VIII

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Depois do que vi, fiquei arrasada, mesmo que não tenha sido ele quem tenha beijado aquela menina, me machucou e a Yasmin, ela primeiro disse que ele era idiota para depois me dizer que a menina que o havia beijado, suspeito isso, mas bora lá, Effy, levanta a cabeça, já passou um dia e você ficou deitada na cama sem fazer nada. Levantei, fui tomar banho, olhei no relógio, eram 21h, ainda dava tempo, me arrumei bem simples, calça jeans rasgada, blusa dos Beatles e um all-star vermelho, peguei um casaquinho preto e amarrei na cintura, fiz um rabo de cavalo e peguei meu dinheiro, avisei a mamãe que estava saindo e fui ao shopping mais perto e peguei a última sessão que tinha no cinema, era um filme com a capa legal, o nome "Cidades de Papel" já me era conhecido, mas não me lembrava de onde, então me sentei no lugar, o início do filme já me prendeu, me dominou, fiquei sem piscar até que o filme acabou, comecei a me perguntar como um filme poderia ser tão bom... então me levantei depois dos créditos finais e me lembrei de onde conhecia o nome, era um livro de um escritor famoso. Quando eu ia saindo da sala do cinema, a menina de cabelos vermelhos estava lá, parada olhando pra mim, eu a olhei melhor, eu a conhecia de algum lugar, aqueles olhos, aqueles olhos grandes e verdes eram conhecidos, eu me aproximei e olhei melhor aqueles olhos, me perdi neles...
- Olá, eu queria pedir desculpas pelo que fiz ontem, minha irmã quem mandou eu beijar aquele rapaz, ela implorou na verdade - a menina falou meio sem graça - eu sei que não devia ter feito tal coisa, mas minha irmã sabe convencer, por favor, me desculpa...?
- Quem é sua irmã? - falei com um pouco de raiva mas ainda vidrada naqueles olhos.
- Samantha, o nome dela - ela me olhou nos olhos e eu tremi - e o meu é Cassandra.
- Só podia ter sido ela - abaixei o olhar, encarar é feio.
- E seu nome?
- Effy...
- Que nome legal, Ef. - ela disse com uma voz quase inaudível - mas então, me desculpa?
- Tudo bem, eu desculpo - eu sorri para ela - no fim das contas o Caleb não é exatamente a pessoa que realmente quero. -admitir aquilo em voz alta foi bom.
- O beijo dele é horrível - ela riu - e sem querer ser estranha, vamos comer algo? É que tenho que ficar aqui até mais tarde e tô sem companhia, mas se não quiser, tudo bem, você nem me conhece - ela disse sem graça.
- Vamos! - eu estava achando muito estranho tudo aquilo, mas aquela menina mexia comigo, não consegui recusar.
Ela saiu andando e eu a segui, a postura dela era certinha e o vestidinho preto que ela estava usando era lindo e combinava perfeitamente com aquela sapatilha azul, comecei a andar ao lado dela.
- Não está com frio com este vestido?
- Com um pouquinho, sim, mas consigo suportar.
- Ah, toma meu casaco, eu não tô com frio e ele combina com sua roupa. - tirei o casaco da cintura e coloquei nos ombros dela.
- Muito obrigada! - ela disse olhando pra mim e brincando com as mangas do casaco que estavam livres e logo depois de alguns segundos ela vestiu direito. - Bom, Ef, você disse que o Caleb não é exatamente a pessoa que você quer e tal, e sem querer ficar dando opinião demais, por que não termina com ele? - ela disse meio tímida.
- Eu não sei, digo, eu gosto dele, ou gostava, sei lá, mas agora tudo mudou, sabe? - como essa menina conseguia me fazer admitir essas coisas?
- Sei sim... - ela olhou pra mim por uns segundos - Vamos onde?
- Tem um restaurante muito bom ali - apontei pro meu restaurante favorito - a batata-frita de lá é uma delícia!
- Vou confiar em você.
Fomos andando até lá, Cassandra disse que ia guardar uma mesa e que eu poderia pedir qualquer coisa pra ela, pedi uma porção de batata-frita e dois sanduíches e peguei duas coca-cola, paguei com o dinheiro que ela tinha me dado, não era o suficiente então peguei meu dinheiro também, esperei na fila, peguei o pedido e fui até a mesa que ela estava, me sentei.
- Então Cassandra, me fale mais de você. - falei pegando um dos sanduíches.
- Ah, tenho 16 anos, sou de Leão e adoro livros - ela disse pegando batata-frita e levando até a boca - me chame de Cassie.
- Okay Cassie - eu disse pensando que aquilo era estranho demais.
- Fale-me sobre você agora.
- Ah, não tenho muita coisa a dizer.
- Um mistério? Gosto de mistérios - ela sorriu e piscou para mim.
O resto da noite foi tranquilo, ficamos conversando e comendo e então o shopping fechou, ficamos numa praça que tinha lá perto conversando até que minha mãe me ligou preocupada, pedi pra ela me buscar e a Cassie disse que esperaria comigo, conversamos por mais tempo, mamãe demorou vinte minutos pra chegar, quando ela chegou, me ligou e disse para mim ir pra frente do shopping, eu fui me despedir da Cassie, ela se levantou e me deu um abraço e quando eu ia lhe dar um beijinho na bochecha, ela virou o rosto, virou e meus labios tocaram os delas, eu me afastei num impulso e ela começou a se desculpar, mas eu queria de novo, a puxei pela cintura, não me importava se eu estava traindo ou não, aquela menina me atraía, a beijei, um beijo lento e intenso.

Quando acordei, só conseguia pensar naquela noite, naquele beijo e eu precisava fazer uma coisa, peguei meu celular e mandei uma mensagem ao Caleb e outra para a Cassie.
"Caleb, vamos no parque hoje, 14h?"

"Olá Cassie."

Depois de um minuto eu já tinha resposta dos dois.
"Claro, Effy."

"Olá, princesa!"

Levantei e me arrumei, peguei meu celular novamente e comecei a conversar com a Cassie até 14h, falei a ela que iria sair e que o celular estava descarregando, o que era verdade, deixei o celular em casa e fui andando até o parque, chegando lá vi o Caleb, eu não estava certa se devia fazer o que fui fazer, não queria o machucar, mas eu não podia ficar com ele.
- Oi - o abracei.
- Olá!
- Caleb, te chamei aqui pois precisamos conversar. - falei séria.
- Se for sobre o que aconteceu aquele dia, mil desculpas de novo, princesa.
- Vamos ali - o puxei até uns banquinhos - bom, eu pensei bastante e não tem forma de dizer isso que não seja terrível, então vou falar logo, sem enrolar - olhei para ele - eu quero terminar...
- Effy... - os olhos dele se encheram de água - se é o que quer... - ele se levantou.
- Desculpa, mas, tchau... - e eu o vi indo embora, foi mais fácil do que eu tinha imaginado, mas meu coração doeu.

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