subimos a escada e quando chegamos a meu quarto ela pegou meu livro e disse: 
  - Eu amo este livro! Já terminou de ler? 
  - Umas trezentas vezes - eu gostei daquela menina. 
  - Quando éramos menores costumávamos brincar juntas... 
  - Não me lembro de muita coisa da minha infância, tem 13 anos? 
  - Sim, quem era aquele menino na porta? 
  - Ah, aquele era o Caleb, meu namorado. 
  - Eu o conheço, ele já estudou comigo. 
  - Ah que legal. 
  Ficou um silêncio chato, exemplo, quando duas pessoas que se gostam estão numa sala. 
  - Gostaria de fazer algo? Podemos ir jogar vídeo game na casa de um amigo meu. 
  - Adoraria. 
  Liguei para o Marcus e ele disse que podíamos ir, então descemos a escada e fui ver se minha mãe e a mãe da Anna deixariam. 
  - Mãe, vou levar a Anna pra jogar vídeo game no Marcus, o.k.? 
  - Se a mãe dela concordar! 
  - Ah, pode ir Anna - disse a amiga da minha mãe que eu não sabia o nome. 
  Saímos e fomos para a casa do Marcus, mas no meio do caminho o Caleb aparece. 
  - Oi - ele me beijou - Oi, Anna? 
  - Oi Caleb.
  - Oi Caleb, quanto tempo! 
  Vi que algo tinha acontecido entre eles, não posso esquecer-me de perguntar o que pro Caleb...
  - Tchau Eff, tenho que ir pro meu pai. 
  - Tchau! 
  Ele foi andando e eu quase tinha me esquecido da Anna até ela falar algo muito bizarro: 
  - Ele é meu meio- irmão. 
  - Como assim? - fiquei meio pasma. 
  - Meu pai traiu minha mãe com a mãe dele, simples! 
  - Totalmente simples - fui sarcástica - chegamos - entrei sem ser convidada, pois sabia que o pai do Marcus não estaria - Marcus, cadê tu? 
  - Estou aqui na sala! 
  Fomos até a sala e ele estava jogando futebol no vídeo game. 
  - Esta é Anna. Porra tira esse jogo, odeio futebol. 
  - Oi Anna. Obrigue-me menina! 
  - Oi, Marcus? - Anna disse meio confusa. 
  Ele pôs o jogo de luta e começamos a jogar, passaram-se duas horas e daí minha mãe me liga dizendo que é hora de ir embora, a gente se despede do Marcus e vamos para casa, chegando à minha casa a mãe da Anna diz: 
  - Filha, chegou o resultado dos seus exames - ela começa a chorar.
  - O que foi mãe? – Anna pergunta começando a chorar.
  - Você está com câncer Anna – Nádia fala isso tentando controlar o choro. 
  - Calma Nádia - minha mãe a abraçou. 
  Anna estava aos prantos, eu a abracei e lhe segredei: 
  - Fique calma, eu vou fazer dos seus dias numerados os melhores, eu prometo! 
  - Obrigada. 
  - Aliás, onde é o câncer? - perguntei abraçando Anna aos prantos. 
  - É no pulmão, eu uso uns negócios para me ajudar a respirar, mas agora vou ter que usar um cateter. – ela disse se engasgando um pouco com as palavras. 
  - Ah, entendo. Então você pode se manter viva por bastante tempo! - falei tentando alegra-la.

  Passaram dois dias desde a visita da Anna, decidi ligar para ela... 
  - Oi Anna, quer vim aqui em casa? 
  - Pode ser, que horas? 
  - Agora, o.k.? 
  - O.K. 
  Vinte minutos se passaram e ela chegou, eu segurei seu braço e corremos para cima. 
  - Faça uma lista das coisas que gostaria de fazer antes de morrer! - entreguei a ela uma folha e uma caneta preta. 
  - Vamos lá então. - ela começou a escrever, demoraram uns 5 minutos, havia três itens: “(1) beijar um menino. (2) ter uma encenação de enterro. (3) viajar para Japão.” 
  - O.K. Vamos à lanchonete. 
  Fomos à lanchonete e ela comeu um sanduiche, e eu comi batata-frita. 
  - Podemos mudar o item três por apenas um elogio fúnebre seu? - ela disse quando acabou de comer:
  - Claro, amanhã seu elogio estará pronto. Será que você pode dormir aqui em casa? 
  - Ah não sei, mas saiba que eu tenho que dormir com um negócio que faz um barulho escroto, se você não se incomodar eu durmo! 
  - Nem vou dormir então não se preocupe - peguei meu celular e liguei para Nádia - oi tia, a Anna pode dormir lá em casa? 
  - Você sabe que ela dorme com uma máquina que faz um barulho?
  - Sim, já sei, e não me incomodo. 
  - Acho melhor não, pois pode incomodar seus pais, mas você podia vir dormir aqui, o que acha? 
  - Ah, pode ser, vou falar com minha mãe, tchau! 
  - Tchau - ela desligou. 
  Chegamos à minha casa e eu abracei minha mãe. 
  - Vou dormir na Anna, o.k.? 
  - O.K., oi Anna, como está? 
  - Ah, estou bem, obrigada por perguntar.
  Subimos ao meu quarto para eu poder pegar minha roupa, quando o Marcus me manda uma mensagem. 
"Sabe amor à primeira vista? Então é isso o que senti pela Anna."

Uma Figurante QualquerOnde histórias criam vida. Descubra agora